Autoridade_ Do latim auctorĭtas, a autoridade é o poder, a legitimidade ou a faculdade. Em geral, o termo refere-se às pessoas que governam ou que exercem o comando.
A mansão era imponente. Um imenso campo relvado ladeava ambos os lados da calceta de encontro à casa de pedra e estendia-se até as traseiras desta. Tinha – bastante provavelmente – quatro vezes o tamanho da minha casa, o que não me devia admirar visto que ali vivia uma família de oito miúdos. À direita da casa, conseguis distinguir uma vedação de madeira. Seria um cercado? O médico amador de fast-food também era apaixonado por cavalos...
Deixei Kian no carro e estendi a mão a Adam. Ele aceitou-a de bom grado e conduziu-me até a porta monumental. Era retangular, com um estrato trabalhado de madeira escura que fazia padrão com as janelas. Havia três pequenos degraus até a cruz dourada onde Adam bateu energicamente.
Ouviu-se um reboliço dentro da casa e dois ou três gritos até uma governanta nos abrir a porta.
Depois tudo aconteceu muito rapidamente. A governanta prendeu uma exclamação e levou a mão à cruz de ouro que trazia pendurada ao peito. A rapariga dos cabelos encaracolados loiros e compridos correu até nós e envolveu Adam num abraço de urso. Uma outra rapariga loira – esta com os cabelos lisos – revirou os olhos e virou costas, provavelmente dando a boa nova de que o irmão reaparecera.
E foi exatamente ali que o reencontro familiar aconteceu. Uns seguidos dos outros. Sem lágrimas nem suspiros de alívio. Na verdade, uma grande algazarra de resmungos e empurrões. Jonh apareceu com os cabelos loiros em completo desalinho, descalço e com os dois botões de cima da camisa desapertados. Logo de seguida, o irmão mais velho – Henry, suponho – seguiu o pai com a bebé nos braços. Uma rapariga magra, com cabelos longos morenos e franja parou perto da porta, cruzando os braços e sorrindo. Depois veio a menina de óculos e sardas com uns olhos tão azuis quanto o mar. E por último a rapariga que tinha virado costas inicialmente.
Eu e a governanta ficamos ali, as duas especadas a olhar para a família novamente reunida, enquanto eles gritavam e agitavam demasiado os braços. Já sabia que a intempestividade de Adam era genética.
Quando, passados cerca de vinte longos minutos Jonh levantou o olhar do filho e me viu, arqueou a sobrancelha e abanou a cabeça como se não entendesse.
Depois, num súbito ataque de lucidez, virou-se para o filho e perguntou-lhe muito atónito:
-Foste ter com o teu irmão?
Não me pareceu que estivesse zangado, ou até mesmo irritado, apenas bastante surpreendido. Naquele preciso momento, toda a família silenciou e olhou para Adam. Senti a mulher ao meu lado suster outra vez a respiração.
Para minha grande surpresa, Adam recuou e abraçou-se à minha perna. O olhar dos irmãos fixou-se em mim e eu dei um sorriso amarelo.
-E a senhora quem é? – a rapariga loira dos cabelos lisos, uma das gémeas, perguntou-me num tom sibilante, empinando o queixo na minha direção.
Engoli em seco.
-Vamos para a sala. Lá podemos conversar mais calmamente.
No entanto, apesar da voz rouca e autoritária do pai ninguém se moveu.
-Eu trato agora, Bel. – ele continuou e a governanta assentiu e saiu por uma porta nos fundos.
A bebé, Sophie, que eu reconhecia pelos relatos do pai, emitiu um grunhido e deixou cair o brinquedo. Nem isso pareceu quebrar o transe, pois todos me olhavam com desconfiança.
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FROM KATE
ChickLitKatherine é o pesadelo de qualquer homem. Corpo definido, cara bonita, divertida, inteligente, independente e incrivelmente teimosa, a mulher loira atrai os olhares da população masculina. No entanto, há cerca de dois anos, desde a sua última re...