Uma dose de café e um pouco de diálogo

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Oiii meus amores, aqui é Keyci mesmo! Venho aqui pessoalmente postar esse capítulo porque ele é muito, muuuuito importante para mim. Ele representa um dos grandes motivos que me faz escrever e criar estórias e mais estórias. É o meu modo de extravasar todas as minhas inseguranças e certezas, de ser frágil e forte, de me expor e ao mesmo tempo me sentir aliviada por ter, de alguma forma, colocado para fora o que vem atormentando minha mente (de maneira boa ou ruim).

Eu o escrevi em um momento muito pessoal, de conflito e ponderação sobre as coisas. Eu gostaria de frisar que tudo o que estiver escrito abaixo são apenas os meus ideais e formas de encarar o mundo, as respostas que eu tenho para as perguntas que, por muitas vezes, machucam ou causam confusão. Vocês tem todo o direito de pensar diferente, de encarar as formas de modo diferente, ou até mesmo acrescentar e reforçar o que eu digo. 

Espero que gostem! Se preparem para diálogos longos e suspiros pela Liz <3

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POV VICTORIA

O resto da noite transcorreu bem na medida do possível. O clima oscilava entre o razoavelmente agradável para tenso em questão de segundos. Meu pai não se atrevia a olhar para mim, fingia que eu não existia. Minha mãe fazia tudo para se manter ocupada. Durante a ceia que foi servida perto da meia noite, com boa parte das crianças já adormecidas, o alvo dos questionamentos foi indiscutivelmente Liz e Anne.

João Paulo e William tentavam conversar com elas em duplo sentido, fazendo perguntas que eram obviamente feitas para me atingir. Mas, eles se complicavam infinitamente porque Anne era bem direta e não perdoava nas palavras, o inverso de Elizabeth que era uma dama, mas que respondia a altura com sua elegância fria. Pierre havia engatado em uma conversa com alguns de meus parentes sobre assuntos que sempre variavam. Apesar do jeito desleixado, era irrevogável a sua educação também européia, a sua facilidade em se engajar em grupos grandes e se manter empático a qualquer situação.

Eu me ocupei com minha sobrinha, a pequena Yasmin ficava ainda mais confusa quando eu e Veronica sentávamos uma do lado da outra, em determinado momento ela quase chorou com medo de não saber identificar quem era a mãe verdadeira dela. Murilo, implicante como sempre foi, aterrorizava a menina sempre que ela parecia confusa de quem chamar de mãe. Até que para aliviar o lado de minha pequena sobrinha, roubei o lenço que ela usava e amarrei em meu pulso, me diferenciando visualmente de Veronica.

Durante a noite, Elizabeth fez exatamente o que prometeu. Apesar de se recusar a tomar banho comigo, pois duvidava de sua própria força de vontade em respeitar a casa de meus familiares caso me visse nua, logo estávamos as duas abraçadinhas em minha cama. Tudo o que eu segurei durante àquelas horas ali, toda a saudade, angústia e frustração de não ser compreendida pela maioria, de ainda ser julgada por algo que eu simplesmente era e não poderia mudar... Eu desabei. Mas, não em um pranto sufocador, mas sim aliviado. Apenas porque ela estava com os braços ao redor de mim, me garantindo a segurança de algo que era fundamental para alguém em meu estado emocional: eu não estava sozinha, não mais.

Não sabia dizer exatamente quando dormir, depois que Liz começou a me embalar e a sussurrar coisas em francês em um tom carinhoso e ameno. Contudo, quando acordei a cama estava vazia ao meu lado. O primeiro pensamento foi o de que talvez fosse tarde e Liz tivesse levantado. Mas, quando peguei o meu celular, não passava das cinco da manhã! O céu ainda não havia começado a clarear e o frio da noite persistia no ambiente. Franzi o cenho e vi o copo de água vazio na cômoda ao lado. Talvez, ela tivesse apenas ido beber água, Liz tinha aquilo de sentir sede durante a noite.

Peguei o copo, joguei as cobertas para o lado e calcei os chinelos. Bocejava sem pudores, abrindo bem a boca enquanto descia as escadas preguiçosamente. Planejava apenas encontrá-la na cozinha, beber água e quem sabe ter meu beijo de bom dia? Já fazia muitas horas que minha boca não encontrava a dela e isso era quase um absurdo!

Ma ChèrieOnde histórias criam vida. Descubra agora