Estamos quase a chegar ao palácio, atravessamos ruas, cruzamos esquinas, até que avistamos os enormes portões de ferro do palácio.
Despeço me do Dimitri, triste por ter de o deixar, ele dá me um beijo dócil na face e entro pela porta dos empregados. Antes de entrar, viro me para em direção da rua e vejo o Dimitri, de costas a ir se embora. Sorrio. Entro pela porta e dirigo me à escadaria. Antes de a subir, descalço me para não fazer barulho ao pisar o mármore, subo as escadas e entro no meu quarto. Mudo de roupa rapidamente e meto me na cama.
Não consigo adormecer, visto que já estive a dormir à pouco. Penso em tudo o aconteceu, no baile que se aproxima, no passado, presente e futuro.************************
O dia de baile tão esperado no palácio da família Petrov finalmente chegou, um dia imensamente atarefado e stressante.
A Clarissa acorda me um pouco mais cedo do que o habitual, abrindo as pesadas cortinas de veludo, permitindo que o sol da manhã fria ilumine o meu corpo ensonado, e dizendo que hoje há muita coisa que se fazer.
Ela ordena às criadas que me vistam algo simples, que o vestido que usarei no baile apenas o vestirei mais tarde.
Depois de me vestir, a minha coordenadora entrega me uma folha de papel creme, onde está escrito as muitas tarefas que me estaram destinadas hoje.
Saio do meu quarto, e olho à minha volta.
Nos corredores, imensos criados aterefados correm de um lado para o outro, com expressões cansadas e preocupadas, carregando caixas, bandejas, serviços de louça, arranjos de flores. Passo no meio deles e dirijo me ao salão de baile.
Primeira tarefa da lista, verificar se todos os preparativos do salão, o centro do baile, estão a correr bem.
Fica encantada quando ponho os olhos no salão.
Ele está lindo e a brilhar intensamente, arranjos de flores surgem de todo o lado, e o enorme lustre de cristal pendurado no teto acabou de ser polido e posto a cintilar.
Toda a gente está a trabalhar sem parar, deixa me contente ver como todos trabalham arduamente para este baile correr bem, mesmo a festa não sendo para eles.Saio do salão, e sigo para a próxima tarefa, verificar a cozinha.
Entro na enorme cozinha, inundada por um cheiro delicioso. Cozinheiros e os seus jovens aprendizes correm pela cozinha apressados, juntando condimentos coloridos a panelas a ferver, polvilhando açúcar em pó por cima de doces, como a neve de inverno cai sobre a terra.
Pergunto a um dos mais novos aprendizes como estão a correr as coisas para o banquete do baile real.
Depois de me fazer uma vénia nervosa, o rapaz ansioso de cabelo ruivo, alto, magricela, e com pequenas sardas dispersas no rosto, informa me que está tudo a correr bem e como planeado, e que estará tudo pronto a ser apresentado no baile.
Sorrio alegremente, e ele retribui me com o rosto vermelho e um pequeno sorriso.
Saio da cozinha em direção à terceira tarefa, verificar os arranjos de rosas.
Assim, dirigo me ao magnífico jardim de rosas, um dos meus lugares favoritos de todo o palácio. Um jardim de beleza incomparável, inundado por roseiras vivas e verdes, salpicadas de grandes, e belas rosas brancas.
Passei pelos longos labirintos de folhas verdes e pétalas brancas, vislumbrando a beleza brilhante das mais pequenas as pétalas brancas congeladas pelo orvalho da manhã.Enquanto cruzo as esquinas de folhagem, vislumbro uma rapariga vestida com um uniforme de criada, ajoelhada junto às roseiras a colher ramos de flores.
Olho à minha volta, para me certificar se ninguém me está a observar, e quando tenho a certeza de que estamos sozinhas, surpreendo a rapariga por trás, salto lhe para as costas.- Assustei te Aryana? - pergunto a rir me, enquanto me sento de joelhos ao seu lado.
- Sim, pregas te me um grande susto. Que fazes aqui? Não te tens de preparar para o baile? - pergunta continuando a apanhar pequenos botões de rosas.
- Ainda tenho algumas tarefas para fazer, as mesmas coisas entediantes de sempre. - começo a apanhar algumas rosas para a ajudar , e coloco as num cesto junto aos seus joelhos, enquanto falo.
- Hoje temos muito trabalho a fazer devido ao baile, algumas empregadas mais velhas andam a dizer que o teu pai convidou membros da realeza de quase toda a Europa. Vai ser uma grande festa, e estamos todos muito aterefados.
- Boa sorte para vocês, obrigado por tudo o que fazem. - sorri abertamente na sua direção.
- A tua grande tarefa vai ser usar corpete e um vestido pesado toda a noite. - rimos as duas sem parar, silenciosamente para não nos descobrirem. - Bom, eu tenho de ir andando, preciso terminar de arranjar estas rosas antes da hora de almoço. Obrigado pela ajuda, vemo nos esta noite no baile.
Despeço me dela, e vejo a desaparecer por entre os arbustos verdes e brancos.
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A Pequena Imperatriz
Historical FictionRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...