capítulo 15

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- Que bom que vieste, estou ansioso que conheças os meus amigos! - o Dimitri afasta me um pouco e olha me nos olhos.

- Sim, mas sabes, estou com um pouco de medo de estar com outras pessoas da minha idade ou que me descubram. - digo baixando a cabeça e puxando o capuz um pouco mais para a frente. O Dimitri pões os dedos da mão esquerda no meu queixo e levanta o delicadamente para cima em direção aos seus olhos.

- Não te preocupes, eu estarei lá para te proteger e não te perco de vista. Vamos, já estamos atrasados.

O Dimitri põem o braço nos meus ombros protegendo me do frio, e começamos a andar pelas ruas em direção à floresta.

- Nadya, quando tu e o teu pai estavam na loja, ele falou de um baile no vosso palácio. É verdade? - o Dimitri pergunta me de repente, quebrando o silêncio.

- Sim, é verdade, daqui a três dias a minha casa vais estar cheia de membros da realeza com as suas conversas aborrecidas, vénias e cortesias. - digo sem ânimo, olhando para o chão. - Porque perguntas?

- Por nada, mas tenho a certeza que vais superar isso. - diz com um grande sorriso, apertando me um pouco mais junto a ele.

Sinto me tão bem, aqui junto a ele, a sentir o seu cheiro, o seu calor.
Poucos minutos depois, entramos na densidade da floresta, exatamente igual à noite em que o Dimitri me levou a ver a Aurora Boreal.
Uma alcateia de lobos uiva ao longe, à luz da lua, um mocho pia e consigo ver uma pequena raposa laranja a correr na neve por entres as árvores ao nosso lado. Por momentos, parece que a raposa pára no meio da neve, olha me nos nos olhos e ela sorri um pouco.

 Por momentos, parece que a raposa pára no meio da neve, olha me nos nos olhos e ela sorri um pouco

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- Pássa se alguma coisa Nadya? Estás muito destraída. - O Dimitri tira me do transe de repente, enquanto eu olhava para a raposinha sorridente.

- Não, não. Sabes, ultimamente dizem me isso muitas vezes. - Digo, quando me lembro do meu pai.

Ele ri se, continuamos o nosso caminho e ele diz que chegámos. Ele puxa me o capuz mais para a frente e aconselha me a baixar um pouco a cabeça. Olho discretamente um pouco à frente e fico maravilhada com o espaço. É um pequeno lugar coberto de neve com algumas árvores e no meio dele, corre um largo fio de água que não congelou. A lua está cheia e ilumina todo o lugar com a sua luz branca e brilhante. Por momentos lembro me da triste história que li à pouco, da rapariga e do marinheiro.
Vejo uma grande fogueira com chamas altíssimas no meio da neve perto de algumas árvores, e à volta dela estão sentados em mantas algum indivíduos a olhar as chamas. No meio das labaredas está pendurada uma panela de ferro velho, que lança vapor sem parar e um cheiro delicioso a carne.
O Dimitri levanta o braço e grita para os avisar que estamos ali, todas as pessoas do grupo rodam as cabeças e acenam de volta, sorridentes.
O Dimitri diz me para ter coragem, força e não ter medo, quando eu me encolho um pouco e tapo me mais com a capa. Acho que as suas palavras tiveram precisamente o efeito contrário, deixando me ainda mais nervosa.
Aproximo mo nos mais do grupo e consigo agora ver dez rostos vermelhos iluminados pelas labaredas crepitantes do fogo.
Aparentam todos ter a minha idade, alguns com rostos mais maduros, outros com uma cara infantil.
Metade do grupo são raparigas, bonitas, maduras.
Por uns segundos fico a pensar, no meio de todas aquelas raparigas lindas e adultas da vila, porque é que o Dimitri me escolheu. Na vila moram todas estas raparigas, despostas a casar com ele de livre vontade, mas porque escolheria ele uma pessoa que sabe que provavelmente nunca poderá ter.

- Ei Dimitri, quem é que trouxeste contigo? - um rapaz de alto e magricela pergunta lhe, na minha opinião, muito grosseiramente.

- Esta é a Lara, uma amiga minha de uma aldeia próxima daqui. Está de visita à nossa vila e pensei em traze la. - O Dimitri apresenta me com um sorriso, e um olhar estranho e desconfiado corre os rostos dos restantes presentes. Parece que esta noite terei de ser a Lara.

- Olá, prazer em conhece los. - digo. Em vez de responderem como em previa, o silêncio instala se e apenas dois miúdos mais novos e uma rapariga levantam o braço e acenam me. Esta noite vai ser muito dura.

O Dimitri leva me para dois lugares vazios na roda e sentamos nos em cima de algumas mantas velhas estendidas na neve. Fiquei ao lado da única rapariga que me acenou, simples mas com um aspeto simpático e o Dimitri tem ao seu lado uma rapariga linda, jovem, alta, umas belas sardas espalhadas pelas bochechas e lindos olhos azuis.
Sinto um pouco de ciúmes, quando o Dimitri se senta e a tal rapariga sorri para ele, lançando lhe um olhar apaixonado.

- Olá! - sou apanhada de surpresa enquanto estava a olhar para eles, pela voz da menina ao meu lado. Tem um sorriso lindo e olhos claros como a água.

- Olá. Como te chamas? Eu sou a Lara. - digo, pensado que talvez já tenha alguém com que conversar esta noite.

- Eu sou a Anastasia, tenho treze anos. E tu? - diz com uma voz doce e meiga de menina.

- Eu tenho 15 anos. - digo tentando ser simpática, mas não muito educada para não levantar suspeitas.

- Então, como conheceste o Dimitri? Ele é mais velho e não moras nesta vila. - demoro um pouco a pensar na resposta, ou melhor, em outra mentira, das muitas que disse e vou dizer esta noite.

- Às vezes ele e o seu pai iam entregar peles à minha aldeia, e acabámos por ficar amigos. E tu, como o conheces? - acho que não foi uma mentira muito credível.

- Ele é um rapaz muito conhecido na nossa aldeia e eu moro na casa ao lado da dele, eu vejo o como um irmão mais velho. Em pequenos brincávamos juntos, embora a diferença de idades. Ele é um rapaz espetacular. - diz com um sorriso, e sinto me muito feliz e aliviada por ouvir aquilo que queria. Parece que o Dimitri é mesmo um bom rapaz.

- Posso perguntar te uma coisa, Anastasia? - pergunto baixinho com vergonha - Quem é a rapariga que está a falar com o Dimitri?

- Ela? É a Yuri, uma amiga do Dimitri da mesma idade que ele. Eles dão se muito bem, e os seus pais são amigos. Corre o boato que o pai do Dimitri e o pai da Yuri estão a planear unir as suas famílias casando os seus filhos.

Casar? Porque é que ele não me disse nada sobre outra rapariga? Sinto uma dor agonizante no meu peito, por pensar que ele me mentiu ou não confiou em mim.

- Está tudo bem Lara? Pareces pálida, porque não tiras esse capuz e te refrescas? - Quando acaba de falar, estende a mão para me agarrar o capuz, mas imediatamente eu agarro o com força.

- Está tudo bem, não te preocupes. - digo rapidamente a rir me para disfarçar. Esta foi quase, podem estar presentes pessoas que me reconheçam. Por precaução vou permanecer com o capuz.
Sinto alguém atrás de mim dar me pequeno toque nas costas, viro me e vejo o Dimitri com uma cara de preocupação.

- N... Lara, está tudo bem? Ouvi a Anastasia dizer que estavas pálida. - Por pouco não revelou o meu verdadeiro nome.

- Sim, estou bem - digo, feliz por saber que ele se preocupa comigo.

- Se calhar estás com fome, porque não começamos a comer. - sugere ele, virando se para o resto das pessoas.

Todos concordam e um rapaz alto levanta se e dirige se a um saco de pano. De dentro do saco retira algumas tigelas, talheres e com uma grande colher começa a dividir o conteúdo da panela por todas as tigelas.

Quando finalmente o rapaz me estende uma tigela de barro vermelho, agradeço lhe e ele sorri. Olho para a sopa castanha, quente e fumegante na tigela, com grandes pedaços de carne, e ao que me parece ser, cenoura. Não é a comida a que estou acostumada comer no palácio, mas não me faço de esquisita e começo a comer como toda a gente. Talvez seja devido à fome, mas a sopa não sabe mal de todo, é quente, e aposto que não sou a única que pensa que este líquido quente nos destrai do frio das montanhas e nos aquece o peito.

- O que achas? Está boa? - a voz doce, suave e alegre do Dimitri distrai me dos meus pensamentos da sopa.

- Sim, está deliciosa e aqueceu me. Estou muito feliz por ter vindo. - digo com um grande sorriso no rosto coberto por pequenas partículas de gelo.

- Ainda bem que te estás a divertir.

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