Algo dentro de mim, dentro do meu coração, dentro da minha alma, diz me que tenho de o encontrar outra vez. Que tenho de o seguir.
Começo a correr de repente, deixando para trás a minha família, a do Alexis e os restantes membros da nobreza. Rompo por entre a multidão, e dirigo me à janela alta ao canto da sala que dá para uma grande varanda com vista para o jardim.
Abro as portas da janela de par em par, e aquilo que procurava com tanto desejo e determinação, encontro o mesmo à minha frente. Um indivíduo negro que se confunde com a noite, com as pontas do casaco do fraque a ondularem ao sabor do vento e algumas madeixa de cabelo a brilharem contra o luar.
Ele lança me um lugar penetrante, gélido e triste por detrás da máscara. O seu rosto está cheio de tristeza, consigo vê lo nos seus olhos.
Contra a bela luz da lua cheia, o mesmo rapaz que dançou comigo encontra se com um dos pés apoiado na borda da varanda, como que prestes a saltar e a fugir.
Ele apenas fica ali, parado e sem me dirigir uma única palavra, mas mesmo sem falar, parece que o seu olhar me mata por dentro.
Eu decidi vir até aqui, não sei bem à espera do quê. Se calhar fui uma tola, não devia ter vindo. De qualquer maneira, tenho de dizer algo.- Eu sei que és tu Dimitri. Mostra te, por favor. - digo num tom de desespero. Ele limita se a retirar o seu pé da borda da varanda, a virar se para mim e a tirar a máscara negra do seu rosto. Agora consigo ver ainda melhor, a tristeza espalhada nos seus olhos. - Porque vieste Dimitri? Qual era a tua intenção?
- Não sei bem. Talvez apenas quisesse passar tempo contigo, ou ver como é a tua vida da realeza.
- Foi por isso que vieste? - pergunto, mas ele não me responde. Ele baixa o rosto em direção ao chão, e por segundos, parece que o vejo tremer.
- Que história toda era aquela? Casar, Nadya? Como não pudeste contar me nada? Como é que me deixaste apaixonar por ti sabendo que o nosso amor era uma farsa, uma coisa temporária até partires para outro país para te tornares imperatriz. - consigo sentir ódio, raiva e tristeza na sua voz. Sem me aperceber, as lágrimas correm me pelo rosto.
- Estás enganado Dimitri. Desculpa por teres tido de ouvir aquilo. Eu não quero casar com o Alexis, eu não o amo. Eu amo te a ti e mais ninguém. Como podes pensar o contrário? - choro descontroladamente.
- A culpa é minha. Mesmo sabendo que nunca poderíamos estar juntos, que o nosso amor seria para sempre proibido, apaixonei me por uma princesa, algo que nunca poderia ter e alcançar. No que estava eu a pensar? -
- Por favor não digas isso Dimitri. O nosso amor pode ser proibido, mas mesmo assim eu quero tentar. Eu sei que um dia, nós os dois poderemos viver juntos um vida feliz, sem que ninguém nos julgue por quem somos. - levanto o rosto e tento sorri para disfarçar a tristeza.
Parece que uma pequena luz se acende no seu rosto, como que um choque, ou uma seta que lhe tivesse acertado e aberto os olhos. A sua expressão muda, a tristeza antes presente desaparece.
Nesse momento, sem retirar os olhos de mim, o Dimitri larga a máscara que tinha na sua mão e corre na minha direção. Imediatamente ele cai em cima de mim com um abraço apertado, fazendo nos cair aos dois de joelhos, e apertando me contra o seu peito quente com os seus braços fortes.
Aperto o também, feliz por estar outra vez nos seus braços, onde me sinto bem e protegida.
Ele segura me com força, sem pronunciar uma única palavra. O seu rosto está aconchegado no meu pescoço, e consigo sentir a sua respiração húmida e quente acariciar a minha pele.
A certa altura, ouço um pequeno soluço, e ele começa a murmurar palavras abafadas pelo meu pescoço.- Tenho tanto medo de te perder. Tenho medo que do dia para a noite te vás embora e nunca mais voltes.
Desculpa por ter reagido mal, mas eu amo te tanto e temo que me deixes. Eu não vou deixar que te levem, prometo.- Oh Dimitri, eu também te amo. Eu quero ficar ao teu lado para sempre. - afasto o um pouco, acaricio o seu rosto com a minha mão e olho o nos olhos - Mas sê paciente meu amado Dimitri, vou arranjar uma forma de resolver este assunto. Prometo te, que um dia poderemos viver uma vida juntos sem ninguém para nos julgar.
Ele sorri, seca as minhas lágrimas com as costas da sua mão direita e beija me calorosamente nos lábios. O seu beijo sabe a um misto de tristeza e felicidade, amor e lágrimas. Lágrimas de tristeza, ciúmes e alegria.
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Olá queridos leitores!!! Peço desculpa por ter demorado tanto a publicar o capítulo.
O que estão a achar do decorrer da história? E obrigado por votarem 😙Beijos, Setsuko 💙
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A Pequena Imperatriz
Historical FictionRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...