Saracena, Itália, final do século XIX. Pequenas aldeias de camponeses e artesão. Seus sonhos: sótãos repletos de alimento para o próximo inverno. O cotidiano interrompido pelos dias santos e festas populares.
Aqui e assim viveu Fortunatella.
Morre...
Em outro dia, porém, vovó já me contava a mesma história do tesouro, mas de outro jeito. O jeito que ela aprendera de sua mãe, que, por sua vez, aprendera da mãe de sua mãe. O jeito com que todas as mulheres da aldeia contavam histórias para suas filhas, que um dia também iam ser mães e repeti-las. Assim: "Para achar um tesouro, é preciso sonhar com uma romã. E sonhar que se está partindo a casca da romã sem derrubar um único grãozinho. Se isso acontecer, é só abrir uma gaveta, que aparece um saco de ouro". Vovó contava essas e outras histórias com a maior convicção, como se, de fato, acreditasse nelas. Então, por que iria eu duvidar?... Era só dormir à noite e esperar o sonho da romã, que era um jeito mais fácil de encontrar um tesouro do que contar trezentos de trás para diante.
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