Recommencing life, parte II.

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De carro você nunca percebe o quanto algumas ruas podem ser macabras.

Tudo parece colaborar, o vento, as luzes que piscavam como filmes de terror.

Até algumas poças d'água davam um ar diferente.

Senti um arrepio percorrer todo meu corpo e então suspirei leve.

Acho que ela tem razão. Eu não estou em uma série, pelo amor de Deus.

Soltei um riso, meio que tentando me convencer daquilo.

Me assustei e meu corpo paralisou no mesmo instante, quando vi, no fim da rua, um vulto que me parecia um homem, parado, me encarando. Juro, aquilo era extremamente assustador.

Eu não conseguia me mover, então fechei os olhos e balancei a cabeça, torcendo para que fosse apenas meu medo me perturbando.

Ao abrir os olhos, sim.. Não tinha mais ninguém ali.

Engoli meu coração de volta e segui o caminho.

Chegando em casa, tomei um banho e minha cama me chamava.

Nem quis jantar, e tive que repetir isso inúmeras vezes à minha mãe que vinha de cinco em cinco minutos me perguntar se eu tinha certeza, se realmente não queria comer nada.

A verdade é que minha mãe se tornou muito mais carinhosa após a morte do meu pai.

Ele morreu em um acidente de trânsito. Era taxista.

Eu era muito nova e, ás vezes, eu apenas paro e fico olhando algumas fotos.

Eu não sei.. Acho que tenho medo de esquecer seu rosto.

Depois da morte do meu pai, minha mãe teve que se virar.

Viúva, uma filha pequena, desempregada, sem família por perto, nem mesmo recebeu dinheiro algum. Uma amiga dela arranjou um emprego de garçonete, era em outra cidade e não pagava grandes coisas. Mas nós não podíamos recusar.

Então nos mudamos e recomeçamos nossa vida.

THE BOXOnde histórias criam vida. Descubra agora