Fiquei olhando vovô Leone, admirada da sua sabedoria. Eu fui tentando, nos dias que se seguiram, apalpar as coisas que estavam à minha frente. Era uma nova brincadeira: fechar os olhos e tateava. E assim fui aprendendo a conhecer a lisura de uma folha de papel, as nervuras de uma folha de árvore, o calor de uma cinza da lareira, o veludoso da pele do meu rosto, o fofo do miolo do pão, a aspereza de uma pedra da rua, a fluidez da água da fonte.
E uma noite, depois de acabar de rezar e depois de e vovó Catarina apagou a vela do quarto, eu quis ler o escuro. Ergui as mãos e fui tocando a espessura negra a volta da cama. E aí à noite ficou presa entre os meus dedos, silenciosamente adormecida até o alvorecer...
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Mas uma página amores!
Espero que gostem. Bjs!
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A Menina Que Fez A América
Short StorySaracena, Itália, final do século XIX. Pequenas aldeias de camponeses e artesão. Seus sonhos: sótãos repletos de alimento para o próximo inverno. O cotidiano interrompido pelos dias santos e festas populares. Aqui e assim viveu Fortunatella. Morre...