capítulo 14

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Depois de sairmos da loja de peles do pai do Dimitri, entramos de novo na carruagem e seguimos o caminho em direção ao palácio.
Começou a never, pequenos flocos brancos de gelo caiem nas ruas e sobre as cabeças das pessoas que passam na ruas, apressadas para chegarem a casa para o calor das suas famílias.
Estico o braço para fora da janela da carruagem e apanho um pequeno, delicado e fofo floco de neve com a palma da mão. Volto a pôr a mão dentro da carruagem e fico a ver aquele pequeno pedaço de gelo caído do céu a desfazer se e a transformar se numa poça de água minúscula.

 Volto a pôr a mão dentro da carruagem e fico a ver aquele pequeno pedaço de gelo caído do céu a desfazer se e a transformar se numa poça de água minúscula

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- Aquele vendedor era muito simpático, e o seu filho também, não achas querida? - diz o meu pai de repente, assustando me. Coro ligeiramente e desvio a cara para a janela, de modo a que o meu pai não veja a minha cara vermelha.

- Sim, eram muito simpáticos e educados. A loja tinha peles lindíssimas. - digo olhando para a paisagem branca e gelada.

Chegamos finalmente ao palácio, quase na hora de jantar. Depois de sairmos da carruagem, vou imediatamente para o meu quarto e troco de roupa para jantar. Vou para o salão, e juntamente com a minha família, começo a comer.
Durante a refeição, o meu pai começou a discutir conosco alguns assuntos sobre o baile. Os mesmos assuntos chatos da realeza, os quais estou cansada de ouvir e relembrar, o que devo fazer, estar, com quem falar, de quem devo esperar uma vénia ou a quem devo fazê la, com quem dançar, que devo sempre aceitar um convite para a valsa. Já para não falar dos infinitos nomes de duques, duquesas, arquiduques, princesas, reis, viscondes, baronesa, rainhas...

- Filha, estás a ouvir? - pergunta o meu pai, distraindo me dos meus pensamentos.

- Claro pai. - minto, pondo um sorriso falso na cara.

- Ultimamente pareces muito distraída, com a cabeça nas nuvens. Tens a certeza que estás bem?

- É claro pai, não se passa nada, apenas estou cansada. Não tenho fome, vou para a cama deitar me. Tenham uma boa noite.

Saio da mesa e subo a escadaria, entro no meu quarto e acendo a minha vela. Visto a camisa de dormir, e sento me na cama encostada à parede. Abro uma gaveta na mesinha ao lado da cama, e tiro de lá de dentro um livro novinho em folha.
Olho para ele nas minhas mãos, com a capa vermelha e brilhante. Embora fechado, com certeza que contém imensos mistérios dentro dele, imensas terras por descobrir, sonhos para sonhar e emoções para viver.
Abro o livro cuidadosamente e começo a ler.

Numa terra distante e longínqua situada à beira mar, moram alguns pescadores e suas mulheres e filhos. Nessa terra, corria o boato que a cada noite de lua cheia, uma bela moça de cabelos louros muito compridos, e vestes brancas e esvoaçantes, aparecia misteriosamente sentada num rochedo no meio do mar perto da costa.
Dizem que aparece assim que a lua cheia surge no céu e o sol mergulha no mar, e que fica até os primeiros raios solares apareceram a mirar a lua, sem desviar o olhar. Contavam se diversas e diferentes histórias para justificar o aparecimento da bela rapariga, uma que era o espírito de uma rapariga que esperava o seu amado que nunca regressaria e uma em que ela era uma sereia dos mares à espera que algum marinheiro tonto caísse no seu feitiço para o devorar.
Uma certa noite de lua cheia em pleno verão, um jovem marinheiro que dava um passeio noturno à luz do luar, avistou a bela rapariga cujos cabelos eram tão compridos que se prolongam pela água do mar.
Cego de amor, chegou a esquecer quem era, ou mesmo de onde morava. Antes que podesse aproximar se da moça a nado, rompeu o nascer do dia e a rapariga desapareceu.
Sem saber quem era ou para onde ir, decidiu esperar pela próxima lua cheia na esperança de a retornar a ver. Consegui sobreviver de restos que pessoas que diziam ser sua família lhe davam, mas sempre com a moça a viver no seu pensamento, o marinheiro recusava sempre as ofertas generosas de abrigo.
Convenceu se a si próprio que teria de esperar pela chegada da lua e com ela, a jovem.
Na tanta esperada noite de lua cheia, o jovem entusiasmado sentou se na praia a esperar o aparecimento da moça. Assim que a lua branca e redonda surgiu no céu negro da noite , o jovem avistou a moça aparecer do nada como por magia e sentar se no mesmo rochedo da lua passada.
Desesperado e sem pensar nas suas atitudes, o marinheiro atirou se para a água gelada do oceano e nadou até ao rochedo.
Gelado e cansado, o jovem estava quase a alcançar o rochedo, quando a rapariga começou subitamente a desaparecer, tornando se cada vez mais transparente.
Ela reparou que o jovem se aproximava, mas sem retirar os olhos da lua, a rapariga deixou cair pela sua face, uma lágrima que brilhava à luz do luar.
Quando a rapariga desapareceu de vez, o jovem, com toda a dor que sentia no seu coração, deixou se afundar nas águas profundas do mar escuro, pensando que assim se iria encontrar com a sua amada, o que nunca viria a acontecer.
Não se sabe ao certo se morreu de frio, ou se apenas devido à dor de perder quem amava.
Essa história continua bem viva, a de uma rapariga de cabelos louros que se senta nos rochedos à beira mar nas noites de lua cheia, olhando a lua sem razão.

Fecho o livro com as lágrimas nos olhos. Que história triste, o pobre marinheiro morreu cego por amor e de coração partido.
Do que será que a tal rapariga estaria à espera?

Seco as lágrimas e guardo o livro de novo na gaveta, levanto te da cama e abro a porta do quarto. Olho para o corredor e vejo o que pretendia ver, a escuridão, isso significa que os meus pais e a Clarissa já estam a dormir. Fecho a porta, visto o vestido, a capa e saío, desço sorrateiramente as escadas e vou para a cozinha. Sem me esquecer de me despedir da minha grande amiga, novamente preocupada sem motivo, passo a porta e saío para a rua.
Olho para as estrelas no céu por cima da Rússia, e penso no que poderá acontecer nesta noite.
Por um momento, vejo me com muitas dúvidas e incertezas na minha mente, se as outras crianças me iram aceitar ou se desconfiaram que não sou do povo.
Mas sei que o Dimitri estará lá para me proteger, aconteça o que acontecer.
Percorro as ruas geladas cheias de gelo escorregadio, até alcançar o beco, onde vejo o Dimitri a olhar o céu com as mãos nos bolsos das calças e com a boca a fumegar.
Ele olha para mim e sorri, corro até ele de sorriso rasgado no rosto e abraço o.

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