Dediquei Riptide do Vance Joy à Mason, ainda que ele não soubesse disso. Tento apressar ao máximo a apresentação, ansiosa pelo o que estava por vir.
Quando finalizo, as pessoas aplaudem e recebo alguns elogios. Agradeço a todos e corro em direção ao meu amigo, ainda sentado no bar.
-O que achou?- Juntei as mãos e dei o maior dos sorrisos.
-Nada mal para um iniciante, Montenegro- Ele ergueu o copo de cerveja- Nada mal mesmo...
Em seguida, deixa a bebida de lado e me dá um abraço caloroso. Seria culposo demais desejar por isso?
Não importa!
-E então? O que tem para me falar?
-Ei!- Ele ergue uma das mãos e cumprimenta alguém atrás de mim com um largo sorriso estampado no rosto.
Seus olhos se enchem de brilho e, por um segundo, cogito a possibilidade de ser mais uma das namoradas de Mason. Mas eu me enganei. Enganei grosseiramente.
-Nina, esse é Jacob Fitzgerald- Ele o abraça com tamanha empolgação- Nós frequentamos o colégio juntos.
Uma névoa fria e espessa paira sobre o pub, de maneira que eu sou a única coisa a se mexer ali. Era como se tudo ao meu redor fosse estagnado. Meu estômago revira incontáveis vezes, e a única coisa que sou capaz de fazer é rir de tamanha e revoltosa ironia.
Jacob, ou melhor, Jace parecia gratificado de ver o velho amigo, ainda que confuso com tal situação.
-Nós já nos conhecemos, na verdade- Seu sorriso expressava provavelmente o mesmo desconforto que os meus olhos.
-Bem, é verdade, afinal, trabalham aqui- Ele diz como se fosse óbvio, levando a mão até a testa.
-Mas e vocês dois?- Jace franze o cenho.
-Os avós de Nina são meus vizinhos. Nos conhecemos desde pequenos, apesar dela ter sumido por um bom tempo- Envolveu meu corpo em seus braços. Pela primeira vez, imploro internamente para que aquilo pare.
Aqueles breves segundos parecem horas. Quando finalmente ficamos a sós, tudo parece voltar ao seu devido lugar lentamente.
-Está tudo bem? Você parece pálida.
-Pareço? Ah, deve ser o cansaço. Eu não sei.
Não estou apta para criar uma desculpa decente.
Mason sugere uma caminhada e eu aceito prontamente. Apesar do cansaço, aquela não era uma oferta a ser recusada.
Gosto do jeito como as construções emolduram a paisagem do Soho, sempre muito iluminado e vivo. Ele parecia estar escolhendo as palavras certas, por isso, não há diálogo entre nós durante um tempo. Aprecio aquele silêncio, principalmente, porque me dava mais tempo de observar a cidade.
-Nina- Ele inicia calmamente, medindo o peso de cada letra- Eu tenho uma proposta irrecusável- Parou subitamente.
-Oh, Deus! Não envolve anéis ou coisas do tipo, certo?
-O que? Oh, não! Nada disso!- Ele riu- Ainda melhor que isso.
-Devo me assustar?
-Talvez um pouco. Mas não muito, não se preocupe.
Sentamos num dos banquinhos que se estendiam pela calçada, cobrindo as mãos do frio. Mason faz careta e eu não identifico se o franzir de sua testa está relacionado à temperatura ou à bomba que estava por vir.
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Nem Tudo São Flores
Teen FictionPor muito tempo, Valentina viu-se obrigada a refugiar-se em seus pensamentos e livros preferidos. Nunca imaginou que o relacionamento conturbado de seus pais pudesse causar-lhe tantas cicatrizes. Numa tentativa desesperada, Nina é mandada para a ca...