Capítulo 8

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Existem alguns impulsos que são impossíveis de serem contidos. Há momentos de lucidez, e há também aqueles onde seu corpo fala mais alto que sua mente.

Não sei ao certo como chegamos ali, nem ao menos o que me levou a fazer isso, mas quando dou por mim, estou embalada pela escuridão daquele beco londrino e suas mãos percorriam o meu corpo como se procurassem nele algo.

Os lábios de Jace corriam pelo meu pescoço, alternando entre beijos suaves e mordidas sedentas. Uma parte de mim temia que alguém nos visse, mas isso era pouco provável. Em sua maioria, aquilo era um pouco excitante. Suas mãos agora desciam por minha barriga e um pouco mais embaixo. Rapidamente, ele agarra minhas pernas e num movimento rápido, puxa o meu corpo para ainda mais perto, me levantando até a altura da sua cintura. Nossas risadas gostosas e divertidas ecoavam na travessa.  Desfiz o rabo do seu cabelo, brincando com seus fios loiros e sua nuca sensível ao meu toque descontraído. Sua musculatura se contraía e suavizava com certo ritmo à medida que intensificávamos os beijos. Seus dedos encontram os botões da minha blusa, quase os rasgando com voracidade.

Antes que aquilo fosse longe demais, reúno todo o autocontrole que me restou, e afasto nossas bocas, me martirizando por isso internamente.

-Já está ficando tarde- Comentei baixinho- Eu preciso ir. Meus avós vão surtar a qualquer momento.

-Tem certeza?- Ele me pôs no chão, me pressionando contra os blocos da parede e levando seu rosto até o meu pescoço.

-Tenho- Respondi com dificuldade. Aquilo era definitivamente mais complicado do que pensei.

Jace se afastou, esboçando um sorriso tímido. Deu um beijo em minha testa e levou-me para dentro novamente. Ajeito minha blusa para que nada fique muito explicito, mas ninguém realmente pareceu notar. Ninguém, com exceção de Moxie, que expressava em seus olhos o que sua boca não dizia. Ela esbanjava um sorriso indiscreto e olhares de aprovação para nós dois. Me despeço dele e a encontro, puxando-a para fora naquele mesmo minuto.

-Uau!- Ela disse enquanto era arrastada por mim para fora- Só... Uau! Como isso aconteceu?

Ao nos afastarmos suficientemente do Underground, comecei a desacelerar os passos- e batimentos. Finalmente consegui liberar um ruído que fosse.

-Nem eu sei ao certo... Estávamos conversando e, depois de um shot, eu já estava na esquina mais próxima. Foi tudo muito rápido!

As luzes do Soho ainda piscavam quando pegamos o metrô de volta para Greenwich.

Estávamos literalmente do outro lado da cidade, por isso, o caminho foi longo. Adormeci no ombro de Moxie, que por sua vez, apoiou a cabeça pesada na janela e também dormiu. Acordamos alguns minutos antes de nossa parada, repletas de dor e cansaço extremo.

Seguimos para caminhos opostos quando saímos da estação. Talvez não fosse uma boa ideia sair por aí, à noite e sozinha sendo uma péssima bússola ambulante, mas felizmente, nada aconteceu.

Quando abro a porta da frente, depois de muito procurar pela chave na minha bolsa, me deparo com uma figura pálida e seca, iluminada pela luz de uma vela em chamas.

-Nina!- Ela correu até mim- Onde você estava? Quase nos matou do coração! Mais uma hora e seu avô ligava para a polícia!

Imagino que no seu interior, ela estava dividida entre um abraço de alívio ou uma surra merecida. Agradeço por ela optar pela opção de número um.

-Por que não me ligou?

-Eu liguei! Muitas vezes!

-Não ouvi tocar- Coloquei a mão no bolso, procurando o meu celular que há tempos não via.

Nem Tudo São FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora