Depois de me despedir do Alexis uma última vez, viro lhe as costas e aceno lhe com a mão. Na escuridão da noite consigo ver uma mão que se eleva no ar e me devolve o aceno.
Vou por fim para a porta dos empregados, na esperança de encontrar a Aryana. Acabo por vê la sozinha sentada enquanto remendava um pedaço de pano. A alegria toma conta do seu rosto e as duas abraçamo nos com saudade. Depois de levar um valente sermão por não a ter visitado mais vezes, faço lhe um pequeno resumo da história destes últimos tempos.
No fim, conta me o quanto vai sentir a minha falta e digo também o quanto sentirei a sua.
Foi difícil despedir me dela, é duro abandonar as pessoas que nos são mais queridas.Bem, acho que é agora. O momento em que irei virar costas ao mundo da aristocracia e cair de cabeça no mundo lá fora que me espera e aguarda de braços abertos.
Passo um pé pela porta, passo o outro. A cada passo que dou sinto me cada vez mais livre.A coroa caiu, o trono desfez se. Uma princesa desapareceu e nasce uma nova pessoa.
◆♢♡♢◆
Chego finalmente ao beco de mala na mão e de coração aberto, onde o Dimitri me espera encostado a uma parede. Ao ver me, o seu sorriso quebra toda a escuridão antes presente no beco. Corro na sua direção e abraço o com força. Sinto os seus braços fortes envolverem me pela cintura, os braços onde poderei estar para o resto da minha vida.
Damos finalmente início à nossa viagem, caminhando por uma estrada perto da vila rodeada pela floresta. A noite está fria, por isso encolho me mais no xaile e nos braços do Dimitri numa tentativa de me aquecer.
O caminho é longo, e depois de caminharmos algumas horas debaixo das estrelas e sentido a aragem fria da noite, o sol tímido começa a aparecer no horizonte.
O dia finalmente nasceu e a temperatura começa lentamente a subir.
Passada mais uma hora a caminhar, chegamos a uma estrada principal e continuamos o nosso caminho.
O Dimitri vê facilmente o cansaço espalhado no meu rosto e decide parar um pouco para podermos descansar. Deitamo nos debaixo de uma árvore à beira da estrada, comemos um pouco daquilo que levávamos nas malas e tentamos dormir.Quando acordo, olho à minha volta um pouco ansiosa por não me lembrar onde estou, mas quando olho para o rosto adormecido do Dimitri, tudo me vem à cabeça.
Devem ser pelo menos 14 horas da tarde, por isso decido acordar o Dimitri e seguimos viagem.Durante o caminho, uma pequena carroça de mercadorias passa por nós e pára a nossa frente. O condutor do veículo, um velho fazendeiro com um rosto amigável, pergunta nos para onde nos dirigimos.
À sua pergunta respondemos que nos dirigimos para o porto da cidade, e alegremente o pequeno homem oferece se para nos levar lá, já que se dirigia para o mesmo sítio.
Aceitamos imediatamente a oferta e subimos para a carroça carregada de caixas e madeira.
Seguimos os três caminho, o fazendeiro de rédeas nas mãos na parte da frente e nós os dois sentados na parte de trás da carroça.- Hey, Dimitri? -digo a meio do caminho quando estava com a cabeça encostada ao seu ombro.
- Sim, Nadya? - responde sem tirar os olhos do horizonte para onde olha há horas.
- A minha irmã Anna sabia de nós os dois. - Não sei porque lhe estou a contar isto agora, mas parece que senti a necessidade de lho dizer - Momentos antes de falecer, ela confessou que sabia das minhas saídas à noite e sobre nós.
Ele apenas limita se a olhar para mim um pouco espantado mas segundos depois volta a esboçar um sorriso no rosto.
- A tua irmã foi muito bondosa contigo por não ter contado nada. - ele coloca suavemente a mão no cimo da minha cabeça e afaga o meu cabelo. - Lembrei me agora de uma coisa.
Ele afasta me devagar e procura alguma coisa dentro dos bolso interiores do seu casaco. Momentos depois, de dentro do bolso tira um fio de ouro comprido.
- Isto é para ti! - entrega me nas mãos e quase expludo de alegria ao ver o meu precioso colar que julgava estar perdido - É teu, não é? - Perdes te o na noite em que nos conhecemos.
- O meu colar! Pensava que o tinha perdido. Obrigado Dimitri - volto a colocar o colar ao meu pescoço, o seu devido lugar. Dou um grande abraço ao homem da minha vida e toco suavemente nos seus lábios com os meus.
Mais três longas horas se passaram e chegamos finalmente ao porto da cidade. Despedimos nos do senhor da carroça e vamos para o cais. É estranho estar rodeada de tantas pessoas sem ser num salão de baile ou no palácio. Centenas de pessoas correm apressadas de um lado para o outro, algumas carregando mercadorias às costas, outras os seus filhos chorões.
No ar conseguido sentir algo que não cheirava à muito tempo, o cheiro das viagens de barco com a minha família. Mar. O cheiro a maresia e a ondas, o aroma salgado do oceano.
Com o dinheiro que trouxe comigo consigo pagar duas passagens para um navio que está prestes a partir.
Os dois apressamo nos para o cais e procuramos o nosso transporte para um novo começo. Encontramos o navio e subimos a bordo do monstro flutuante de madeira com asas brancas.
O Dimitri e eu encolhe mo nos a um canto do navio, tentando não atrair as atenções de ninguém.O sol está lentamente a pôr se, beijando o mar, escondendo se, e dando o papel principal nos céus à lua.
Em breve chegaremos ao nosso destino, o lugar que escolhemos para construir um novo futuro e viver as nossas vidas com base no nosso amor.
Paris, espera por nós.
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A Pequena Imperatriz
Historical FictionRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...