capítulo 25

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Depois de chorar todas as lágrimas amargas que desejava nos braços do Dimitri, retornei ao palácio na sua companhia e despedi me dele. Antes de lhe virar as costas, ele beijou me delicadamente a testa, abraçou me e reconfortou me com palavras calmas e doces.
Voltei ao palácio, e já dentro do meu quarto, fechei me dentro do meu roupeiro.
No fundo escuro, encontro a minha caixa e retiro de dentro dela a caixinha de música. Mergulhada na escuridão, dou lentamente corda à caixa, e fico durante algum tempo a escutar a doce e melancólica melodia.
Depois de escutar a música, meto me na cama e fecho os olhos. Apenas vejo escuridão, dor, perda. Mas, mesmo no meio das trevas, algo brilha ao longe. Algo quente, doce e carinhoso, que me puxa para si e me envolve nos seus braços, devolvendo me a alegria e o sentimento de ser amada.

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Como todos os dias, acordo bem cedo, mesmo antes de os primeiros raios de sol nascerem.
Hoje irá realizar se o funeral da minha querida irmã no Cemitério da Família Real Russa, onde estão enterrados todos os líderes russos até à data e suas respetivas famílias.
Decido usar um vestido negro com renda, luvas, meias, sapatos e jóias também da mesma cor. Para combinar, no lugar da coroa vou usar um pequeno chapéu preto e uma sombrinha rendada e negra.

 Para combinar, no lugar da coroa vou usar um pequeno chapéu preto e uma sombrinha rendada e negra

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Depois de arranjar me, encontro me com os meus pais no salão e juntos partimos na carruagem em direção ao cemitério Real

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Depois de arranjar me, encontro me com os meus pais no salão e juntos partimos na carruagem em direção ao cemitério Real.
Assim que chegamos, todas as pessoas convidadas já se encontram no local. Alguns membros da família, da realeza, amigos chegados, o Alexis e a sua família, e o príncipe Richard, que parece ligeiramente mais abatido que os restantes presentes.
O relvado do cemitério está repleto de pequenas e frias lápides de pedra cinzenta, cada uma delas com um nome gravado. Nomes de pessoas que ao longo do tempo governaram o meu país, tornando o naquilo que ele é hoje. Nomes de poderosos líderes, de governadores.
O dia está bonito, embora o ar esteja pesado e cheio de tristeza.
Todos os presentes se aproximam do grande caixão castanho envernizado depositado numa cama de belas rosas brancas.
Eu e os meus pais ficamos mesmo em frente da sepultura junto do padre, prontos para ouvir o seu discurso.
Depois de algumas palavras sagradas do padre, dois homens vestidos de negro fazem o caixão pesado descer para dentro da sepultura. Antes de o cobrirem de terra e o selarem para sempre, decido despedir me uma última vez da Anna.
Coloco me em frente ao buraco no solo onde a minha irmã irá descansar para sempre, e penso em tudo o que passámos juntas, o que vivemos, o que nos zangamos. À memória vêm me imagens, lembranças, pedaços felizes do passado que me fazem ficar com os olhos cheios de lágrimas. Afasto esses pensamentos e memórias, e deixo cair dentro da sepultura uma pequena rosa branca, as preferidas da Anna. Deixo escapar algumas lágrimas, mas limpo as imediatamente com a manga do vestido.
Depois de taparem a sepultura com terra e de todos darem uma última pequena homenagem à minha falecida irmã, todas as pessoas que assistiram à cerimónia começam a reunir se junto dos meus pais para apresentarem as suas condolências.
Apertos de mão amigáveis, palavras consoladoras, abraços carinhosos. É isto que recebemos quando morre alguém querido? E para quê! Não mudará nada no fim de tudo, nada pode ser alterado.
A dada altura, todos se começam a despedir e a abandonar o local. Antes de me ir embora, vou ao encontro do príncipe Richard, sozinho encostado a um tronco de árvore.
Consigo ver a tristeza espalhada nos seus olhos verdes e no seu rosto. O fato negro está todo enrugado e cabelo castanho claro todo despenteado e caído sobre os olhos. Uma aparência muito pouco digna de um príncipe.
Aproximo me, mas ele não repara na minha presença, continuando a fixar constantemente o relvado com um olhar vazio. Toco lhe levemente no braço, e finalmente ele olha para mim.

- Sabes, - começo devagar - a Anna realmente amava te, Richard. Acho que ela queria mesmo casar contigo, do fundo do coração. Mesmo ela tendo partido, sei que ela nunca te esquecerá. E penso que tu também nunca a esquecerás.

São as únicas palavras que consigo dizer que me parecem bem para consular um coração despedaçado.
Ele sorri levemente, desvia os olhos do relvado e coloca os no céu, que entretanto se enchera de nuvens cinzentas.

- Sim, eu sei.

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