See u in hell.

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Eu já havia visto várias faces do Justin, o carinhoso, o maníaco, o brincalhão, o filho da puta agressivo. Mas agora ele não era nenhum deles, ele era só um garotinho que descobriu que todas as suas verdades não passavam de mentiras bem estruturadas. Um garotinho que viu, em fração de segundos, seu maior herói...tornar-se vilão.

Justin se mantinha na mesma posição, imóvel, tentando digerir aquela situação.
Seus olhos lacrimejavam e ele encarava o cara, que provavelmente, não se chamava Ethan.

— Filho. — Ele disse enquanto se levantava e olhava o Bieber.

— Filho? Filho? — Ele repetiu soltando uma risada. — Era você por trás de tudo isso, o tempo todo! Você tentou me matar! — Justin gritou.

— Nunca foi meu plano te matar. — Ele deu alguns passos se aproximando.

— Ah, não? — Balançou a cabeça negativamente.

— Não. — Afirmou. — Foi tudo um teste. Eu estava te treinando para o dia em que você vai assumir tudo isso. — Ele abriu os braços.

— Você forjou sua própria morte. Você acabou com a minha vida. Me fez sofrer todo esse tempo pela droga de pai que eu achava que tinha! E agora me diz que foi um teste? Eu quero que você e essa porra de máfia se fodam. — Bieber disse irritado.

— Eu estou aqui agora. — Falou como se isso fosse concertar tudo.

— Está aqui agora? Você tem merda na cabeça? — Me pronunciei.

O homem me olhou, passou a mão no cabelo e deu um sorriso nojento. Parecia ter notado minha presença somente agora.

— Oi, Allison. — Me cumprimentou.

Em pensar que eu praticamente fui atrás da morte. Ele teve todas as oportunidades para acabar com minha vida, e simplesmente não fez. Eu não faço a mínima ideia do porquê.

— Por que você não me matou naquele dia? — Indaguei.

Ele sorriu com minha pergunta, ajeitou a gravata e deu passos lentos até mim, me analisando.

— Você acha que eu mataria uma garota tão bonita assim, sem antes levá-la para meu livro? — Disse tocando meu braço.

A ânsia de vomito veio com tudo nesse momento. A minha vontade era meter a mão na cara dele, mas nós estávamos cercados por homens armados. O Justin não morreria, mas eu sim.

— Não se atreva a tocar nela, Jeremy! — Justin esbravejou empurrando-o para trás.

Bieber segurou em meus dois braços e me posicionou a frente da janela.
Olhei por cima de seu ombro e pude ver os homens apontando a arma para Justin, mas Jeremy fez um sinal com a mão para eles e os mesmos abaixaram as armas.

— Jay, não.. — Murmurei.

Justin mal piscava, seus olhos estavam fixos em mim. Ele balançou a cabeça negativamente, tocou meu rosto num gesto delicado e logo virou-se, olhando novamente para seu pai.

— É.. Você me treinou muito bem, Jeremy. — Bieber pôs a mão no bolso e retirou o pequeno controle.

Todos na sala o olhavam sem entender.

Justin voltou a me olhar e passou a língua nos lábios se preparando para dizer algo.
"Eu te amo", foi o que saiu da sua boca num sussurro. Então, Bieber olhou para Jeremy de lado e disse em alto e bom som: "Te vejo no inferno."

Foi a última coisa que eu ouvi, em seguida estava caindo daquele prédio. O fogo já tomava conta de tudo. Fogo e água, misturados em meus olhos. Foram os segundos mais duradouros da minha vida, mas logo... Tudo se apagou.

||

Abri meus olhos e senti uma dor enorme por todo meu corpo. Olhei em volta mas não tinha ninguém, nenhuma voz conhecida, apenas um barulho irritante podia ser ouvido, como: pin pin pin..
Toquei levemente minha nuca por causa da dor e senti um curativo no local.

Assim que me lembrei do que tinha acontecido, arranquei a agulha que estava em meu braço ligada a uma bolsa de sangue e levantei com dificuldade, minhas costas doíam muito.
"Justin", minha mente processava, mas o som não saia da minha boca.

Quando passei pela porta, ouvi a voz do Chris: "Ela acordou!" E em seguida, todos vieram até mim.

— Cadê o Justin? — Perguntei olhando eles.

— Allie.. Você não podia ter levantado. — Nolan disse mudando de assunto.

— Não.. Não.. Nolan, — Minha voz começou a ficar trêmula. — cadê o Justin, Ryan? Cadê o Justin, Chris? — Repeti a pergunta, mas eles me olhavam sem nenhuma reação.

Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, mas eu tentei me conter.
Florence me olhou e eu pude ver que seus olhos estavam um pouco inchados. Ela balançou a cabeça devagar negativamente e me olhou triste.
Bastou isso, bastou um simples gesto e o mundo pareceu desabar, esmagando tudo, inclusive eu.

Ryan me abraçou por um instante tentando me consolar, mas sinceramente, foi em vão.

Sentei encostada à parede, abracei minhas pernas e comecei a chorar desesperadamente, suplicando a Deus que aquilo fosse um mal entendido, que fosse mentira. A dor era inexplicável, a sensação de vazio tomou conta. Saber que eu jamais o veria de novo, que eu não poderia dizer que eu também o amo.. Era insuportável.

THE BOXOnde histórias criam vida. Descubra agora