O Tesouro da Romã

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          - Posso ir encher a moringa na fonte, vovó? - perguntei com ar de solicitude.
          - Mas por que agora, Fortunatella? Você pode fazer isso mais tarde.
          - Ah, vovó, eu estou com tanta vontade! A fonte é aqui pertinho e eu volto logo! Deixe eu ir, vovó, deixe...
          Eu era muito teimosa, e meus avós dificilmente resistiam aos meus caprichos da netinha órfã de pai morto e órfã de mãe viva. Por isso, vovó Catarina acabou consentindo. Saí vitoriosa, com a moringa nas mãos e o pé de meia amarrado junto ao elástico das minhas calças. Como os vestidos das meninas, naquele tempo, eram compridos e largos, não dava para perceber nada.
          Fui até a Acquanova, enchi a moringa, depois me escondi num dos becos que circundavam a praça. Levanteia a saia, arrancando do meu próprio corpo o tesouro do sonho não-sonhado da romã milagrosa.
          Entrei gloriosamente em casa, soltando berros de alegria:
          - Vovó! Vovó! Achei! Achei!
          - Achou o quê? - perguntou ela, arrancando a moringa das minhas  mãos antes que eu a deixasse espatifar-se no chão da sala.
          - O tesouro, vovó! Achei! Achei!
        
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A Menina Que Fez A AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora