Algumas semanas se passaram, e o tempo levou com ele o inverno. Os últimos pingente de gelo brilhante presos nas árvores estão agora a derreter lentamente. Alguns animais da floresta já se vislumbram, depois de passarem o longo inverno a dormir profundamente nas suas tocas na esperança de escaparem aos dedos gelados e mortais do inverno. O manto espesso de neve branca antes presente durante tanto tempo nos telhados das casas da vila, está agora a reduzir se a uma poça de água transparente, pequena e insignificante.
No jardim já conseguimos avistar alguns pedaços de erva verde e algumas flores minúsculas que salpicam os campos de cor.
O inverno em quando conheci o Dimitri está a desaparecer lentamente aos meus olhos. O cinzento e melancólico inverno onde me apaixonei está a ceder o seu lugar à nova primavera.Depois do dia do baile de inverno, consegui sair algumas vezes do palácio para me encontar com o Dimitri na vila. Fomos passear na floresta à luz do luar e ao som calmo da noite e por momentos, conseguimos os dois abstermo nos do resto do mundo, onde só nós vivíamos e importava mos.
Trocámos carícias e palavras doces, beijos, abraços e olhares apaixonados.
Esquecemos quem éramos e aproveitámos o nosso amor em paz.
Adoro o tempo que passo com ele, quero aproveitar cada momento ao máximo, sempre com a ideia aterradora na cabeça de que algum dia o terei de deixar.
O Alexis também me veio ver em algumas ocasiões. Diz que está ansioso pelo nosso casamento, palavras às quais eu não respondia, não com a verdade.Alguns dias mais tarde, pouco depois de uma visita do Alexis, a Clarissa avisou me que a minha irmã adoecera gravemente.
Corri imediatamente para o quarto da Anna, e quando abri a porta, na divisão estavam presentes os meus pais e o médico real.
O médico contou me que ela tinha sido contaminada por uma doença mortal que ultimamente se andava a espalhar por toda a Rússia. Depois do médico me contar sobre o estado grave da minha irmã, a Anna pediu para todos saírem da sala excepto eu.
Depois de todos abandonarem o quarto, ela fez me sinal com a mão para me sentar na beira da cama onde ela estava deitada. Imóvel, pálida, enfraquecida e relativamente mais magra, a minha irmã olha me com um olhar doente e triste. Apesar de tudo isso, ela esforça se para manter um pequeno sorriso no rosto magro e pálido.- Minha pequena irmã Nadya, não tenho a certeza se conseguirei recuperar desta terrível epidemia. Chego mesmo a temer o pior. - A sua voz está fraca, como se viesse do fundo de um poço.
- Não digas isso Anna, por favor. É certo que daqui a alguns dias estarás melhor, vais casar com o Richard e os dois vão governar a Rússia juntos lado a lado. - minto para disfarçar o desespero e o medo que sinto que no meu coração.
- Eu adoraria casar com o Richard e governar ao seu lado, mas temo que isso nunca poderá vir a acontecer. Sabes?... eu nunca me opus às ideias do nosso querido pai, mas agora, com o meu fim à vista, estou a pensar de forma diferente. Ouve Nadya, acho que deves seguir os teus sonhos, ainda és muito nova para governar um reino, mesmo com a ajuda do Alexis. Vive a tua juventude enquanto podes, concretiza os teus sonhos e não deixes que ninguém te corte as asas para poderes voar bem alto. É só isso que tenho para te dizer. - a sua voz enfraquece e está cada vez mais fraca a cada palavra que ela pronuncia. - Eu amo te muito irmãzinha, espero que sejas muito feliz.
- Não Anna, por favor não me deixes. Eu adoro te e não quero que vás! - aperto a sua mão fria com força, e as lágrimas rolam me pela face sem parar - Por favor abre os olhos, Anna.
Ela abre ligeiramente os olhos, vira um pouco mais o rosto para mim e sorri.- E Nadya?...
" ... cuida bem daquele rapaz com que te costumavas encontrar à noite. Espero que vocês os dois sejam muito felizes... "
-----~ஜ۩۞۩ஜ~-----A minha irmã Anna morreu nessa mesma noite, segundos depois de ela pronunciar as suas últimas palavras. Apenas me lembro de alguém entrar no quarto e de me puxar para fora da divisão. Não voltei a ver a minha irmã. Depois de me puxarem dali para fora, lembro me de chorar nos braços do meu pai, e depois à noite, nos braços fortes do Dimitri. Com a ajuda dele, consegui sarar lentamente o buraco que a morte da Anna me abriu no meu coração.
Não fazia ideia de que a minha irmã sabia do meu segredo, de que eu fugia à noite para ver um rapaz por quem estou apaixonada. De qualquer forma, agradeço lhe por não ter contado nada ao meu pai, acho que ela nunca tivera essa intenção.A primavera chegou, a primavera onde eu perdi a minha irmã, a primavera onde ela não vai mais lá estar...
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A Pequena Imperatriz
Historical FictionRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...