Capítulo 15

96 15 0
                                    




                  

Dediquei Riptide do Vance Joy à Mason, ainda que ele não soubesse disso. Tento apressar ao máximo a apresentação, ansiosa pelo o que estava por vir.

Quando finalizo, as pessoas aplaudem e recebo alguns elogios. Agradeço a todos e corro em direção ao meu amigo, ainda sentado no bar.

-O que achou?- Juntei as mãos e dei o maior dos sorrisos.

-Nada mal para um iniciante, Montenegro- Ele ergueu o copo de cerveja- Nada mal mesmo...

Em seguida, deixa a bebida de lado e me dá um abraço caloroso. Seria culposo demais desejar por isso?

Não importa!

-E então? O que tem para me falar?

-Ei!- Ele ergue uma das mãos e cumprimenta alguém atrás de mim com um largo sorriso estampado no rosto.

Seus olhos se enchem de brilho e, por um segundo, cogito a possibilidade de ser mais uma das namoradas de Mason. Mas eu me enganei. Enganei grosseiramente.

-Nina, esse é Jacob Fitzgerald- Ele o abraça com tamanha empolgação- Nós frequentamos o colégio juntos.

Uma névoa fria e espessa paira sobre o pub, de maneira que eu sou a única coisa a se mexer ali. Era como se tudo ao meu redor fosse estagnado. Meu estômago revira incontáveis vezes, e a única coisa que sou capaz de fazer é rir de tamanha e revoltosa ironia.

Jacob, ou melhor, Jace parecia gratificado de ver o velho amigo, ainda que confuso com tal situação.

-Nós já nos conhecemos, na verdade- Seu sorriso expressava provavelmente o mesmo desconforto que os meus olhos.

-Bem, é verdade, afinal, trabalham aqui- Ele diz como se fosse óbvio, levando a mão até a testa.

-Mas e vocês dois?- Jace franze o cenho.

-Os avós de Nina são meus vizinhos. Nos conhecemos desde pequenos, apesar dela ter sumido por um bom tempo- Envolveu meu corpo em seus braços. Pela primeira vez, imploro internamente para que aquilo pare.

Aqueles breves segundos parecem horas. Quando finalmente ficamos a sós, tudo parece voltar ao seu devido lugar lentamente.

-Está tudo bem? Você parece pálida.

-Pareço? Ah, deve ser o cansaço. Eu não sei.

Não estou apta para criar uma desculpa decente.

Mason sugere uma caminhada e eu aceito prontamente. Apesar do cansaço, aquela não era uma oferta a ser recusada.

Gosto do jeito como as construções emolduram a paisagem do Soho, sempre muito iluminado e vivo. Ele parecia estar escolhendo as palavras certas, por isso, não há diálogo entre nós durante um tempo. Aprecio aquele silêncio, principalmente, porque me dava mais tempo de observar a cidade.

-Nina- Ele inicia calmamente, medindo o peso de cada letra- Eu tenho uma proposta irrecusável- Parou subitamente.

-Oh, Deus! Não envolve anéis ou coisas do tipo, certo?

-O que? Oh, não! Nada disso!- Ele riu- Ainda melhor que isso.

-Devo me assustar?

-Talvez um pouco. Mas não muito, não se preocupe.

Sentamos num dos banquinhos que se estendiam pela calçada, cobrindo as mãos do frio. Mason faz careta e eu não identifico se o franzir de sua testa está relacionado à temperatura ou à bomba que estava por vir.

Nem Tudo São FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora