◆♢♡♢◆-Vitya, querido, não corras. Podes cair e magoar te.
- Sim, mamã! - grita o meu pequenino com a sua voz doce e infantil, enquanto percorre os jardins do parque.
Só de pensar o quanto cresceu nestes últimos três anos desde que chegámos à capital francesa num barco vindo da Rússia.
Depois de embarcamos no barco, o Dimitri e eu passámos 8 dias no mar até chegarmos a Paris.
Quando saímos do barco, lembro me de ficarmos felicíssimos por finalmente termos saído da Rússia. Durante algum tempo, andámos à deriva pelas ruas da cidade parisiense, sem sabermos com certeza o que fazer ou para onde ir. As minhas aulas de francês foram a nossa salvação e com parte do dinheiro que nos restou conseguimos sobreviver durante algumas semanas.
Arrendámos um quarto na baixa da cidade, pequeno e húmido, mas era um sítio temporário para podermos chamar de casa.
Dias mais tarde, comecei rapidamente a procurar um emprego, com medo de o dinheiro acabar. Ao fim de algum tempo a procurar, acabei por encontrar um trabalho fantástico como pianista aspirante num teatro, emprego que mantenho até hoje com orgulho.
O Dimitri arranjou alguns trabalhos temporários durante o nosso primeiro ano em Paris, nos correios, nas obras ou a trabalhar nas docas.
Ao fim de um ano, conseguimos assentar e integrar nos na nossa nova vida como parisienses. Tentámos ao máximos passar despercebidos, invisíveis, sem chamar muito as atenções.A princípio foi duro lidar com uma mudança tão grande nas nossas vidas, mas rapidamente, quer quiséssemos ou não, nos habituámos.
Numa tarde de verão, enquanto dávamos um passeio, o Dimitri pediu me a mão em casamento numa ponte por cima do rio Sena. Casámos nos numa igreja lindíssima, uma cerimônia pequena, apenas o padre e nós dois a selar um compromisso para a vida.
Mudámos os nossos sobrenomes para Demyan, de modo a apagar os rastos das nossas vidas passadas.Semanas depois do casamento, começei a sentir me um pouco estranha e indisposta. Consultei um médico e ele deu me a feliz notícia de que eu estava à espera de um filho. Recordo me bem de nesse dia regressar a casa e de o Dimitri chorar durante horas enquanto me abraçava a barriga e a beijava, depois de lhe contar a grande notícia. Nesse dia, o sorriso no seu rosto foi um dos maiores que já vi.
Todas as noites, depois de nos deitarmos na cama do nosso minúsculo apartamento, o Dimitri ficava deitado abraçado à minha barriga, mas acabava por adormecer a meio da sua conversa com o nosso pequeno filho. A gravidez correu às mil maravilhas e fiz uma pequena pausa nos concertos de piano no teatro para descansar.O Dimitri também chorou quando o bebé nasceu, nove meses mais tarde.
Vitya, um pequeno, lindo e doce bebé, fruto do nosso amor e esperança. No dia em que nasceu, a primeira coisa que me chamou mais à atenção nele foram os seus pequenos olhinhos azuis. Os olhos do meu pai.E ele cresceu tão depressa, saudável e feliz ao nosso lado, livre, sem as regras rígidas da realeza a que fui submetida. Para nós, ele era a criança mais bonita de toda a cidade de Paris, com os seus caracóis loiros compridos, os olhos azuis profundos do seu avô e a personalidade doce e aventureira do pai.
Ao longo dos seus três anos de vida, o Dimitri e eu ficámos encarregues de ensinar ao Vitya francês e russo. Estou desejosa de lhe ensinar também a beleza da música e do piano.Quando o Vitya tinha um ano, depois de termos posto algum dinheiro de lado, saímos do nosso pequeno quarto alugado e conseguimos comprar uma casa bonita e pequena, o suficiente para nós os três. A casa fica perto do parque, por isso é habitual irmos os três passear nos jardins verdes.
Às vezes, eu e o Dimitri contamos ao nosso filho histórias das nossas vidas antes de chegar a Paris, quando ainda vivíamos em Moscovo. O pequeno escuta sempre atentamente com os olhos redondos a brilhar o que lhe contamos. Histórias do imperador da Rússia, o seu avô, sobre a sua tia, sobre uma princesa fugiu por amor.
E agora aqui estamos.
Como a maioria dos domingos, o Dimitri, eu e o pequeno Vitya viemos passear ao parque perto da nossa casa.
A vista é magnífica, e as águas do rio Sena têm como fundo a Torre Eiffel tão alta que parece tocar o céu.
Eu e o Dimitri ficamos sentados num pequeno banco à sombra de uma árvore enquanto observamos o nosso pequeno orgulho brincar numa das fontes do centro do parque. O Dimitri coloca o braço por cima dos meus ombros, puxa me para mais perto de si e beija me a cabeça.- Mamã!!! Anda ver. - passados alguns minutos, o Vitya chama me para junto de si. Saio dos braços do Dimitri e caminho para junto do meu filho que me acena com a sua mãozinha pequena.
Sei que no futuro me aguarda muita felicidade, aquela que sempre procurei, e mesmo que surjam alguns obstáculos, tenho pessoas com quem os enfrentar.
Ver os sorriso deles todos os dias. Acordar com os seus beijos na minha testa a cada manhã.Sim. Tenho tudo aquilo que sempre desejei.
Amor, liberdade, uma nova casa, uma nova família.
A família Demyan, a minha família.Que mais podia eu desejar?
...Fim
♡♡♡
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Pequena Imperatriz
Historical FictionRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...