Esta noite foi fantástica, sinto que um enorme peso foi retirado dos meus ombros.
Acho que não fiz mal em contar lhe, sinto que ele é meu amigo e posso que confiar nele.Sigo o caminho habitual até ao palácio, passando pela padaria que emana um cheiro a pão quente delicioso e pelo poço de pedra que fica junto ao riacho.
Entro pelo mesmo portão, pela mesma porta dos empregados, e subo a mesma escadaria.
Mas, no entanto, há algo diferente do habitual, algo na minha mente. Por alguma razão, não consigo parar de pensar nele, no seu rosto, no brilho intenso do seu olhar. Porque será?
Entro no meu quarto, dispo me e meto me na cama.E porque será, que a sua voz invade os meus sonhos, a minha cabeça, e a enche de alegria e cor?
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Hoje é um dia especial, e com especial quero dizer o mais chato e entediante de todos. À alguns meses, eu fui a um baile da nobreza em França. Lá conheci três duquesas snobs e pompossas. Apenas lhes dei confiança para não parecer mal aos olhos de toda a corte, e com isto quero dizer, para o meu pai não parecer mal aos olhos da corte. Lá no baile, pensamos um dia encontrar mo nos para tomar mos chá, mas pensei que fosse só conversa.
E a alguns dias atrás, recebi uma carta com o selo Imperial da Alemanha. A carta era de uma das raparigas que conheci, a Duquesa de Aurich, da Alemanha." Querida Grã Duquesa de Moscovo e princesa da Rússia,
É um prazer enorme escrevê la.
Como se deve lembrar, à alguns meses, você, eu, a Duquesa de Rissioli e a Duquesa Queensberry, combinámos encontrámo nos para tomar chá e para por a conversa em dia.
Teria muito gosto se a princesa decidi se comparecer no meu palácio daqui a duas semanas, para o devido evento que tínhamos combinado meses antes.
Atenciosamente,
A Duquesa de Aurich
E claro que o meu pai, me obrigou a aceitar para não parecer mal visto. Para ele, apenas interessa se parece bem aos olhos de toda a corte, mas não lhe interessa se a filha vai passar uma seca total. Enviei uma carta à Duquesa de Aurich a aceitar o convite e voltamos ao dia presente.
Neste momento, estou a entrar na minha carruagem real, a caminho da Alemanha com o meu pai a observar me, quase como se estivesse a garantir que eu não fujo para fora da carruagem, longe das pompossas duquesas. Aceno lhe com a mão com que não me estou a segurar à carruagem, e ele devolve o aceno com um sorriso. A minha coordenadora, Clarissa, vai acompanhar me na viagem, segundo eles " não é seguro uma princesa sair do país e fazer viagens sozinha. "
Agarro uma ponta do meu vestido com a ponta dos dedos para ele não tocar no chão e o cocheiro estende me a mão para me ajudar a subir para a carruagem. Depois de me sentar no banco de peles, o cocheiro fecha a pequena porta e vai sentar se no banco da parte da frente da carruagem.
Fico a olhar para o meu pai do lado de dentro da carruagem, onde não se sente o vento gélido da Rússia. A Clarissa entra também depois de mim, o cocheiro bate com as rédeas, os cavalos começam a andar e vejo ficar para trás o meu pai.
É a primeira vez que saio do país sem a minha família, sinto me um pouco sozinha, e irritada por ter de ir aturar aquelas duquesas.**********************
Acordo numa posição muito estranha, com o pescoço todo torcido e dorido e uma manta de peles por cima de mim. Levanto a cabeça devagar devido às dores, olho à volta e vejo a Clarissa a olhar para mim fixamente.
- Que bom! A alteza já acordou. Estamos quase a chegar. - Diz, desvia a cortina da janela com a mão e olha lá para fora.
- Já estamos na Alemanha? Quanto tempo estive a dormir? - Digo um pouco chocada e com um tom de voz ensonado.
- Sim, apenas falta uma hora para chegarmos à mansão. - Diz.
Nessa hora, distraío me a olhar pela janela, imaginando que um rapaz de roupas desbotadas e esfarrapadas se senta ao meu lado e me dá a mão.
Imagino que a esta hora poderia estar a cavalgar por estes campos verdes, acompanhada pelo Dimitri e o seu sorriso.
De repente, os campos verdes salpicados de flores dão lugar a uma mansão luxuosa e rica em beleza. O cocheiro abre a porta, ajuda me a descer e saío da carruagem. Olho à volta, maravilhada pela beleza da mansão e das herdades que se estendem atrás dela.- Alteza, - desperto do meu pequeno mundo com a voz da Clarissa e um salto - o dia está frio. Queira vestir a sua capa, por favor.
Ela entrega me uma das minhas capas, não a que uso para visitar a vila, mas uma lindíssima de pelo branco que combina na perfeição com o meu vestido azul.
Ela coloca a sobre os meus ombros por trás de mim e eu fecho o botão na parte da frente. Começamos a percorrer o carreiro, enquanto o cocheiro faz a carruagem desaparecer.
Um mordomo velho dirige se a nós, de costas incrivelmente direitas.- Senhora Petrov? - digo que sim - Por aqui por favor.
Vira costas e conduz nos a um jardim de inverno lindíssimo e enorme cheio de plantas, grande o suficiente para lá caber uma mesa com três duquesas snobs e os seus vestidos enormes. A mesa está cuidadosamente decorada com as mais belas e deliciosas iguarias, que inclui dois bules de chá, uma travessa cheia de bolachas, biscoitos e pequenas sandes, e um bolo de três camadas cheio de creme.
A Clarissa toca me no ombro, diz que volta quando o chá terminar e dá meia volta de regresso.- Nadya Petrov, que bom vê la aqui. Fico muito contente que se tenha juntado a nós neste chá. Por favor, sente se. - A Duquesa de Aurich, a anfitriã, levanta se da sua cadeira, trocamos vénias como uma forma de cumprimento, conduz me a uma que está livre e sento me.
- Igualmente Mariele, é tão bom estar aqui! Bom dia Natalie, Pierra, que bom vê las. - Digo respetivamente à Duquesa de Queensberry e à Duquesa de Rissioli.
Elas levantam se e fazem as duas uma vénia.
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A Pequena Imperatriz
Historical FictionRússia, 1890. Nadya Petrov, a princesa do império russo e Grã Duquesa de Moscovo, está habituada a estar rodeada de luxo e requinte. Apesar de viver uma vida rica de aristocrata e rodeada de pessoas como ela, a princesa russa não se sente verdadeira...