Meu pai morreu cedo, de um ataque do coração, quando eu tinha apenas dois anos de idade e meu irmãozinho era ainda uma criança de berço. E foi assim que minha mãe, Giuseppina Ventimiglia, uma jovem fiandeira da Saracena, ficou sendo viúva moça, com dois filhos pra criar. Mas não ficou sozinha por muito tempo, porque as comadres da aldeia passaram a encher-lhe a cabeça:
- Giuseppina, você ainda é forte e bonita. Precisa casar de novo.
- Giuseppina, seus filhos precisam de um pai.
- Giuseppina, você já reparou no Vincenzo Laurito? Ele também é viúvo jovem como você. E homem de futuro: ele quer fazer a América!
E o que significava, naqueles tempos, "fazer a América"?
Vou contar...
Em fins do século XIX, a vida estava difícil para os trabalhadores dos campos da Itália e de outras partes da Europa. Faltava serviço e, quando havia, era mal pago. Então, começaram a surgir notícias de que lá, no outro lado do oceano, nas terras jovens e ainda pouco exploradas do Novo Mundo, havia necessidade de gente disposta a trabalhar duro com a promessa de enriquecer em pouco tempo. E os homens começaram a partir, sozinhos ou com as famílias. Iam para a América do Norte ou vinham para a América do Sul, muitos deles para o Brasil.8
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A Menina Que Fez A América
Storie breviSaracena, Itália, final do século XIX. Pequenas aldeias de camponeses e artesão. Seus sonhos: sótãos repletos de alimento para o próximo inverno. O cotidiano interrompido pelos dias santos e festas populares. Aqui e assim viveu Fortunatella. Morre...