O Tesouro da Romã

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          Vovó Catarina era uma contadora de histórias. Todos os dias, de tardezinha, depois só banho de tina com água da fonte da praça da Acquanova, eu me arrumava para o jantar e corria para junto dela. E ficávamos as duas à espera do vovô Vincenzo, que ainda não terminara seu trabalho.
          Então ela ajeitava o xale na a costas, prendia com grampos os fios de cabelo que haviam escapado do birote, e começava: "Era uma vez uma mulher que sonhou que devia contar trezentos, de trás para diante. Se ela não errasse nenhum número, veria uma parede abrir-se e aparecer de dentro dela uma panelinha cheia de moedas de ouro. Mas, se errasse, em vez da panelinha, saltaria o demônio de dentro da parede".
          Eu arregalava os olhos e, como achava impossível contar trezentos, tanto de trás para diante como da frente para trás, já sabia que, se aquela história acontecesse comigo, ia conhecer um horrível sujeitinho, feio, vermelho, cheirando a enxofre, com pés de cabra e um garfo nas mãos pronto para me espetar. E cadê tesouro?...

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A Menina Que Fez A AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora