Capítulo 32

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     Por todo o percurso me mantive receosa, as palavras daquele homem me assustaram de alguma forma, o mesmo havia se expressado maldosamente - parecia realmente querer me fazer temer, por conta disso me mantive em silêncio por todo o caminho.

     Depois de algum tempo o carro parou bruscamente, fazendo com que meu corpo fosse impulsionado para a frente já que não enxergava nada. Só depois de caminharmos por minutos o pano é tirado de meu rosto. As luzes invadiam meus olhos bruscamente, fiquei tanto tempo vendada que ter esse contato novamente deixou-me sensível.

     Mapeio o lugar com os olhos e me assusto, o lugar era terrivelmente enorme, no tornear dos corredores haviam paredes de vidro e em cada uma delas se encontravam pessoas. Céus, eram todos os tipos de pessoas: crianças, adultos, idosos, todos eles. Em algumas partes pareciam ser feitos alguns exames ou experiências, não sei como definir, os rostos de tais pessoas eram inexpressivos, não reluziam nenhum sentimento o que de certa forma me deixou confusa.

     Por um momento reflito, tento imaginar o que cada uma daquelas pessoas estava a fazer. Será que estavam ali por vontade própria? Ou foram levadas a força? Foram tantas coisas que li e ouvi a respeito da Société, que a última opção parece a mais concreta em meu conceito.

— Ande mais rápido! —profere o homem ferozmente, me impulsionando para frente. Tento obedecer ao que o mesmo diz, mas era um pouco difícil não observar o espaço por inteiro, por todos os cantos se observava algo novo. Em outra sala havia uma mulher tomando a frente em meios a algumas crianças, parecia estar lecionando alguma matéria. Os pequenos a observavam atentamente e pareciam escrever cautelosamente cada uma de suas palavras no caderno sob a mesa.

— O que está sendo ensinado à eles? — indago, percebo que já não era o mesmo homem ao meu lado.

— Literatura. Essas crianças são instruídas desde cedo à ter um ensino de qualidade. — diz, confesso que pensei que iria ser pisoteada, mas esse homem parece mais compreensivo que o anterior.

— Literatura? Eu juro que achei que era algo relacionado a armamento, ou algo do tipo. — digo soltando uma gargalhada, que logo é retribuída.

— Vejo que tem uma ideia muito negativa a respeito da corporação. Nem tudo aqui é tão cruel assim. — profere, mantendo o olhar à frente.

— Tudo o que ouço a respeito da Société é negativo. Quer dizer, quase tudo. Fiquei sabendo que Sra. Shumway tem projetos em relação a tumores. — digo, esperançosa.

— Sim, a mesma é uma ótima mulher. Uma excelente líder. — afirma.

— Mas acho que o mesmo não pode ser dito pelo marido dela, não é? Fiquei sabendo coisas horríveis a seu respeito. — exclamo.

— Desculpe senhorita, não posso dizer nada a respeito disso. Aliás não deveria nem estar conversando com você. Apenas ande mais rápido. — diz sem fitar-me.

— Céus, mas para que tudo isso? — digo, sem nem mesmo esperar uma resposta.

— Chegamos. — profere, quando enfim se colocamos a frente de uma porta de mármore, o mesmo a abre cautelosamente até que me dá passagem para entrar. — Pode entrar. — ordena. Então assim faço, a sala era grande e bem esquematizada, usufruía de grandes janelas que traziam ao ambiente uma ótima iluminação.

     Fito todo o local com os olhos e não encontro nada, tudo que vejo é uma grande mesa típica de um escritório acompanhada de uma cadeira - que por sinal se encontrava virada em direção as janelas.

— Olá? — me pronuncio, na esperança de haver alguém por trás da cadeira. E eu estava certa, só não imaginava o tamanho susto que iria levar quando uma pessoa de capuz e máscara se vira em minha direção.

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