capítulo 30

92 5 0
                                    


◆♢♡♢◆

-Vitya, querido, não corras. Podes cair e magoar te.

- Sim, mamã! - grita o meu pequenino com a sua voz doce e infantil, enquanto percorre os jardins do parque.

Só de pensar o quanto cresceu nestes últimos três anos desde que chegámos à capital francesa num barco vindo da Rússia.

Depois de embarcamos no barco, o Dimitri e eu passámos 8 dias no mar até chegarmos a Paris.
Quando saímos do barco, lembro me de ficarmos felicíssimos por finalmente termos saído da Rússia. Durante algum tempo, andámos à deriva pelas ruas da cidade parisiense, sem sabermos com certeza o que fazer ou para onde ir. As minhas aulas de francês foram a nossa salvação e com parte do dinheiro que nos restou conseguimos sobreviver durante algumas semanas.
Arrendámos um quarto na baixa da cidade, pequeno e húmido, mas era um sítio temporário para podermos chamar de casa.
Dias mais tarde, comecei rapidamente a procurar um emprego, com medo de o dinheiro acabar. Ao fim de algum tempo a procurar, acabei por encontrar um trabalho fantástico como pianista aspirante num teatro, emprego que mantenho até hoje com orgulho.
O Dimitri arranjou alguns trabalhos temporários durante o nosso primeiro ano em Paris, nos correios, nas obras ou a trabalhar nas docas.
Ao fim de um ano, conseguimos assentar e integrar nos na nossa nova vida como parisienses. Tentámos ao máximos passar despercebidos, invisíveis, sem chamar muito as atenções.

A princípio foi duro lidar com uma mudança tão grande nas nossas vidas, mas rapidamente, quer quiséssemos ou não, nos habituámos.
Numa tarde de verão, enquanto dávamos um passeio, o Dimitri pediu me a mão em casamento numa ponte por cima do rio Sena. Casámos nos numa igreja lindíssima, uma cerimônia pequena, apenas o padre e nós dois a selar um compromisso para a vida.
Mudámos os nossos sobrenomes para Demyan, de modo a apagar os rastos das nossas vidas passadas.

Mudámos os nossos sobrenomes para Demyan, de modo a apagar os rastos das nossas vidas passadas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Semanas depois do casamento, começei a sentir me um pouco estranha e indisposta. Consultei um médico e ele deu me a feliz notícia de que eu estava à espera de um filho. Recordo me bem de nesse dia regressar a casa e de o Dimitri chorar durante horas enquanto me abraçava a barriga e a beijava, depois de lhe contar a grande notícia. Nesse dia, o sorriso no seu rosto foi um dos maiores que já vi.
Todas as noites, depois de nos deitarmos na cama do nosso minúsculo apartamento, o Dimitri ficava deitado abraçado à minha barriga, mas acabava por adormecer a meio da sua conversa com o nosso pequeno filho. A gravidez correu às mil maravilhas e fiz uma pequena pausa nos concertos de piano no teatro para descansar.

O Dimitri também chorou quando o bebé nasceu, nove meses mais tarde.
Vitya, um pequeno, lindo e doce bebé, fruto do nosso amor e esperança. No dia em que nasceu, a primeira coisa que me chamou mais à atenção nele foram os seus pequenos olhinhos azuis. Os olhos do meu pai.

E ele cresceu tão depressa, saudável e feliz ao nosso lado, livre, sem as regras rígidas da realeza a que fui submetida. Para nós, ele era a criança mais bonita de toda a cidade de Paris, com os seus caracóis loiros compridos, os olhos azuis profundos do seu avô e a personalidade doce e aventureira do pai.
Ao longo dos seus três anos de vida, o Dimitri e eu ficámos encarregues de ensinar ao Vitya francês e russo. Estou desejosa de lhe ensinar também a beleza da música e do piano.

Quando o Vitya tinha um ano, depois de termos posto algum dinheiro de lado, saímos do nosso pequeno quarto alugado e conseguimos comprar uma casa bonita e pequena, o suficiente para nós os três. A casa fica perto do parque, por isso é habitual irmos os três passear nos jardins verdes.

Às vezes, eu e o Dimitri contamos ao nosso filho histórias das nossas vidas antes de chegar a Paris, quando ainda vivíamos em Moscovo. O pequeno escuta sempre atentamente com os olhos redondos a brilhar o que lhe contamos. Histórias do imperador da Rússia, o seu avô, sobre a sua tia, sobre uma princesa fugiu por amor.

E agora aqui estamos.
Como a maioria dos domingos, o Dimitri, eu e o pequeno Vitya viemos passear ao parque perto da nossa casa.
A vista é magnífica, e as águas do rio Sena têm como fundo a Torre Eiffel tão alta que parece tocar o céu.
Eu e o Dimitri ficamos sentados num pequeno banco à sombra de uma árvore enquanto observamos o nosso pequeno orgulho brincar numa das fontes do centro do parque. O Dimitri coloca o braço por cima dos meus ombros, puxa me para mais perto de si e beija me a cabeça.

- Mamã!!! Anda ver. - passados alguns minutos, o Vitya chama me para junto de si. Saio dos braços do Dimitri e caminho para junto do meu filho que me acena com a sua mãozinha pequena.

Sei que no futuro me aguarda muita felicidade, aquela que sempre procurei, e mesmo que surjam alguns obstáculos, tenho pessoas com quem os enfrentar.
Ver os sorriso deles todos os dias. Acordar com os seus beijos na minha testa a cada manhã.

Sim. Tenho tudo aquilo que sempre desejei.

Amor, liberdade, uma nova casa, uma nova família.
A família Demyan, a minha família.

Que mais podia eu desejar?


...Fim


♡♡

♡♡♡

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
A Pequena Imperatriz Onde histórias criam vida. Descubra agora