Capítulo 17

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 E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.  

Gálatas 6:9

" O dia havia sido tomado pelo céu ensolarado, o cheiro de maresia emanava por todo o local. O sol já havia se posto dando lugar a escuridão da noite, a praia estava vazia, o que de certa forma me alegrou pois poderia contemplar todo o esplendor da paisagem apenas em companhia de meus pais.

— Mamãe, papai! Olha que linda aquela estrela. – digo me encostando na areia, e apontando para a mesma.

— É linda, filha. – diz mamãe admirada, talvez suas palavras fossem apenas para que eu me alegrasse.

— Sabe o que é mais lindo, querida? – inicia papai e eu apenas balanço a cabeça negativamente. — O mais lindo é essa percepção que você tem de sempre encontrar a beleza em tudo e de sempre achar o melhor em cada um. – diz sorrindo, e bagunçando levemente meus fios de cabelo.

— Você acha, papai? – digo alegre.

— Sim, claro que sim. – responde me fitando. Permanecemos em silêncio por uns segundos, até que um som começa a ecoar pelos ares, era o celular de mamãe.

— Já volto. – diz levantando-se, com um pouco de dificuldade já que a mesma estava grávida.

— Não vejo a hora de ver meu irmãozinho, papai. – digo exuberante.

— Eu também, querida. – diz com um sorriso doce no rosto. E é então que mamãe volta, seu semblante era indecifrável, era como se estivesse assustada com algo.

— Mamãe, está tudo bem? – indago confusa.

— Sim, querida. Está tudo bem, não se preocupe. – diz forçando um meio sorriso, apenas assinto. A verdade é que, de certa forma, eu sabia que algo estava errado. "

    Não sei por que, mas de alguma forma algo me fez lembrar desse dia. Parando para analisar melhor lembro-me que foi a partir daí que minha mãe começou a agir de forma estranha. Sempre que perguntávamos a respeito do tal telefonema a mesma tentava contornar a situação, sempre mudando de assunto, e até hoje nunca descobri quem era o tal remetente.

— Sté, minha cabeça está doendo. – sou despedida de tais pensamentos ao ouvir a voz aguda de Mattew.

— Está doendo muito, pequeno? – digo pousando a mão sobre o local.

— Sim, pega o remédio para mim? – diz manhoso.

— Espere um pouco, já volto. – cruzo rapidamente a sala em direção a cozinha e vou em busca do remédio, que estava dentro de uma das gavetas do armário. – Aqui está. – lhe dou o liquido transparente e o mesmo faz uma cara de reprovação.

— Eca! – diz secando os lábios com as costas da mão.

— Ué, você não quer ficar melhor? – indago arqueando uma das sobrancelhas.

— Sim, mas achei que era o remédio bom. – diz cruzando os braços, de forma que acabo por soltar uma gargalhada.

— Okay, okay. Vamos logo, homenzinho. – digo apressando-o, o mesmo pega sua pequena mochila.

— Mas, Sté! Eu não sou um homenzinho, já sou um homem grande. – diz e eu rio novamente.

— Okay, Mattew. Já entendi, agora vamos. – digo sorrindo, e o mesmo retribui com um olhar satisfeito. Abro a porta e seguimos nossa caminhada rotineira.

[...]

    Chego na universidade no horário costumeiro, não vejo Luc desde o dia da tal descoberta, decidi não incomoda-lo pois sei que quando estiver recuperado o mesmo virá ao meu encontro.
    Subo pela escadaria de sempre e lá estava Andrew, como se soubesse da minha presença o mesmo abre os olhos e me fita, em meio a um suspiro.
— Estava demorando. – diz com a postura séria.
— Ué, estava me esperando, Drew? – indago soltando uma gargalhada.
— Na verdade, ultimamente acho que seu lazer é me encher, então imaginei que viria. – diz revirando os olhos.
— Imagina, eu gosto de conversar com você, Drew. – digo, agora me sentando ao seu lado.
— Por que você é assim, Ester? – indaga, com um semblante mais tranquilo.
— Assim como? – indago.
— Assim... – diz jogando as mãos para a frente. — Eu te trato tão mal, e você continua com um sorriso no rosto. Sou tão grosso e mesmo assim você quis se aproximar de mim, eu não entendo. - diz, agora com as mãos sobre a cabeça.
— Eu aprendi a ser assim, Drew. Deus me transformou, eu não era uma pessoa paciente. Quando minha mãe foi embora eu me tornei uma pessoa horrível – inicio, o mesmo me fitava atentamente. —, me tornei fria e descontava em quem não tinha culpa alguma. Mas isso não era certo, ninguém tinha culpa da dor que eu estava sentindo, e sou grata a Deus por abrir meus olhos para enxergar dessa forma. – termino e o mesmo abaixa a cabeça num suspiro.
— Eu não sou uma boa pessoa, Ester. – diz.

— Eu sei que você é bom, Drew

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— Eu sei que você é bom, Drew. Deixe-me te ajudar. – digo levando minha mão até seu ombro.
— Você não sabe, Ester. – diz balançando a cabeça negativamente.
— Fala para mim, Drew. Me diz o que você sente, por favor. – digo com um olhar tristonho.
— Eu não consigo... não agora. – diz levantando a cabeça para me olhar.
— Tudo bem, mas se não consegue desabafar comigo, não agora, fale com Deus, Ele vai te ouvir e te compreender Drew. – digo me aproximando, de forma que o mesmo solte um suspiro.
— É que... já faz tanto tempo que não falo com Ele. – diz balbuciando.
— Não importa, Drew. Pode ter certeza que Ele vai te entender, mesmo que você não saiba quais palavras usar. – digo e lhe dou um abraço, de início o mesmo se mantém estático mas logo tranquiliza o corpo, retribuindo.
— Obrigado, Ester. – diz quase como um sussurro. — Ninguém nunca se importou tanto assim comigo. – continua, e é então que o soar do sino nos interrompe. Enxugo uma lágrima intrusa que insistira a cair e então me despeço.
— Até mais, Drew. – digo sorrindo.
— Até mais, Ester. – diz retribuindo meu sorriso, é a primeira vez que o mesmo me responde nessa ocasião, então mais uma vez me vejo sorrindo.

[...]


   A tarde estava indo embora, quase dando lugar ao escuro da noite. Mattew brincava em seu quarto enquanto eu adiantava algumas pendências. O silêncio reinava no local, o que era maravilhoso naquele momento já que o cansaço me consumia. Ouço meu celular tocar e atendo ao ver que era Nathan.
— Oi, Nath. – digo.
— Ester, você precisa saber de algo. – diz ofegante, nunca havia o visto de tal maneira.
— O que houve, Nath? – indago apreensiva.
— Não posso falar por telefone, me encontre no... – inicia.
— Te encontrar aonde, Nath? – indago mas o mesmo não responde, e é então que a ligação cai.

N/A:

Heeeeey lindaaas, tudo bem?

O que será que aconteceu com o Nathan ein? 

Votem e comenteeem <3 vocês não sabe o quanto isso é importante para mim.

Até o próximo capítulo!!

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