Capítulo 11

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  Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.  

Apocalipse 3:11

Sophie Narrando:

A escuridão tomava conta do lugar sendo encoberta apenas por um pequeno fio de luz, que passava sucintamente por uma finca da porta. Estava com frio, a essas alturas meus lábios tremiam e presumo que já ganhavam um tom arroxeado.
Demorei a perceber o que estava acontecendo, eu havia sido sequestrada e nem sequer sabia por quem, se levado em conta que os dois seres que vejo estão mascarados.

— Sim, sim. A garota está aqui. — diz um dos homens. — Está tudo sob controle, tudo do que jeito que você pediu. Sem água e sem comida. — dizia me lançando um olhar zombeteiro. — Okay, quando você quiser o ato será feito. — diz saindo do lugar.

Como assim? Que ato será feito? Meu coração começa a pulsar aceleradamente, estava com medo... Tento gritar mas meu clamor é abafado por conta da mordaça em meus lábios, uma corda resistente prende meus braços firmemente. Seria esse o meu fim?
Do lado de fora ainda podia ouvir os murmúrios do tal homem no celular, talvez o mesmo só tenha saído para que eu não o ouvisse, um ato mal sucedido.

— [...] Não, não. Claro que irei fazer meu trabalho direito... Você sabe bem disso, Robert. — Que? Robert? Eu devia imaginar que aquele mau caráter tinha um dedo ligado a isso, e agora sabendo disso tudo ficou pior... Estava com fome e sede, era realmente uma tortura ficar aqui assim... Meu rosto dói, lembro-me que lutei o quanto pude para não ser levada, o que de nada adiantou.

— É uma pena que uma princesinha tão linda como você não vá durar muito. — diz o outro homem que ainda permanecia ali, o mesmo mantinha um sorriso sádico nos lábios me fazendo sentir um misto de raiva e medo ao mesmo tempo. Tento gritar mas novamente não consigo, relutante tento me desprender das amarras mas tudo que consigo é me machucar mais. — Oh, princesa. Não vai conseguir sair daí não. Que pena, não é? — diz zombeteiro, e como um piscar de olhos some pela porta me deixando novamente sozinha.

Aproveito a solidão para tentar arquitetar um plano, mapeio o lugar com os olhos e me decepciono. Somente por um milagre eu sairia dali, o lugar era totalmente fechado e não se ouvia nenhum barulho do lado de fora, certamente estávamos longe de Cork... O que me entristece ainda mais, será que minha mãe estava sofrendo? E como o cretino do Robert estava se portando? Certamente se fazia de vítima, como sempre fez. É o segundo dia que estou aqui e já sinto tanta falta de casa, um frio percorre a minha espinha só de pensar que talvez nunca irei voltar.

Sou despedida de tais pensamentos ao ouvir estrondos do lado de fora, o barulho parecia se intensificar como se estivesse chegando mais perto... Eram gemidos de dor, alguém estava vindo aí.

Minhas mãos estavam trêmulas, e tudo só agravou quando uma figura masculina cruza a porta abrindo-a bruscamente, o mesmo tinha o semblante enraivecido e carregava uma faca em suas mãos.

Sim, esse seria meu fim.

O som de passos era o único barulho no lugar, fecho os olhos e crispo meus lábios denunciando meu medo... Não queria ver o momento da minha própria morte, sinto uma respiração vagarosa e profunda se aproximar, penso que o pior vai acontecer quando o ser que estava a minha frente apenas corta as cordas em meus pulsos.

— Corra! — diz, o mesmo devia ter a mesma idade que eu, seus olhos fixos reluziam confiança, e a pergunta que permanece em minha mente é: Por que um estranho me ajudou?

— Mas... — digo quase como um sussurro.

— Corra! — diz novamente, agora num tom firme como se estivesse me dando uma ordem.

Meu SalvadorOnde histórias criam vida. Descubra agora