Não existe coincidência.

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A viajem foi mais do que longa. Afinal, eu não podia pegar um voo, eles não acreditariam na minha desculpa: "Eu sei que sou procurada pela polícia, mas eu tenho que deter uma organização perigosíssima. Volto depois." Definitivamente, não.

Dessa vez, por incrível que pareça, eu não dormi. Minha cabeça estava ocupada demais com o Charles e com essa reunião.
Era loucura chegar em uma festa cheia de mafiosos e tentar matar o chefe? Sim, era. Porém, a palavra "medo" foi muito usada por mim esses tempos e eu simplesmente não quero mais senti-lo.

Paramos no caminho para comprar roupas adequadas para a ocasião. É aquele velho ditado, né? Se vai mor.. matar, que seja com uma bela roupa.

Já era noite quando chegamos a Nova Iorque. No alto, a lua cheia nos iluminava com sua luz prateada, fazendo com que minha vontade de entrar no hotel sumisse. Por um instante, era só eu e a lua. A sensação de conforto me invadiu como se nada, nem ninguém existisse. Fechei meus olhos por um momento sentindo a brisa gelada tocar meu rosto. Mas foi impossível me desligar, pessoas, carros, todos em volume máximo, numa eterna correria. Respirei fundo e entrei junto ao Bieber no hotel.

Ele disse que seria uma tarefa fácil, que nos enturmaríamos, posaríamos de babacas e em seguida.. Boom. Ele levaria explosivos em sua roupa e assim que ele apertasse o pequeno botão vermelho, nos jogaríamos pela janela amarrados a uma corda com um gancho para fixação. A bendita janela.
O prédio não era tão alto, então quando a corda chegasse a queimar, já estaríamos no chão.

Em teoria, mil maravilhas.

Ajeitei o vestido longo preto em meu corpo e em seguida dei o último retoque em minha maquiagem, logo saindo do banheiro.

Bieber me olhou de cima a baixo com um sorriso maravilhoso no rosto e por fim, disse:

— Você.. — Balançou a cabeça lentamente. — tá incrível. — Completou.

Sorri indo até ele e ajeitei sua gravata.

— Você também. — O olhei.

Justin pegou os explosivos e eu o ajudei a por em sua roupa, em seguida, ele colocou um casaco por cima.

— Vamos? — Ele disse dobrando o braço para que eu o acompanhasse.

— Olha, acho bom isso dar certo, porque minhas series não estão em dia. — Falei pondo meu braço em volta do dele.


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As pessoas dançavam uma música lenta, davam risadas sem graça e bebiam delicadamente. Tava me dando enjôo.

— Eu não costumo dançar. — Olhei o Justin.

— To vendo o porquê. — Ele disse enquanto me analisava dançar.

Bati em seu ombro devagar e fiz careta.

— Vai pra trabalhadora da zona que deu a luz.

— Você quis dizer.. "Vai pra puta que pariu."? — Ele perguntou e eu assenti. — Por que tá falando assim?

— Estou tentando ser chique.

Bieber não conteve a risada, foi tão alta que as pessoas ao nosso redor pararam de dançar e nos olharam. Eu tava morta de vergonha.

— Bicha escandalosa. — Reclamei e ele me pressionou com força contra seu corpo.

Ele aproximou sua boca do meu ouvido e sussurrou:

— Bicha que você beijou e implorou pra ir pra cama. — Ele deu um espaço entre a gente e continuou a falar. — Tá na hora. — E saiu andando.

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