capítulo 12

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Rodo a chave, e abro a porta empurrando a.
Está tudo como deixei ontem,  o fogo quente da lareira a crepitar, uma das minhas capas que me esqueci dela aqui há imenso tempo em cima do banco e o velho francês de cabelo grisalho, sorridente a olhar para mim. Acho esta sala uma das mais bonitas do palácio, é tão acolhedora e reconfortante.
Ele olha para mim com um sorriso enrugado, e dobra se sobre si mesmo para fazer uma vénia.

- Bom dia Senhor Jonpierre, já lhe disse que não precisa de se curvar. Conhece me desde os quatro anos, não precisamos de estar com tantas cortesias. - digo lhe.

Quando eu tinha quatro anos, o meu pai decidiu que eu iria apreender piano e violino, e que para se aprender alguma coisa tem de se aprender de pequena. Segundo ele, " as damas da alta sociedade têm de ser instruídas, com bons conhecimentos". Por isso, mandou vir diretamente de Paris o meu professor de piano, Loui Jonpierre, na altura um pianista famoso. Em troca de me dar aulas, o pianista francês iria receber estadia e pagamento. É claro que não é todos os dias que se é convidado pelo imperador da Rússia para dar aulas à princesa.
O Jonpierre aceitou imediatamente e de bom agrado, e estou a receber aulas dele desde os quatro. Ele é muito especial para mim, tirando algumas cortesias, eu posso falar à vontade com ele sobre a minha família e os assuntos reais.

- Bom dia Nadya, bem vinda de volta. Como está hoje?

-Bem, pronta para meter as mãos no piano, e o senhor? - pergunto enquanto caminho pela sala. Enquanto to passeio, ponho os olhos nele, no meu querido e adorado piano branco e reluzente, capaz de produzir melodias maravilhosas.

- Muito bem, velho,cansado mas nada de grave. Vamos começar? - pergunta.

Sentamo nos os dois no pequeno banco de pele branca e coloco as pontas dos dedos sobre as teclas. Começo a tocar acordes lentos, sem falhar uma única nota. Vou virando as páginas do meu livro de partituras, à medida que vou tocando as várias músicas nele escritas.
Depois da última música, páro e o professor Jonpierre estende me uma chávena fumegante de chá. Aceito e sentamo nos nas duas poltronas da sala.

- Melhoras a cada dia que passa, Nadya. És uma dos meus alunos mais talentosos e que mais evoluíram. De facto, todos esses pupilos talentosos tornaram se grandes pianistas famosos por toda a Europa e alguns até no mundo. Tu também podias tornar te numa pianista muito bem sucedida, tens um talento raro. O teu gosto pela música permite te passar esse gosto para talento. - diz, fixando o olhar em mim.

- Sinto me muito lisonjeada por dizer isso, senhor Jonpierre. Eu adoro a música,  adoro o senhor, adoro tocar o piano e sabe que o meu maior sonho é tocar piano para o resto da vida. Mas, o meu pai nunca me deixaria ir, ele não aprova sonhos. - digo, fixando o olhar na chávena.

- Eu sei, o teu pai nunca aprovou esse sonho, mas vou anunciar te uma coisa. Acho que estás preparada para criar as tuas próprias músicas, vou ensinar te, e no final do mês apresentas me uma partitura e tocas a tua criação. - diz com um sorriso meigo.

- A sério? Obrigada, não o vou desiludir. - Quase expludo de alegria, levanto me da cadeira e abraço o.

- Eu acredito que um dia, o teu pai vai perceber o talento que tens e serás uma grande pianista famosa. Não despreze o dom que há em ti e acredita em ti mesma. - diz, enquanto me abraça.

- Obrigada,  por acreditar em mim. - digo de lágrimas nos olhos, mas a rir. - E quando for famosa, nunca me vou esquecer do meu professor de piano que acreditou em mim, me ensinou a tocar e me mostrou a beleza da música e deste instrumento.

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