capítulo 4

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Estava a ter um sonho lindíssimo, quando me alguém me abana ligeiramente. Abro os olhos com dificuldade devido à imensidão de claridade e resmungo.
Quando consigo finalmente focar a visão, vejo a minha aia mais nova, Clarissa,  a olhar para mim fixamente e com um pequeno sorriso.

- Bom dia Majestade, está na hora de acordar. - diz,  elas e as outras fazem uma vénia.
Sento me na beira da cama e esfrego os olhos para afastar o sono. Levanto os braços, elas retiram me a camisa de dormir e colocam me o corpete super apertado. Dão lhe alguns nós e por fim, vestem me um vestido floreado que toca no chão.
Penteiam me, entrançam o meu cabelo e colocam me em vez da habitual pequena tiara, a minha coroa real que só uso nas cerimónias.

- Porquê tantos arranjos?  - Estava a começar a desconfiar o vestido tão bonito e a minha melhor coroa.

- O imperador da Áustria e a família real foram convidados pelo imperador, seu pai, para vir almoçar aqui no palácio. - esclarece me a Clarissa enquanto entrança o meu cabelo.

Claro, era só o que faltava. Mais um dos almoços da realeza do meu pai. Bom, pelos menos escapo às aulas da tarde.
Saio do meu quarto, e vou para o salão. Lá encontro sentados à mesa o meu pai, a minha mãe, e a Anna.

- Querida filha, que bom vê la. Sente se. - diz o meu pai, que se levanta para me abraçar.

- A si também pai, não o via faz três dias. - digo depois do abraço e faço uma pequena vénia. Embora seja meu pai, ele continua a ser imperador. - Mãe, bem vinda de volta.

- Olá Nadya. - diz friamente a minha mãe, sem sequer olhar para mim e continua a comer.

A minha relação com os meu pais nunca foi boa. Eles adoram a minha irmã e mimam na ao máximo, visto que ela é o futuro do império deles. Eu sou simplesmente a número dois, apareçi no mundo do por engano, literalmente. A minha existência nunca foi prevista, ao contrário da Anna. Supostamente,  a minha mãe só teria um filho, o herdeiro. Nesta altura, não é comum as mulheres reinarem, por isso os meus pais apanharam um valente desgosto duplo. Não tiveram um rapaz e tiveram uma filha a mais.
Parece que a minha mãe me odeia por eu ter nacido, mas adora a minha irmã e parece duas pessoas diferentes quando dirige a palavra a mim ou à minha irmã. O meu pai já não é tanto assim, ele adora me e eu adoro o a ele. Ele trata me bem, ao contrário da sua esposa que é mais fria que a neve que cai lá fora. Embora esteja muito ocupado, não me trata como se fosse indesejada passada, presente e futuramente, arranja sempre um pouco de tempo para mim. A única coisa que eu não gosto do meu pai, é que ele nunca me conta nada. Parece que não confia em mim, mas conta tudo à menina- próxima - imperatriz.
Grande parte do tempo os meus pais estão fora do palácio ocupados com assuntos reais e bailes nobres e eu fico com a coordenadora. Eu não diria que me importo que eles não estejam, visto que assim fico com mais tempo para me esgueirar para fora dos muros do palácio, mas sinto falta de figuras paternais por onde me guiar.
Eu espero um futuro maior do que aquele que me foi destinado à nascença.

- Filha, hoje para o almoço vamos ter uns convidados muitos especiais. O facto de eles virem cá pode trazer muitas coisas boas para o nosso país. - diz o meu pai no seu tom mais Imperial. - Quero que te portes como a princesa que és e os recebes a todos educadamente.

- Muito bem, pai. Como desejar. - Não faço mais perguntas se sei que ele não mas vai responder, apenas aceito o estúpido do almoço.

Passadas algumas aulas, a hora do almoço chega e vamos diretamente para o jardim. O meu pai achou acolhedor fazermos um piquenique numa das nossas herdades, a mais perto do palácio, o que eu achei uma estupidez. Estamos no início do inverno, mas ele disse que estava um belo dia.  Os empregados estenderam uma grande toalha na relva e passado algum tempo à espera dos convidados, eles finalmente chegam numa carruagem luxuosa cheia de ornamentos e pintada a ouro.
Da carroça saí primeiro um homem de estatura média, um pouco gordo e com um vistoso bigode louro em que as pontas se enrolam para cima. No lado direito do casaco, expõem uma grande coleção de medalhas brilhantes e cuidadosamente polidas.

O próximo a sair da carruagem é um rapaz um pouco mais velho do que eu, vestido da mesma maneira requintada que o pai, mas sem medalhas. É bastante bem parecido, mas não me atrai. O seu olhar fixa no meu, mas desvio o olhar e finjo estar super interessada nos adornos da carruagem.

Depois saem ao mesmo tempo uma senhora e uma menina um pouco mais nova que eu, as duas em vestidos lindíssimos, tão adornados quanto a carruagem. Por mais nova que a menina seja, possui uma enorme quantidade de jóias lindas e caras, assim como a sua mãe. São as duas muito bonitas e delicadas.

Depois de saírem todos, o meu pai dirige se ao imperador e cumprimentam se. Em momentos também a minha mãe e irmã cumprimentam as senhoras, fazendo vénias. Eu pareço petrificada a olhar para o chão, e enquanto o fixava, vejo um par de botas de camurça azul mesmo por baixo de mim. Levanto a cabeça assustada, e vejo o filho do imperador, significamente perto de mim. Dou um ligeiro passo atrás.

- Boa tarde majestade. Devo agradecer a si e à sua família por nos terem convidado hoje. É um prazer conhecer uma dama tão bela como vós.- diz, pega na minha mão e beija as suas costas.

- Igualmente, obrigada. - digo no meu tom de voz mais educado e principesco, embora esta a ser um pouco irónica e a fingir. Não gosto de tanta educação junta, é apenas o meu dever como membro da realeza, não ser quem sou realmente e portanto, ter uma atitude falsa.

Aproxima mo nos do resto dos convidados e cumprimento os.

Seguimos para a manta, senta mo nos e abrimos alguns cestos de piquenique. Almoçamos e depois de um almoço cheio de palavras doces e educadas, os senhores decidem pegar nas espingardas e irem à caça pela floresta da herdade.
Antes que as senhoras começam a falar de assuntos reais pouco interessantes na minha opinião, consigo esgueirar me sem me verem. Aparentemente, estou a tornar me uma mestre nestes tipos de coisas. Aqui não cai muito neve, visto que as árvores servem de proteção e ela não cai. Subo  a alta colina, pisando alguma neve ao acaso e quando chego ao cume, sento me encostada a um tronco de árvore. Fecho os olhos e lembro me do rosto do Dimitri.
De repente, sinto duas mãos quentes pousarem delicadamente sobre os meus olhos, impedindo me de ver o que quer que seja.

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