Capítulo 19

87 17 3
                                    


Apesar de alguns fatores incomodativos, a noite acabou sendo muito boa. Natalie era adorável e uma ótima pessoa para manter-se conversa. Estava sempre muito empolgada e falante, ainda que, na maioria das vezes, o assunto principal fosse o casamento. Tom era mais reservado; um homem fechado e extremamente educado, mas o sorriso meigo em seu rosto lhe impede de passar a imagem de frieza.

Quando voltamos novamente à casa –mansão talvez fosse mais apropriado –a maioria de nós dirige-se aos seus respectivos quartos. Não Mason. Ele puxa-me pelo pulso para o lado de fora assim que todos se põem a dormir.

-Onde estamos indo?- Indaguei.

Assim que nos afastamos ele diminui o passo e finalmente me dá a honra de uma resposta.

-Achei que não gostaria de quebrar rotinas.

-Como assim?

-Ora, suas caminhadas noturnas! Não é todo dia que você tem a oportunidade de vagar pelos campos escuros da Irlanda, certo?

Não pude deixar de rir. Ele era encantador - quando queria- e aquilo me comove extremamente, mas não deixo que perceba.

Estava escuro e frio e estávamos rodeados por capim, morros e névoa, e de alguma maneira, prefiro isso a todas aquelas casas usuais.

-Você conhece essa região?

-Não- Respondeu serenamente- Nunca estive aqui antes, mas observei enquanto dirigíamos até Dublin. Achei interessante averiguar.

-Mason, está louco?! Está escuro, podemos nos perder a qualquer momento...

Deu mais uma de suas risadas calorosas e abraçou o meu corpo pequeno.

-Se não fosse assim, não teria graça. Você diz "perdidos", eu digo "descobrindo novos lugares". Encare o desconhecido como novas descobertas. Assim não parece tão assustador...

Inspirar o ar gelado daquela madrugada era renovador, admito. Caminhamos abraçados durante alguns minutos até que decidimos voltar, já desmaiados de sono. A última coisa que me lembro daquela noite é a imagem de Mason me cobrindo com uma grossa coberta de lã e me dando um beijo rápido, que, por descuido, aprecio.

***

A quinta feira já começara agitada.

Somos os últimos a acordar, e, quando finalmente levantamos, nos deparamos com uma quantidade absurda de pessoas na sala de entrada, o que já era quase normal. O que me surpreende verdadeiramente é a quantidade de câmeras fotográficas, tripés entre outros aparelhos e acessórios espalhados, desde o interior da casa até a área externa. O jardim parecia um verdadeiro estúdio fotográfico, com luzes e ventiladores gigantescos.

-O que está acontecendo aqui?

-Não te contaram, fofinha?- Uma mulher de cabelos loiros, curtos e grossos, com óculos respondeu. Segurava uma prancheta e parecia ocupada demais até mesmo para respirar- Hoje é a sessão de fotos com as madrinhas, os padrinhos e a família.

Com a mesma velocidade que surgiu, sumiu. Encontro Mason mais a frente, conversando com Tom, que parecia nervoso. Não o culpo, também estaria naquela situação.

-Bom dia- Arrisquei.

Ele sorriu. Estava tudo bem.

-Onde está Natalie? Ela está bem?

Um grito estridente e agonizante ecoa pelo cômodo, alertando a todos. Nós três corremos em direção ao som, preocupados.

Na sala, Natalie de roupão cor-de-rosa e pantufas, com bobs no cabelo e maquiagem parcialmente pronta, pulava e batia as mãos como uma verdadeira adolescente dramática que já não era mais. À sua frente, três garotas que repetiam o gesto sincronizado. Em seguida, as quatro deram um abraço coletivo e compartilharam risadas infinitas.

Nem Tudo São FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora