— O Mattew tem um tumor no cérebro, Ester. — profere com dificuldade. No momento não consegui fazer nada além de desabar ali mesmo, em meu leito.
— O que? Sophie, me diga que isso não é verdade... por favor, diga que é só uma brincadeira. — exclamo, as palavras saiam com dificuldade, estava em estado de choque e insistia em acreditar que aquilo não passava de um sonho, mas infelizmente era a mais dura e torturante verdade.
— Ester, não brincaria com algo tão sério assim... eu, eu estou arrasada. — diz, em meio aos soluços.
— Não, não, não, não. Não pode ser, Sophie. — grito, as lágrimas desciam desesperadamente. — O Mattew tem apenas 5 anos, isso não é possível. Não pode ser. — digo, caindo por completo pelo colchão molhado, em tão poucos segundos as lágrimas preenchiam todo o tecido.
— Ester... — tenta dizer.
— Meu pequeno Mattew, meu amor... — digo, soluçando.
— Eu não sei o que fazer, Ester. — profere.
— Você... você não contou para ele, não é? — digo, balbuciando.
— Não, céus! Como eu posso dizer isso a ele? Eu não consigo, eu não posso! — exclama.
— Meu Deus, o que eu vou fazer, Sophie? O Matt é tudo o que tenho. — grito desesperadamente. — Mas como isso, Sophi? Ele é tão pequeno... — soluço.
— O médico disse que é algo raro esse tumor se desenvolver numa criança tão pequena, mas não é impossível. Mattew faz parte desses casos raros. — profere, suspirando.
— Eu não, não consigo acreditar, Sophie. — afirmo. — Matt precisa de mim, preciso voltar imediatamente. — digo, tentando conter as lágrimas que insistiam em cair.
— Ester, eu entendo que nesse momento você esteja desesperada, eu também estou, mas... você precisa terminar aquilo que começou em Montreal, se voltar agora tudo vai por água abaixo. Olhe, Matt ainda não está ciente da situação, eu posso continuar a cuidar dele, prometo que darei o meu melhor. — diz, quando finalmente se contem.
— Mas... não sei se vou conseguir me concentrar em algo, Sophi. Não sei se posso... — afirmo.
— Ao menos tente, Ester. Céus, nunca vi alguém tão forte como você. Olhe, pense bem no que irá fazer, lembre-se que só falta uma semana até que você volte, não é tanto tempo assim. — aconselha.
— Tudo bem, eu acho... acho que consigo. — digo, balbuciando. — Sophie, Matt está aí? Preciso tanto ouvir a voz dele. — afirmo, deixando que as lágrimas rolem.
— Espere um pouco, já vou chama-lo. — diz.
— Tudo bem. — digo, quase como um sussurro.
— Oi, Sté. — a voz doce de Matt anuncia do outro lado da linha, fazendo-me por um momento esquecer de toda a situação.
— Oi, meu amor. Como... como você está? — digo, balbuciando. Era difícil falar com ele assim sem poder dizer nada, sinceramente não sei como vou fazer isso, ou sequer se irei fazer.
— To bem, xó estou com saudade. Quando você volta, Sté? — profere, me fazendo soltar um leve ecoar de choro.
— Eu... eu volto logo, Matt. — prometo, com um pouco de dificuldade.
— Hum, tá bom. Por que você tá com voz de choro? — indaga inocente.
— Não é nada, pequeno. Eu só estou... com muita saudade também. — afirmo, tentando contornar de melhor forma a situação, a verdade é que aquilo era extremamente complicado, esconder isso de Matt dói muito, e o que dói mais ainda é saber que mesmo que soubesse ele não entenderia.
— Então tá, Sté. Mal posso esperar pla te ver de novo. — diz, docilmente.
— Até mais, meu amor. — digo, por fim. Desligo o celular com o coração partido, mais uma vez tudo parecia estar perdido. Mas eu sei que para o meu Deus nada é impossível e que por mais que essa situação seja difícil, não irei desistir. Em meio ao tormento, como num piscar ouço uma voz branda entoando em meus ouvidos como trovão:
— Apenas agradeça.
No momento não entendia nada, e apesar disso me prostrei e orei:
— Senhor, não compreendo os Teus caminhos, mas sei que é o melhor para mim. Deus, o Matt é tão pequeno, e está doendo tanto aqui, mas sei que tudo há um propósito, tudo que te peço é força. Com os meus olhos eu não vejo motivo para agradecer, mas eu confio em Ti, e venho te agradecer por tudo que fez e há de fazer. Eu sei que a partir de agora não será fácil, até agora tudo está sendo tão difícil, mas cada dia mais o meu amor por Ti só cresce, porque até aqui o Senhor vem me sustentado. Ah, Abba. É tão difícil de aceitar que isso esteja acontecendo, as vezes pensamos que isso venha acontecer com qualquer pessoa, menos com nós, peço que Tu venhas confortar o meu coração, porque uma dor imensurável me consome agora, meu Pai. E que eu não venha desistir do propósito que me trouxe aqui. Que toda honra e toda glória seja dada a Ti. Amém. — termino a oração e levanto-me enxugando as lágrimas, então naquele momento um vento gélido invade o local, e toda a dor que penetrava em meu coração some institivamente, trazendo paz ao meu coração.
— Obrigada, Pai.
[...]
Se há alguns anos atrás eu observasse por meio de algo como seria a minha vida hoje nunca iria acreditar em tudo que suportei até aqui, com o tempo aprendi a ser forte e a perceber que algumas coisas não devem ser feitas pelas minhas próprias mãos, porque hão de ser realizadas por Deus, e é isso que me motiva a continuar.
Por toda a noite me peguei arquitetando alguns planos, haveria de encontrar imediatamente a Sra. Shumway, assim receberia todas as respostas que preciso e conseguiria encontrar uma solução em relação a Mattew.
Logo pela manhã não hesitei em parar Clarisse na primeira oportunidade, talvez a mesma houvesse alguma informação na qual pudesse me beneficiar.
— Clarisse, preciso da sua ajuda. — anuncio, sem hesitar.
— Oh, Ester. Diga, no que posso te ajudar? — profere.
— Preciso de umas informações em relação a Sra. Shumway. — exclamo, mordendo os lábios.
— Hum, e o que é? — indaga, um pouco relutante.
— Você tem algum contato com essa mulher? Alguma forma com que possa encontrá-la ou falar com ela? — indago.
— Infelizmente não, Ester. Essa mulher sempre foi muito reservada. — afirma.
— Mas você não conversava com ela pelo telefone? Não poderia me ajudar para conseguir uma ligação para ela? — insisto.
— Esse é o problema, Ester. Você não liga para ela, ela é quem liga para você... sempre foi assim comigo. — assegura.
— Oh, céus. Estou encurralada, de que modo ela poderia me ligar? Ela nem tem meu número. E aliás, porque motivo me ligaria? — digo, colocando a cabeça entre as mãos.
— Ah, Ester. Se houver algum motivo com certeza ela ligará, Shumway consegue tudo o que quer, pode ter certeza que se precisar ela irá contatá-la da forma que for. — diz.
— Céus, quem será essa por trás de tamanho mistério? Que mulher é essa que se esconde por trás de tanto poder? — digo.
— Essa é uma pergunta na qual não sei se algum dia saberei a resposta. — profere.
A questão é: será que algum dia desvendaria esse terrível mistério?
-^-
Oii lindas, o que acharam desse capítulo? Comentem ❤
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Salvador
SpiritualInúmeras vezes nos deparamos com situações difíceis, e na maioria delas chegamos a achar que tudo está perdido. Ester vivia em meio as trevas, presenciava o que de mais insano o mundo tinha à oferecer, mas isso muda com a morte de seu pai. Perder al...