FROM KATE

Havai

Etnia_ grupo que é culturalmente homogéneo. Do grego ethnos, povo que tem o mesmo ethnos, costume, incluindo língua, raça, religião etc. O termo não é sinónimo de raça, pois a palavra raça tem um sentido exclusivamente biológico.

A primeira coisa em que reparei quando o avião aterrou foi a temperatura. Apesar de aqui serem oito horas e meia da manhã, o ar está quente e abafado. Não é algo insuportável, para uma terra paradisíaca até pensei que fosse pior, mas a leve brisa que corre é mais cálida do que o que eu estou habituada.

A ilha é sem dúvida caracterizada pela praia. A água é incrivelmente azul e a cidade parece misturar-se com o mar como se lhe pertencesse numa combinação quase embriagadora. As ruas estão completamente organizadas e idealizadas e a vegetação nos jardins é alta e escassa.

Enquanto o carro desliza pela estrada, observo com espanto as encostas altas das montanhas, que eu não consigo determinar pertencer ou não a um vulcão. Na escassa pesquiza que fiz da terra, o Havai é das zonas com mais atividade vulcânica e tem, atualmente, o vulcão mais ativo do mundo, o Kilauea.

Honolulu está movimentado. É hora de as pessoas saírem para os seus trabalhos e toda a gente se move de um lado para o outro. Apesar disso, o motorista conduz por entre o tráfego com naturalidade. Ele apresentou-se como Jack e estava à minha espera quando desci do avião com uma tabuleta a dizer "Mrs. Colm". É alto e tem os olhos rasgados. O seu cabelo é curto e ele enverga um fato preto que expira profissionalismo. Disse-me que era o meu guia durante o tempo que eu precisasse e eu agradeci-lhe com um sorriso.

O seu sorriso transformava-o na pessoa mais simpática que eu tinha conhecido na ilha. Bom, também era a única...

Ele conduziu durante cerca de meia hora, enquanto eu apreciava a paisagem. Já a esta hora, era possível ver surfistas a dominar as ondas e grupos a praticar yoga na areia da praia.

No entanto, não era nenhum destes factores que já me faziam estar apaixonada pela ilha. Era a completa mistura de raças diferentes tão evidente ali. Era um verdadeiro lar de etnias diferentes. Não se podia dizer que aquela terra era dos ingleses, americanos, chineses, ou japoneses. Era de todos nós, dos residentes mais antigos e dos turistas mais aventureiros e isso era algo que eu nunca tinha visto em lado algum.

Mandei mensagem à Rose a dizer que já tinha chegado e que estava tudo bem e fechei os olhos encostando a cabeça à janela. Dormi durante quase todo o voo e parecia que ainda estava com sono.

-Chegámos, Mrs. Colm. – Jack diz e eu abro os olhos.

Ele parou perto de uma casa de praia protegida por um portão gradeado em tons de cinza. Pelo que conseguia perceber, esta era a parte das traseiras. Uma pequena rampa dava acesso a uma garagem. Jack estacionou numa calceta em frente ao portão automático e saiu do carro. Segui-o e ambos retiramos as minhas coisas do porta-malas. Dos dois lados da casa, um relvado estendia-se até a parte da frente. Seguimos por um caminho ladrilhado até encontrarmos uma piscina mesmo no centro do jardim. O acesso à casa era através de uma sacada. De um lado, uma mesa de madeira elegantemente decorada em tons de azul; do outro, um pequeno sofá com paletes recicladas e com "Aloha" escrito numa almofada. A casa tinha dois andares, e era possível ver uma varanda quando se olhava para cima. A parede era toda em vidro, tanto em cima como em baixo, escondido por grandes estores em tons cinza. Jack digitou um código num quadro inscrito na parede e os estores começaram a subir. Dava para ver uma sala exorbitante. Deslizei a janela de vidro que servia também de porta e pousei as malas ali mesmo. O chão era de madeira clara e as paredes e o teto eram brancos. Os dois sofás virados para o mar eram beges e havia uma pequena mesa circular em madeira entre eles, como se imitasse uma cúpula. Uma carpete numa mistura entre o azul e o cinza encontrava-se mesmo no centro da sala, a combinar com as almofadas e uma pequena manta felpuda em cima do sofá.