capítulo 5

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Gincho e ponho as minhas mãos sobre as mãos de quem me está a tapar os olhos.

- Quem é? Mostre se, vá lá. - digo repetidamente.

Quando finalmente consigo abrir os olhos, depois de terem retirado as mãos, vejo à minha frente o filho do imperador, a sorrir para mim.

- Perdão, não queria assusta la. - diz - Que faz aqui sozinha? Porque não está com o resto das senhoras?

- Pergunto lhe o mesmo. Não deveria ter ido caçar com o seu pai?

- Decidi não ir. Bem, que rude da minha parte, penso não me ter apresentado. Sou Alexis Greenshire, - faz uma vénia - filho mais velho e herdeiro do imperador da Áustria e conde.

- Eu sou Nadya Petrov, filha mais nova do imperador da Rússia e Grã Duquesa de Moscovo. - digo e também faço uma pequena vénia.

- Posso sentar me? - ele senta se ao meu lado, encostado à árvore - Se não for indelicado da minha parte, posso perguntar lhe a sua idade.

- Claro, tenho 15 anos, e você?

- Eu tenho dezasseis anos. Então, menina Nadya, já tem um noivo? Com a sua beleza, de certeza que são muitos os candidatos, e não pode governar a Rússia sem um. - pergunta.

- Eu não vou ser imperatriz, a minha irmã é que vai por ser mais velha, mas não, não tenho noivo. - que pergunta estranha.

Depois de algum tempo a conversar debaixo da árvore, o Alexis ajudou me a levantar e fomos outra vez para a manta de piquenique para junto das senhoras. Todas ficaram surpreendidas pelo Alexis não ter ido à caça para ficar a conversar comigo.
Depois de algum tempo a beber chá, os dois imperadores voltaram com dois coelhos brancos mortos na mão, e dois criados atrás deles a carregar em um grande veado pelas pernas, cenário que me deixou enjoada.

- Então querido pai, divertiu se a matar animais indefesos? - Pergunto com um ar zangado.

-Não seja tola filha, os animais não têm sentimentos. - diz, pousando a arma no chão. - Que bela caçada, não acha imperador?
Aceito aquilo como um sim.
Depois de uma tarde bastante solarenga para um inverno russo, a família real despediu se.

- É triste a partida, mas prometo voltar a este belo país para a ver, dama. - diz o Alexis e beija a minha mão outra vez.

- Voltaremos nos a ver, tenho a certeza. - digo mas não tenho assim tanta certeza.

Depois de um jantar tipicamente requintado, subo para o meu quarto e peço às minhas aias para me prepararem um banho. Depois de me lavar, começa a excitante rotina. Visto o meu vestido antigo e desbotado, a minha capa de veludo preto e calço as velhas botas de pelo. Desço a escadaria, vou para a porta dos empregados e antes de sair, não me posso esquecer de pôr o capuz e esconder o cabelo.
Abro a porta velha e enferrujada, saio para a rua e deixo o ar gélido entrar nos meus pulmões.
Caminho um pouco pelo caminho habitual, vendo as mesmas pessoas, os mesmos animais, as mesmas casas. Pergunto me se estas pessoas começam a reconhecer me como a pessoa misteriosa que todos desconhecem? Pergunto me, se esta noite voltarei a ver o Dimitri?

Vou até ao mesmo beco onde o vi pela primeira vez. Nada, apenas neve, solidão, silêncio, e uma rapariga misteriosa de capuz.
Viro me para trás, na esperança de o ir procurar e encontrar noutro lugar. Não é preciso.

Quando me viro, lá está ele, acompanhado dos seus olhos cinzentos azulados, corado, e a arfar, com o olhar fixo no meu.

- Pensei, que não te voltava a ver.

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