Depois de algumas semanas de descanso forçado, finalmente sarei. As manchas vermelhas desapareceram. O que não desapareceu foi a coceira na minha língua. Eu estava doidinha para contar a minhas amigas a grande novidade: o nome da doença. Vovô Vincenzo me havia dito que as crianças brasileiras também pegava morbillo, mas que na terra delas a doença pintadinha se chamava sarampo.
- Aprendi uma nova palavra do Brasil muito engraçada. SARAMPO! SARAMPO! SARAMPO! Não parece uma música? - gritava e pulava eu, ritmando a minha fala e batendo palmas e pés como fazia minha avó quando dançava a tarantela nas festas da aldeia.
Minhas amiguinhas, porém, não se entusiasmaram. Dessa vez, elas é que tinham uma novidade grande para me contar:
- Enquanto você estava doente, apareceu na aldeia uma moça que sabe ler as palavras com as pontas dos dedos.
- Como? - perguntei incrédula e, ao mesmo tempo, desapontada por não ter sido a primeira a descobrir o fato.
- É isso mesmo. Ela lê com as mãos. Todas as terças-freiras ela vai à igreja para contar a História Sagrada para as crianças do catecismo. Você quer ir?28
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Menina Que Fez A América
Short StorySaracena, Itália, final do século XIX. Pequenas aldeias de camponeses e artesão. Seus sonhos: sótãos repletos de alimento para o próximo inverno. O cotidiano interrompido pelos dias santos e festas populares. Aqui e assim viveu Fortunatella. Morre...