Capítulo 18

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    Inúmeras foram as vezes na qual tentei retornar a ligação de Nathan, todas mal sucedidas. Já estava desesperada com tamanho mistério, apreensiva, apelo pela ajuda de Lucca, pedindo que o mesmo me levasse até a casa da família Moore, por conta disso deixo com que Mattew permaneça em casa junto com Alice. Lucca acelerava o máximo que podia, minhas mãos estavam suando de tamanho nervosismo que me consumia, uma dor começa a apertar em meu peito de forma que me faça gelar.
    Em menos de quinze minutos havíamos chegado, em frente a casa uma pequena multidão havia se instaurado, o que de certa forma me fez sentir-se apreensiva. Saio do carro com Luc e vou em buscar de Nathan, mapeio o local com os olhos até que encontro Adam.
— Adam, onde está o Nathan? Eu estava falando com ele, mas me parece que a ligação caiu. – digo, seus olhos estavam vermelhos, como se estivesse chorado.
— Ester... alguém tentou mata-lo. – diz balbuciando.
— O que? Mas como, onde ele está, Adam? – indago, já desesperada.
— Ele... ele está na ambulância Ester. Mas talvez ele não tenha muito tempo. – diz, suas lágrimas haviam se intensificado dando lugar a um choro de dor. Sem pensar duas vezes corro rapidamente até a ambulância, e sem medir esforços chego já adentrando pela traseira do veículo.
— Senhorita, não pode entrar aqui. – diz um homem, mas logo o ignoro.
— Nath, Nath! – grito desesperada, até que consigo se aproximar do mesmo, seus olhos estavam semicerrados, como se estivesse cansado.
— Ester... – diz frágil.
— Nathan, o que aconteceu? Meu Deus! – digo, suas vestes estavam cobertas de sangue.
— Eu... não tenho muito tempo. – diz.
— Não diga isso! Olha, não faça muito esforço, okay? – digo pousando meus dedos sob seu rosto pálido.
— Eu menti para você, Ester. – diz em um sussurro.
— Mentiu? – indago.
— Não deixei... de trabalhar para a Societé. – continua.
— E por que você mentiu? – indago tentando me manter tranquila, a última coisa que faria nesse momento era ficar irritada. Mas de qualquer forma, um misto de medo e dor me consumia.
— Era preciso, eu estava numa... numa missão. – diz com dificuldade.
— Tudo bem, Nath. Eu te perdoo, não se preocupe. Só me prometa que vai ficar tudo bem, que... – diga.
— Escuta, Ester. Você precisa... precisa ir atrás das verdades. diz suspirando.
— Mas que verdades, Nath? – digo, e logo o aparelho que estava em seu lado começa a apitar. — Nathan, Nathan! – digo desesperada, perdida em meio as lágrimas. — Nath, por favor. Não faz isso comigo. – as lágrimas já se intensificavam. — EU PRECISO DE VOCÊ, NATHAN! – digo exasperada, e é então que um dos paramédicos se aproxima acompanhado de outro homem.
— Tire-a daqui. – diz o mesmo, logo se aproximando de Nath, e é então que o tal barulho para dando lugar ao silêncio perturbador. — Não há mais o que fazer! – diz suspirando, colocando suas mãos sobre a cabeça.
— NÃO, NÃO! NATHAAAAN! – grito desesperadamente, enquanto o tal homem me tira do lugar.
— Senhorita, você precisa sair daqui. – diz o homem com a voz firme.
— Você não entende, ele NÃO pode ir... de novo. – digo balançando a cabeça negativamente. — Que não seja feita a minha, mas a Tua vontade. – sussurro olhando para o céu. Lucca se aproxima de mim sem dizer palavra alguma, apenas me puxando para um abraço intenso, que de certa forma foi capaz de me acalmar. Aperto-o ainda mais soltando alguns gemidos em seu ombro, e molhando totalmente sua camisa com minhas lágrimas.
— Luc... – tento dizer, com os olhos marejados.
— Shiii... não diga nada. – diz me acalmando, acariciando levemente meus fios de cabelo.

    A verdade é que a dor da perda é algo terrível, e não queria senti-la novamente. Apesar de tudo Nathan tinha grande importância em minha vida e perde-lo trouxe de volta uma dor indecifrável como se a qualquer momento aquilo dentro de mim fosse explodir, o pior de tudo é saber que a qualquer momento todos estavam sujeitos a passar por isso.
    Minha visão já começara a ficar turva, minhas pernas estremeceram-se deixando-me sem força, me firmo ainda mais em Luc e é então que eu apago.

[...]

    Acordo atordoada num quarto totalmente estranho, olho pelos arredores e percebo que estava num hospital.
— Ester, que bom que acordou! – a voz grave de Lucca invade a minha mente
— O que estou fazendo aqui? – indago confusa.
— Você desmaiou, mas daqui a pouco já pode ir para casa. – diz se aproximando, e colocando sua mão sobre minha testa.
— Ufa! Sabe Luc, tive um sonho estranho, sonhei que alguém tinha tentado matar o Nathan e que o mesmo havia morrido logo depois de me pedir para ir atrás de umas verdades. Que loucura, não é? – digo soltando uma risadinha no final, mas Luc não sorria.
— Ester – diz e suspira. —, não foi um sonho, o Nathan... morreu. – diz com o semblante sério, dizendo cada palavra com extremo cuidado.
— Ah, não! – é tudo o que consigo dizer, coloco minhas mãos sobre a cabeça e deixo com que as lágrimas caiam subitamente, de forma que Lucca se aproxime e sente a meu lado. — E quando... será o enterro? – digo balbuciando. Lucca apenas me fita por alguns segundos, logo o silêncio é tomado pelo som de seu pigarrear, dando lugar a sua voz grave.
— Na verdade, o enterro foi ontem. – diz, seu olhar transmitia pena.
— COMO? Mas... – digo confusa.
— Sim, você ficou inconsciente por dois dias. - diz abaixando a cabeça, e eu suspiro.
— Meu Deus! – digo. — E você ficou aí, o tempo todo? – indago sentando-me, ali mesmo em cima do leito.
— Sim, e como presumi que Alice estava cansada deixei com que Mattew fosse lá para casa, com minha mãe. – diz fitando-me.
— Obrigada. – digo num sussurro, estava muito abatida. — Sabe, Luc. Está doendo tanto. – digo deixando com que uma lágrima de dor role sob meu rosto.
— Eu sei, amor. – diz se aproximando e deixando com que me aconchegue em seus braços
— Como eu poderia imaginar que isso iria acontecer? Esse final de semana eu almocei na casa dele, Luc! E ele estava tão bem. - digo cabisbaixa.
— Sim, Ester. Mas é que... mesmo sabendo que um dia todos nós iremos partir, nunca estamos preparados para perder alguém. - diz com a voz branda, e tudo que consigo fazer é assentir.

[...]

    A escuridão da noite já havia se instaurado, estava em casa e hoje mesmo fui dar meu apoio à Marie e Adam, sei bem o quanto é horrível perder alguém próximo. No momento estava no quarto, ainda abatida com o que havia acontecido.

— Papai... – começo a orar. —, preciso tanto de Ti, está doendo tanto aqui. – digo e as lágrimas começam a rolar. — Não queria passar por isso de novo, Pai. – continuo. — Mas que acima de tudo que seja feita a Tua vontade e não a minha. Me perdoa Senhor... porque eu falhei, não cumpri meu papel como filha, não levei Tua palavra para a vida de Nathan. – os murmúrios já se intensificavam. — Talvez seja por isso que esteja doendo tanto. Mas não quero cometer o mesmo erro... Me ajude a ser melhor, meu Pai, pois sozinha não posso nada, nem sou nada. Eu anseio por Ti, quero que vejam ao Senhor através da minha vida. – suspiro. — Amém.

Não tô bemmm 💔

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