capítulo 9

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O vento gélido familiar da Rússia, sopra me na cara congelando a. Deixei a Alemanha para voltar para o meu país, para o meu povo, para a minha casa, para o Dimitri. Olho para os campos pintados de branco, cobertos de neve suficiente para nos chegar aos joelhos e para a neve que cai do céu e não nos deixa ver o horizonte. Embora seja um cenário triste, aterrador e sabemos que podemos morrer debaixo daquela neve toda, sei que estou em casa.
Volto a pôr a cabeça dentro da carruagem, e esfrego as faces com as duas mãos com a intenção de a descongelar. Embora tenha frio, é ótimo senti lo, pois significa que voltei a casa, a Moscovo.

- Feche a janela, menina Nadya, está frio, ainda apanha uma constipação. E essas brincadeiras não são dignas de uma princesa. - diz a Clarissa de forma ríspida.

- Peço perdão. - digo, e sento me direita no banco.

Mas não são os gritos da Clarissa que me vão impedir de imaginar que esta noite poderei vê lo. Em vez de o imaginar nos meus pensamentos e sonhos, poderei visualizá lo na vida real.

Já estamos a andar há 6 horas, desde que saímos da mansão de Aurich. Depois de elas me terem dado o leque, guardei o na caixinhha e subi para a carruagem. Acenei lhes pela janela, enquanto a carruagem começava a mover se e elas retribuiram. Tenho de admitir que elas não são más de todo.

Mais duas horas de viagem e a carruagem pára, o cocheiro abre a porta e anuncia que já chegámos ao Palácio Imperial. Saio da carruagem com a ajuda do cocheiro e olho novamente para a minha casa. É tão bom estar de volta, mesmo que tenha sido tão pouco tempo.

Entramos pelas altas e pesadas portas principais do palácio e chegamos ao salão. No centro da grande sala, encontro o meu pai a falar com o criado superior, o que coordena todos os outros criados.
Quando ele me vê, faz sinal ao criado a dizer que se pode dispensar e caminha na minha direção.
Corro até ele e abraço o com força.

- Meu amor, bem vinda da de volta. Como correu a viagem? Divertiste te? - pergunta, segurando nos meus ombros e olhando para mim.

- A viagem correu bem, cansativa, mas bem. O chá foi um pouco secante, mas não foi assim tão mau. As duquesas ofereceram me um leque lindíssimo! - digo, entusiasmada.

- Mas que bom querida! Deves estar cansada, porque não descansas até à hora do jantar? - diz, encaminhando me para a escadaria.

Assinto, subo a escadaria e abro a porta do meu quarto. É tão bom ver a minha cama e as minhas coisas outra vez.
Mudo de roupa, para um vestido menos formal, mais leve e confortável, e sigo para o salão onde na habitual mesa comprida está servido o jantar.
Quando chego, apenas a minha mãe e o meu pai estão sentados à mesa, aproximo me e noto que os seus pratos estão limpos, vazios e que a minha irmã não está presente.

- Onde está a Anna? - pergunto.

- A Anna está um pouco atrasada para o jantar pois ficou até tarde na aula. - diz a minha mãe. - Esperemos por ela e depois podemos começar a comer.

- Está bem. -sento me no meu lugar, quieta e calada, à espera da minha irmã.

Passado um bocado, a Anna passa as portas do salão, com os dedos a segurar no vestido. Pede desculpa pelo atraso e senta se.
O meu pai diz que podemos começar a comer, cinco criados aproximam se da mesa e colocam travessas cheias de comida, algumas cestas de pão e jarros de água.

Encho o meu prato de comida, devido ao buraco no meu estômago e começo a comer. Depois de alguns minutos, decido por o meu antigo plano em prática.
Às vezes, quando ninguém está a ver, roubo alguns pães das cestas que põem na mesa para os dar à Aryana. Os meus pais nunca notam, visto que pensam que eu os como.
Tal como antes, olho para a minha família, felizmente distraída por um fio de conversa. Estico a mão por cima da mesa, em direção à cesta de pão mais próxima. Quando a alcanço, retiro de lá de dentro um pão e volto a pôr rapidamente a mão debaixo da mesa. Guardo o pão debaixo do meu vestido, e volto a repetir este processo três vezes, sempre com um olho na minha família e com o outro na cesta.
Os longos minutos passam se e quando todos acabamos de comer, levanta mo nos da mesa.
Despeço me dos meus pais e da minha irmã, e digo lhes que me vou deitar cedo.
Subo para o meu quarto, fecho a porta e espero até ouvir a minha família ir deitar se nos respetivos quartos.
Visto o traje habitual, o vestido, a capa e as botas, saio do quarto e vou para a porta. Antes de sair, não me esqueço de guardar os pães nos bolsos da capa.
Como sempre, lá está a Aryana a lavar a louça, visto que a porta fica num canto da cozinha do palácio. Alegro me ao vê la e penso que ela também está feliz por me ver. Abraço a com toda a minha força.

- Há tanto tempo que não te via, senti a tua falta. Ouvi dizer que foste à Alemanha. - diz, depois de me largar.

- Também senti saudades tuas! Lembras te daquelas duquesas de que te falei? Elas convidaram me para uma festa de chá na mansão de uma delas, e o meu pai obrigou me a ir. - digo - Foi uma seca total, mas elas deram me um leque lindíssimo como presente de despedida.

- Ainda bem que voltaste, tenho uma coisa para te contar. Ouvi algumas criadas mais velhas a dizer que vai haver um baile aqui no palácio, mas quando o teu pai te der a notícia, finge que não sabias de nada, está bem? - diz.

- Está bem, obrigada por me contares. Agora tenho de ir andando. - Abro a porta para sair, mas ela agarra me o braço. Volto a fechar a porta. - O que foi?

- Ultimamente, as tuas saídas andam a ser cada vez, mais frequentes. Diz me o que se passa, andas a arriscar demasiado. Fico preocupada quando estás lá fora! - diz e a preocupação estendida na cara dela comove me.

- Pois, há uma coisa que tenho de te contar! - digo.

Explico lhe a história toda, o meu encontro com o Dimitri, o facto de eu lhe ter contado a verdade. À medida que lhe conto, a preocupação da Aryana parece dar lugar ao medo.

- Estás maluca, não te podes apaixonar por um plebeu! O teu pai iria vigiar te para sempre e mandava matar esse pobre rapaz. E como sabes se podes confiar nele? Só o viste uma vez e já lhe contaste que és filha do dono da Rússia! - sou disparada com perguntas, enquanto o Aryana tem um ataque de pânico e sussurra como se estivesse a gritar.
- Não te preocupes! Ele é da minha tota confiança, é bom rapaz acredita. - Parece que ela cede e abraça me.

- Só não te magoes e tem cuidado. - diz.

- Está bem. - Caminho para a porta mas páro - Já me esquecia, toma.

Tiro os pães dos bolsos e atiro lhos. Ela apanha os desastradamente, sorri e pisco lhe o olho. Coloco o capuz e saío.
Ando em passos largos e a sorrir, na esperança de o ir ver esta noite. Cruzo a esquina do beco e lá está ele.
Quando os nossos olhares se cruzam, os dois abrimos sorrisos de ponta a ponta.

- Vieste finalmente! Já estava a pensar que me tinhas abandonado. Por onde tens andado? - pergunta, indo na minha direção.

- Eu nunca te abandonaria, tonto. Fui fazer uma viagem à Alemanha, mas estive sempre a pensar em ti! - confesso envergonhada, enquanto ele cora ligeiramente.

- O que foste fazer à Alemanha? Assuntos da realeza? - pergunta, e sentamo nos nos mesmos caixotes da última vez.

- É mais aborrecimentos da realeza! Fui convidada por umas duquesas para uma festa de chá em Berlim, (Capital da Alemanha) e claro que o meu pai me impediu de recusar o convite. Foi horrível, já sabes o quanto profundamente a vida na corte me repugna.

- Sinto pena por teres de aturar essas raparigas, mas deve ser melhor do que escovar peles mal cheirosas todo o dia! - diz, com um sorriso e encosta se à parede.

Sim, definitivamente deve ser melhor...

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