Capítulo 28

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Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo.
Marcos: 1. 8.


O sábado havia chegado, já se passava das três da tarde quando vejo que Lucca estava a me ligar, por alguns minutos ficamos ali, apenas informando um ao outro a respeito das experiências recentes.

— Lucca preciso te dizer algo.

— Eu também preciso. Você acredita que já não recebo mais os e-mails?

— Céus! Isso é verdade? Meu Deus, isso é tudo minha culpa.

— Sua culpa? Por quê?

— Luc...

— Diga Ester!

— Tudo bem. Como eu já havia dito fui em busca de respostas, com base no endereço que foi destinado à Nathan em relação a Société.

— Sim, mas o que isso tem haver com os emails?

— Quando Andrew e eu fomos...

— Você foi com o Andrew?

— Sim, Lucca! Deixe-me continuar.

— Tudo bem, desculpe.

— Quando chegamos em frente ao prédio, vimos de longe um homem e, céus! Ele era idêntico a você, Lucca! Agora tenho certeza que é seu irmão gêmeo.

— Mas como isso? Como você tem tanta certeza?

— Depois de se aproximar dele, logo uma mulher apareceu. Ela era ruiva e parecia muito com você, perguntei se ela era a Sra. Shumway e ela não disse nada além de um "Deixe isso para lá." E em relação a você...

— O que? O que ela disse?

— Eu havia lhe perguntado se ela era sua mãe mas ela não respondeu. Tudo que disse antes de sair foi "Diga à Lucca que eu sinto muito."

— Meu Deus!

— Lucca, me perdoe. Estraguei tudo, não é?

— Na... não. Você não teve culpa, aliás obrigado.

— Obrigado?

— Sim, isso me conforta um pouco.

— Hum, então você não está bravo?

— Claro que não.

— Se você diz. E como Yuni está?

— Está bem. Na verdade a vi poucas vezes.

— Ah sim. Estou morrendo de saudades.

— É mesmo?

— Sim.

— Eu não estou.

— Lucca, seu... seu insensível.

— É brincadeira hahaha.

— Muito engraçado, hahaha.

— Obrigado.

— Tudo bem, agora tenho que desligar.

— Até mais.

[...]

"O céu estava nublado, o vento forte se alastrava por todo o local fazendo alguns ruídos, já era tarde. Caminhava sem medo, como se não houvesse o que temer. Em meio à escuridão só se ouvia meu respirar, inspirando e expirando calmamente. Por um momento paro, parecia ouvir um leve resquício de som, e não tão longe dali vejo uma mulher de costas para mim. Corro rapidamente perto da mesma e ao estar perto o bastante toco seu ombro pronunciando:

Olá? digo, de forma que faça a mesma se virar. Ao fita-la retraio meu corpo, a tal mulher não tinha rosto, era como se eu não pudesse saber sua identidade. Olho rapidamente para seus pulsos e vejo as letras cravadas com sangue, formando o nome Société."

Acordo atordoada em meio a mais um sonho, nos últimos dias isso vem se tornando algo comum para mim. O que posso concluir com base nisso é que tudo vem jorrando sobre mim como peças sem encaixe, é difícil assimilar cada uma.

Levanto-me e me prostro diante do Pai.

— Senhor, venho te agradecer por mais um dia. Te dou graças porque até aqui tem me sustentado, Pai eu já não entendo mais nada, mas sei que Tu estás na minha frente e que não vai me desamparar. Peço que me dê forças para que eu não venha a desistir, Aba, porque já venho perdendo as esperanças em questão disso. Mas o Senhor me prometeu, e sei que é fiel para cumprir. Amém.

Termino a oração e sigo em passos largos para o refeitório, lembro-me que Andrew queria conversar comigo. Mapeio o lugar com os olhos e ao encontrá-lo me aproximo do mesmo.

— Bom dia, Drew. — digo sentando-me à sua frente, de forma que posso vê-lo.

— Bom dia, Ester. Aí está você. — diz sorrindo.

— E então, queria falar comigo? Descobriu algo novo em relação a Société? — indago, atropelando as palavras.

— Na verdade, não era sobre isso que eu queria falar. — confessa, fitando-me com seu olhar desafiador.

— Ah, então... sobre o que seria? — indago.

— Sobre... uma garota. — diz, quase como um sussurro.

— Sobre o que? — indago novamente, tentando me assegurar do que tinha acabado de ouvir.

— Sobre uma garota. — profere, de forma que me faça soltar uma risadinha. — Ei, isso não tem graça. — afirma, arqueando as sobrancelhas.

— Okay, tudo bem. É que é um pouco cômico ouvir isso de você, Drew. — afirmo, e o mesmo suspira.

— Tabom, sabia que não devia ter... — começa a dizer, ameaçando se retirar.

— Não, Drew. Não vá, me perdoe. — digo, segurando em sua mão.

— Tudo bem. — diz, voltando a sentar-se.

— Pode dizer, o que há com essa garota? — indago.

— Okay, é meio estranho dizer isso, mas eu acho que estou começando a gostar dela. — diz, sem manter contato visual comigo.

— É mesmo? Que lindo, Drew! E você já contou para ela? — indago.

— Não, ainda não contei. Não sei como ela irá reagir. — afirma, agora pousando seu olhar sobre mim.

— Ah qual é, Andrew. Conte logo para ela. — afirmo, como forma de lhe dar um apoio.

— Não sei, estou orando em questão disso. A propósito, já até visitei uma igreja a duas quadras daqui. Está nas mãos de Deus. — diz, mostrando um meio sorriso.

— Oh, céus! Você foi mesmo, e nem me chamou? — digo.

— Me perdoe, não estava planejando isso. — confessa.

— Okay, okay. Agora voltando ao assunto. Quem é a tal garota? — indago.

— Não sei se você deve saber agora... — diz, nervoso.

— Ah Drew, por favor. Nós não somos amigos? Me conte. — clamo.

— Tudo bem, foi você quem pediu...

— E então?

— A garota é você, Ester.

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