O Homem do Céu

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Vovô ficava sozinho na sua enorme casa, onde vivia agora com uma filha solteira e Caetano, seu netinho. Ele tinha um filho homem ainda vivo, mas era como se não tivesse: meu tio Cherubino era padre e vivia fechado no convento longe dos muros que cercavam a Saracena. Só de quando em quando vinha à aldeia para visitar o pai e pedir e dar-lhe bênçãos.
          Eu gostava muito de conversar com vovô Leone, quando ia brincar com Caetaninho. Ele era muito bom comigo, embora parecesse não ter muito jeito com meninas. Levava-me até um canto da casa, abria caixas cheias de figos secos e me oferecia uma porção deles. Eram uma delícia, principalmente os açucarados figos brancos. E, enquanto delícias desmanchavam na gula da minha boca, ele me mostrava sua biblioteca cheia de livros, onde, apontada para uma janela, estava a luneta mágica com quem conversava com os astros durante a noite.
          - Vovô Leone, quantas estrelas há no céu? - eu lhe perguntava.
          E ele respondia com um ar misterioso:
          - Não sei, Fortunatella. Ainda não acabei de contar...
          Aí ele me falava que as estrelas, como as pessoas aqui da terra, também não gostavam de viver sozinhas. Por isso agrupavam-se em constelações, muitas delas com nomes dos bichos terrestres: águia, urso, touro, cão...
          E eu ficava imaginando a noite como um grande campo escuro onde passavam animais luminosos e estranhos.

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A Menina Que Fez A AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora