Aconchego_ amparo, abrigo, conforto. É o ato ou efeito de aconchegar, é um amparo físico, um abraço. A palavra aconchego é um substantivo masculino, o mesmo que conchego, que se refere a bem estar, a um lugar confortável, que protege.
Depois de tomar o meu café e comer um donut, decido conhecer o meu hospital. Steph oferece-se para me acompanhar, mas eu gentilmente rejeito-a e dirijo-me até a minha parte favorita. A maternidade.
Vesti uma bata e prendi o meu cabelo com uma mola e comecei por observar a sala neonatal. Grande parte dos bebés estão nas incubadoras, alguns com cateteres ligados aos seus corpos minúsculos. As enfermeiras movimentam-se passivamente entre eles, verificando se todos se encontram estáveis e saudáveis. Admiro o carinho com que elas tocam as testas dos recém-nascidos e em como elas acariciam os seus pezinhos para obter alguma reação. Apesar de nunca ter sido uma opção eu seguir a obstetrícia, não conseguia evitar o enternecimento que sinto ao olhar para a mais viva prova do amor. Os bebés são a razão para nós continuarmos vivos. São o nosso futuro e é para isso que procriamos. Repeli a ideia de que eu não o fazia e saí daquela ala.
A pediatria era mesmo ao lado. À medida que passava nos corredores, os profissionais olhavam e questionavam entre si quem eu era, alguns por ignorância e outros para finalmente conhecerem a tenaz nova diretora.
Imagens coloridas tentavam inutilmente alegrar o espaço doentio. A verdade é que aquele era o local mais animado de todo o hospital. As crianças têm uma capacidade enorme de serem positivas e alegres, mesmo quando não têm força para isso. Dou uma volta pela área das visitas, vou até o bar e falo com o senhor que vende as flores. Ao terminar a minha ronda por todo o hospital, sinto-me satisfeita com o profissionalismo que vi na maior parte das pessoas que aqui trabalham. Com o copo de um café descartável, sento-me nos degraus das escadas exteriores.
Quando tomei a decisão de seguir medicina, não esperava que o ofício fosse capaz de me colocar tão sã comigo própria. Com o passar dos anos, percebi que estava talhada para ajudar os outros. Colocar um sorriso na cara, principalmente de uma criança, é o melhor da minha profissão e não quero perder isso por nada neste mundo.
Uma sirene avisa a entrada de mais algum doente. A ambulância abre as portas de trás e uma maca é empurrada por dois técnicos. Levanto-me para ajudar, sem realmente ver o estado do doente. Descarto o copo de plástico do café num caixote próximo e aproximo-me do paramédico que retira a maca da ambulância.
O enfermeiro vê-me e dispara a informação.
-Homem. 43 anos. Baleado na parte superior do braço esquerdo. Suspeita de bala de 9 milímetros.
-Obrigada.
Ele deixa o homem comigo e uma enfermeira aparece vinda de dentro do hospital.
-Arranje-me uma sala disponível. – ordeno.
A enfermeira assente e eu conduzo a maca pelo corredor das urgências. A famosa adrenalina a percorrer as minhas veias enquanto corro para cumprir a minha função. Salvar a vida de alguém é das melhores experiências que um ser humano pode usufruir e eu tenho a sorte de contar com isso todos os dias. O meu novo cargo no hospital não me vai tirar o que eu tenho de melhor na vida!
Passados cerca de cinco minutos, encontro-me a preparar-me para extrair a bala ao homem. A sua camisa azul claro está manchada de sangue e ele permanece silencioso o tempo todo. A sua mão direita pressiona o ferimento, evitando a perda de sangue. Parece habituado à situação e eu pergunto-me quantas vezes ele já cá veio por motivos idênticos.
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FROM KATE
ChickLitKatherine é o pesadelo de qualquer homem. Corpo definido, cara bonita, divertida, inteligente, independente e incrivelmente teimosa, a mulher loira atrai os olhares da população masculina. No entanto, há cerca de dois anos, desde a sua última re...