Memória

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Divórcio_Interrupção legal do casamento e, geralmente, efetuada na presença de um juiz. Qualquer tipo de separação ou rompimento (entre coisa(s) e/ou pessoa(s)); rompimento.


-Katherine.

-O que estás aqui a fazer? – arqueio a sobrancelha.

-Uhm... Pensei que estivesses sozinha... e parece-me que acertei. – ele hesita e olha ao redor.

-Na verdade estás errado. Eu tenho o Buster.

Que neste momento parece importar-se mais com o homem na minha frente do que comigo... mas isso é outro ponto. O Buster sempre foi o primeiro admirador do Kevin.

-E agora tens-me a mim. – ele sorri e abre os braços, chamando a atenção sob a garrafa. – E a um bom Sancerre!

Arqueio a sobrancelha e não me deixo refletir muito na sua presença.

-Só ficas pelo Sancerre.

Vou até ele e agarro a garrafa.

-Claro. – o Kevin solta uma pequena gargalhada e eu sou levada de volta ao tempo em que o seu jeito descontraído me hipnotizava.

Reviro os olhos e sigo para a cozinha. Consigo distinguir os seus passos atrás de mim.

-Como é que sabias que estava em casa?

-Não sabia. – responde simplesmente.

Pelo canto do olho reparo que ele hesita em dizer algo e no meu íntimo, eu sei o que seria. "Deixei que o destino soubesse por mim" ... ou coisa parecida.

Decido cortar o silêncio.

-A Eva?

Eva é a nova mulher dele. Ele encolhe os ombros.

-Está em casa.

-E tu não lhe devias estar a aquecer os pés? – o sarcasmo é visível na minha voz.

Pego no saca-rolhas e passo-lhe a garrafa num gesto impensado.

-Há muitos cobertores lá em casa. – o seu tom é seco.

-O quê? Não me digas que já experimentaram todas as posições do Kamasutra!

-Katherine. – ele diz num tom repreendedor.

-O que foi, Kevin? – encaro-o.

Os seus olhos castanhos claro fixam os meus e ele suspira.

-Pensei que pudéssemos jantar e ir dar uma volta. O que achas?

Arqueio a sobrancelha. Ele ainda não abriu a garrafa.

-Acho uma péssima ideia.

-Porquê? – o seu tom é genuíno.

A proposta feita por qualquer ex-namorado meu seria um completo disparate. Mas não para ele. Sei perfeitamente que o Kevin não vê nenhum inconveniente em passarmos uma noitada juntos como se estivesse tudo bem, mesmo que já nos tenhamos separado há dois anos.

-Kevin. Não é suposto nós passarmos serões juntos. – digo a razão lógica.

Ele encara-me como se eu falasse outra língua.

-Já dormiste?

Arqueio a sobrancelha perante a mudança de assunto.

-Já.

FROM KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora