Regressamos a casa perto da hora do almoço, por isso, eu e os meus pais reunimo nos no salão e almoçamos todos juntos.
Enquanto comíamos, permanecemos em silêncio e de cabeça baixa sem referindo uma palavra sobre o funeral ou a morte da minha irmã.
Após a refeição, cada um dos membros da família real segue para as suas respetivas tarefas: o meu pai para o seu escritório para tratar de assuntos reais, a minha mãe para um encontro com algumas damas da corte e eu para a minha entediante aula de violino.
Às 15 da tarde, depois de a minha aula acabar, a Clarissa vêm ao meu encontro com um recado importante. Segundo ela, o meu pai está à minha espera na biblioteca do palácio para esclarecer alguns assuntos importantes comigo. Parece que tem algo de muita urgência para me dizer. De modo a não fazer o meu pai esperar, corro à velocidade do vento em direção à luxuosa e gigantesca biblioteca do Palácio Imperial Russo.
Uma das maiores e mais bonitas bibliotecas de toda a Rússia, contendo mais de mil livros de todas as formas, tamanhos e mais antigos que o próprio tempo. As mais belas histórias do mundo podem ser encontradas aqui, espalhadas pela prateleiras cheias de manuscritos valiosos e frágeis. A luz quente do sol da tarde entra pelas enormes janelas de vidro, e deixa visíveis milhares de pequenos flocos brancos que dançam ao sabor do ar pesado com aroma a livros e a tempo.
Depois de percorrer o longo caminho de azulejo até ao fundo da biblioteca, encontro o meu pai sentado num grande cadeirão de veludo a ler um pequeno livro. Ao reparar na minha presença, sorri, levanta se rapidamente da cadeira e pousa o livro numa pequena mesa ao seu lado.- Pai, querias falar comigo? - pergunto indo direto ao assunto, depois de parar no fim do corredor alguns metros à sua frente. Ele cruza os braços atrás das costas e muda a sua expressão no rosto, para algo mais sério, pensativo e de alguma forma, intimidante.
- Sim, minha filha. De facto, chamei te aqui porque queria discutir contigo um assunto muito importante que põem em causa todo o futuro do nosso império.
- E do que se trata esse assunto de tão grande importância? - pergunto, amedrontada.
- Como deves saber, o teu noivado com o Alexis só estava planeado para se realizar daqui a alguns meses, dando o tempo suficiente para que a tua irmã pudesse ser coroada imperatriz da Rússia e eu distituido do cargo de imperador. Mas, devido à trágica morte da tua irmã Anna, a Rússia ficou sem um sucessor. Por essas razões, falei com o imperador da Áustria e fiz algumas alterações no nosso acordo.
- Que alterações, pai? - sinto as minhas mãos a tremer. Porque será que ele me deixa sempre sem a última resposta?
- O pai do Alexis e eu decidimos que, em vez de te tornares imperatriz da Áustria, iremos unir os dois impérios e torná lo num só, a Áustrio - Rússia. Uma nação mais rica, vasta e forte, que precisa imediatamente de um imperador e de uma imperatriz. Assim, daqui a quatro dias irás partir para Viena, que será a capital da Áustrio - Rússia, onde irás casar com o Alexis e tornar te imperatriz.
- O quê?? Não. Não pai, não posso aceitar isso, eu não amo o Alexis, e não quero unir a Rússia à Áustria. Quero ficar aqui pai, por favor. - elevo o meu tom de voz, e digo, à beira das lágrimas.
- Nadya, não posso fazer nada, já está tudo tratado. Tomei esta decisão a pensar num futuro melhor para ti e para o nosso país.
- NÃO! Apenas pensas te no teu cargo, no teu país e não em mim. Eu...
Antes que possa terminar a minha frase, chega aos meus ouvidos uma voz desesperada que chama por mim ao longe e desperta a minha atenção. Uma voz doce familiar, que grita fortemente o meu nome ao fundo do corredor.
Quando me viro para ver o que se passa, na porta de entrada da biblioteca ao fundo do corredor, aparece o Dimitri a ser fortemente agarrado pelos braços por dois guardas reais. Ele luta para se libertar das garras dos guardas, mas eles são o dobro do tamanho dele e não há maneira de cederem.
Não sei como ei de reagir ao vê lo aqui no palácio, o meu coração diz me para correr para os seus braços e beija lo, mas a minha cabeça avisa me para não o fazer, podendo pôr em risco a sua segurança.
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A Pequena Imperatriz
Ficción históricaRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...