capítulo 13

65 3 0
                                    


Depois de entrarmos na carruagem, o cocheiro bate com as rédeas nos cavalos e começamos a andar. Atravessamos a grande pátio principal do palácio, até chegarmos aos grandes portões de ferro.
Quando nos aproximamos, um guarda de vigia ao portão grita para dois outros guardas que abram os portões.
Enquanto atravessamos os altos portões de ferro, todos os guardas se curvam, eu aceno lhes alegremente e a sorrir. Sei que é contra as regras, mas se sou princesa, prefiro ser uma simpática.
Chegamos à vila, e atravessamos as ruas cheias de gente mal agasalhada, sujas, provavelmente de estômago vazio e de queixos a tremer devido ao frio. Não me importava de ser assim.
Quando passamos por eles na carruagem, as suas caras ficam aterrorizadas, como se o meu pai as fosse mandar prender ou enforcar. Imediatamente, todas as pessoas presentes na rua ajoelham se e tocam com as suas testas no chão. A carruagem pára de repente, o meu pai é o primeiro a sair e depois ajuda me as descer. Olho em volta, e consigo reconhecer algumas formas que custumo ver há noite, a padaria, o ferreiro, e ao longe a floresta densa e escura.
O meu pai encaminha me para a frente de uma pequena loja, olho para cima para o letreiro e leio " Casa de peles Valdir e filho ".
Uma casa de peles? Será que é a casa de peles do pai do Dimitri?
Antes que possa pensar melhor no assunto, o meu pai põem o braço nos meus ombros e levam me com ele para dentro da loja.
É uma loja bastante bonita e acolhedora, quente, toda feita de madeira e com um cheiro a couro.
À frente do balcão de madeira, está um homem alto com um avental cinzento vestido e virado contra nós.

- Boa tarde, em que posso aj... ohhh, sua alteza real! Princesa! Perdoem o meu atrevimento, as minhas mais sinceras desculpas. Bem vindos à minha loja, em que posso servi los, altezas? - o homem vira se a sorrir, mas imediatamente a alegria dá lugar ao medo. Imediatamente ele desculpa se e faz uma grande vénia.

- Boa tarde humilde senhor, eu gostaria de experimentar uma capa para usar num evento da corte que vou realizar no palácio. Ouvi dizer que as suas peles são de ótima qualidade, tenho a certeza que aqui encontro o que desejo. - diz o meu pai com um pequeno sorriso no rosto.

- Meu imperador, agradeço o elogio. De facto, a minha loja tem as melhores peles desta vila, não há melhor. Que tipo de capa sua excelência tem em mente? Tenho casacos e capas de pele de raposa, lince, urso, coelho, texugo, coiote. Aquilo que sua Alteza desejar.

- Sinceramente não tenho nada em mente, apenas uma capa quente, comprida e digna de ser usada num evento real. Deixo o nas suas mãos.

- Meu senhor, mas que honra. Sugiro lhe algumas das capas que tenho em reserva, são as minhas melhores capas. - O senhor vira se para a porta e chama alguém - Filho, anda cá depressa.

Passado três segundos, a porta que está ao meu lado abre se, e aparece um rapaz magricela, com as mangas puxadas para cima, a camisa branca desbotada e as calças sujas. Um rapaz que faz o meu coração bater mais depressa, as minhas faces ferverem e que aparece frequentemente nos meus sonhos.
Dimitri.
Mas quando o vejo agora parece que congelo. Depois de ele abrir a porta, tira os olhos do chão e olha para mim de boca aberta e com os olhos arregalados.
Parece que os dois congelamos e ficamos a olhar fixamente e corados um para o outro.
De repente o pai dele tira o do transe, pondo lhe a mão sobre a parte de trás do pescoço e puxando para o balcão de madeira, perguntando onde estão os modos dele.

- Perdão suas Altezas, sejam bem vindos à nossa loja, senhor imperador, princesa. - diz o Dimitri fazendo também uma vénia e olhando corado fixamente para mim.

Coro imediatamente, mas tento conter me pois tenho medo que os nossos pais notem.

- Meu filho, podes ir buscar as capas de pele de raposa vermelha, a de lince e a de urso que estam na reserva? - pergunta o pai do Dimitri virando se para o filho, este vira imediatamente costas e passa novamente pela porta.
Passados alguns minutos, o Dimitri regressa com três capas dobrados sobre os braços, entrega as capas ao pai e recua. O pai dele curva se um pouco e com a permissão do meu pai, coloca lhe uma das capas sobre os seus ombros e ajusta a ao tamanho do meu pai.

- Querida, não queres procurar algo para ti? Podias comprar uma bonita capa para usares na festa. - pergunta o meu pai, distraído enquanto vê se a capa lhe assenta bem.

- Haaa... claro, muito bem. - digo a gaguejar.

- Rapaz, podias ajudar a minha filha a procurar algo para ela? Vou confiar em ti. -pergunta o meu pai, olhando para o Dimitri que cora. Não sei porquê, mas também eu coro ligeiramente.

- Agradeço a sua confiança, meu senhor. A princesa fica segura comigo, não se preocupe. -diz o Dimitri.

Imediatamente, o Dimitri faz me sinal para a porta e puxa me discretamente se o meu pai ver. Passamos a porta, e entramos noutra divisão, passamos outra porta e passamos por ela. Assim que estamos sozinhos e com a porta fechada e trancada, o Dimitri vira me para si, agarra me nos ombros e olha me com um olhar gélido.

- O que estás a fazer aqui? É demasiado suspeito. - diz baixinho. Contaste ao teu pai sobre este sítio?

- Também estou feliz por te ver, obrigado. Não, não contei ao meu pai sobre isto, eu nem sequer sabia onde ficava, foi mera coincidência. - digo zangada, solto me dele e viro lhe as costas de braços cruzados. Só passado uns segundo, percebo que foi uma atitude injusta e infantil.

Ele puxa me os ombros, virando me para ele e abraça me. Imediatamente também ponho os braços à volta das suas costas, arrependida pela minha atitude.

- Desculpa, não devia ter falado assim contigo. Apenas me preocupo que alguém descubra o nosso segredo. - diz delicadamente, perto do meu ouvido.

- Também peço desculpa. Mas ainda assim estou tão feliz por te ver, o destino juntou nos por mero acaso. - digo, antes de ele me afastar um pouco ligeiramente.

- Também estou feliz por te ver, minha princesa. Sempre vais hoje à noite como combinado? Estou ansioso que conheças os meus amigos. - diz intusiasmado.

- Sim, é claro que vou, mas só se me prometeres que não sais do meu lado. Nunca estive com ninguém da minha idade para além de ti, e não tenho a certeza se lhes vou agradar. - digo com timidez e assustada por pensar em estar com outras pessoas.

- Não te preocupes, não te perco de vista, prometo.

Logo depois de ele terminar de falar, ouvimos a voz do pai do Dimitri a perguntar se está tudo bem aqui. Entramos em pânico, se o meu pai descobre que estou nesta sala, trancada com o Dimitri, é o fim do rapaz que amo.

- Sim pai, a princesa está bem. Voltamos agora mesmo. - O Dimitri olha para mim em pânico e depois olha para um armário muito grande. Corre até ele, abre o e tira de lá de dentro uma capa de pele raposa das neves.
Puxa me rapidamente e passamos pelas salas, quando chegamos à última porta, ele pára. Põe as duas sobre os meus ombros, olha me nos olhos e dá me um pequeno beijo delicado nos lábios. Muda a expressão do seu rosto, abre a porta e curva se para me deixar passar.

- Filha, escolheste algo para ti? Eu vou levar esta capa de pele de raposa vermelha, que te parece? - pergunta
me o meu pai.

Ainda estou um pouco tonta devido ao beijo do Dimitri, mas quando consigo ganhar a noção da realidade, vejo que tenho uma resposta para dar.
Penso rapidamente, olho para o Dimitri e vejo um tecido fofo e branco dobrado nos seus braços. Uma ideia cresce na minha cabeça.

- Sim pai, escolhi esta capa de pele de raposa das neves. A tua capa vai ficar muito bem com o fato que vais usar no baile. - digo apontando para a capa nas mãos do Dimitri.

- Muito bem. Meu bom homem, espero que esta quantia chegue para pagar as duas capas. - O meu pai estende um pequeno saco de tecido atado com um fio vermelho e coloca o no balcão.

- Por favor meu imperador, não se incomode com isso. Veja isto como uma oferta da nossa humilde casa e como um presente por cuidar tão bem deste país. - O pai do Dimitri curva se um pouco.

- Obrigado humilde homem, têm aqui uma bela loja e um grande filho. - diz o meu pai virando se para o Dimitri.

Sim, um grande filho de facto...

Olá a todos, peço desculpa por ter demorado tanto a publicar o capítulo. Mas a história continua e não deixem de ler e votar!

Um beijo e abraços da
Setsuko

A Pequena Imperatriz Onde histórias criam vida. Descubra agora