Aquele estranho que caiu de forma bruta em cima de mim, que será? E porque estaria a fugir daqueles homens?
Quando finalmente abro os olhos, vejo um rapaz de cabelo castanho da cor do chocolate, comprido e despenteado, que aparenta ser um pouco mais velho que eu, está em cima de mim, impedindo me de me mexer.
Depois de um bocado é que noto que alguma coisa estranha e quente está encostada aos meus lábios. É algo que nunca antes tinha sentido.
Parece que tudo à nossa volta pára, as pessoas, o tempo, nem sequer sinto a neve gelada derreter nas minhas costas e a molhar a minha capa.
Ao fim de algum tempo, acabo por perceber que o rapaz está a beijar me devido a ter caído em cima de mim.Ele afasta se rapidamente para trás e olha para mim com a cara corada de vergonha.
- Perdão, peço desculpa! Lamento, não era minha intenção - diz.
- Não faz mal, eu é que lamento. - digo. Ele levanta se e estende me a mão para me ajudar a levantar.
- Está bem, menina? - diz, eu aceito a sua ajuda e levanto me.
Sacudo neve da minha capa, do cabelo e apanho um susto quando vejo que o meu capuz descaiu para trás da minha cabeça. Volto a colocá lo rapidamente sobre a minha cabeça e escondo o meu cabelo louro. Olho para o rapaz, as suas roupas estão todas esfarrapadas, e está mal agasalhado, mas ainda assim consegue por um sorriso no rosto. Os meus olhos encontram os seus , simples e castanhos, mas de tamanha e profunda beleza.
- O meu nome é Dimitri, prazer menina. - diz a sorrir. - Como se chama?
- N... - penso duas vezes antes de lhe revelar o meu nome. Não posso correr o risco de ele me reconhecer.
Olho para o céu, o sol já se pôs. Tenho de voltar. - Perdoa me, tenho de voltar para casa. - digo e começo a correr.- Espera, volta. - grita, mas continuo a correr.
Dimitri a narrar
Quem seria? Era tão bela, e tinha um ar tão delicado e nobre. Tento fazê la parar, mas ela já vai longe. Espero voltar a vê la, mas porque se estaria a esconder?
A poucos metros de mim, vejo algo a brilhar na neve branca. Aproximo me, apanho o, e olho admirado. Vejo ali na minha mão um medalhão do ouro mais puro, com esmeraldas verdes a formar uma flor e um pequeno rubi no meio. Abro o, e lá dentro, pequenos rubis vermelhos formam uma palavra.Nadya...
Nadya a narrar
Chego finalmente ao palácio depois de ter corrido imenso, entro pela porta dos empregados e subo a luxuosa escadaria de mármore que dá para o meu quarto. Fecho a porta atrás de mim, encosto me a ela e deixo me cair no chão.
Ouço alguém a bater à porta, corro para a cama e tapo me com os lençóis até ao queixo, de modo a que não se veja a minha capa. Alguém bate à porta e eu dou permissão para entrar.
- Como está majestade? Pensei que já estivesse a dormir- diz a minha cordenadora, quando a sua cabeça aparece pela porta. - Pássa se algo, majestade?
- Claro que não, estou ótima! Obrigada. Bom, acho que vou dormir. Boa noite - digo rapidamente. Nunca fui muito boa a mentir.
- Muito bem, como desejar. Boa noite. - diz e vai se embora, fechando a porta devagar.
Saio da cama, tiro o vestido, a capa, as botas, visto a minha camisa de noite e volto a deitar me.
Dimitri, o meu primeiro beijo. Mas não posso pensar nessas coisas, só o vi uma vez, embora ele tenha sido o meu primeiro beijo.
Esqueço aquelas ideias absurdas, apago a minha vela e volto me para o outro lado da cama.
Mesmo contra minha vontade, sonho com um rapaz alto de cabelo castanho chocolate, faces rosadas, olhos castanhos profundos e um sorriso encantador e charmoso.
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A Pequena Imperatriz
Ficción históricaRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...