Prólogo 💙

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- Você não pode me rejeitar por aquela traidora. Ela nem te ama, Itaky! - Junity tentava me fazer voltar atrás, mas minha decisão estava tomada!

- Eu posso ter quantas mulheres eu quiser. - rebato querendo deixar claro que a decisão era minha. - E eu já decidi!

- Eu fui a escolhida pela lua! Seu elo perfeito, te dei um filho lindo e forte. Eu te dei todo o meu amor! Te entreguei o melhor de mim, o que tinha de mais bonito no meu coração. - ela começou a chorar. Seu corpo magro se sacudia e aquilo me dava mais raiva ainda. Eu nunca a amei, não conseguia! Meu coração nunca foi meu para que eu pudesse entregá-lo a ela.

- Você não é nada Junity, a lua te escolheu pra mim, e eu aceitei! Agora é a minha vez de escolher a mulher que eu sempre amei! - respondi seco, e sei que minha frieza a machucava, mas eu não me importava. Se eu perdesse essa oportunidade, talvez nunca mais tivesse a chance de ter Kaolin em meus braços.

- Mas nós temos um filho. Cauê já tem cinco anos, ele já entende as coisas. Pense em como a cabecinha dele ficará embolada. - ela suplicava. Cauê era importante pra mim, mas não mais que Kaolin.

- Ele continuará sendo meu filho, e você continuará sendo minha mulher. Não sei por que tanto drama. - eu já estava ficando sem paciência. Me dirigi a saída da oca.

- Eu não quero te dividir com ninguém! - ela berrou com a voz aguda, arranhando meu braço. - Eu amo você Itaky.

- Mas eu não! Já lhe disse que não te amo. Eu tentei, mas não consigo te amar. E eu já pedi a família de Kaolin, eles empenharam a honra e eu a minha! - gritei tirando suas mãos do meu braço com dificuldades. - É melhor se conformar.

Junity era extremamente geniosa e teimosa. Voltei ao caminho para fora daquele inferno, mas ela se jogou em cima de mim e começou a distribuir arranhões e tapas nas minhas costas. Segurei seu pulso bem no momento em que ela tentou arranhar meu rosto, olhei fundo em seus olhos inchados e vermelhos pelas lágrimas derramadas, e não senti nada além de pena.

- Eu não amo você e nunca vou amar! - disse baixo e pausadamente para que talvez assim ela compreendesse. E a joguei no chão. - Quanto mais cedo você se conformar, melhor.

- Eu amaldiçoou você. Eu amaldiçoou a aliança de sangue entre vocês! - ela disse ajoelhada no chão, com suas unhas tirou um pouco de terra, e a derramou diante do seu rosto. Os olhos compenetrados no ato, a voz firme e uma determinação assustadora. Ela pegou mais terra, dessa vez batendo com a mão cheia de terra no peito. - Nenhum filho seu com ela passará do por do sol após seu nascimento. E para quebrar está maldição você terá que matar qualquer um desses bastardos! Eu os amaldiçoou Itaky e Kaolin. Seus sangues serão derramados nesta terra para que eu seja vingada! Só assim você terá paz.

Um vento quente entrou pela oca levantando poeira. Meu coração acelerou e todo o meu corpo estremeceu.

- Retire essa praga agora! - gritei levantando-a pelos ombros com força. - Retire agora!

Quando pequeno ouvia as histórias contadas pelo pajé sobre maldições como está, onde mulheres eternamente amargas lançavam palavras cruéis sobre a nossa terra. E cada uma delas se cumpriam, de um jeito ou de outro.

- Não, você sentirá o mesmo que eu estou sentindo. - Seu olhar transmitia a certeza das suas palavras. - Jamais poderá dar um filho a ela, jamais terá o amor dela. - falou soltando-se de mim e ficando de pé, me encarando com um ar de triunfo.

- Mani? - a voz do menino de cabelos negros como a noite ecoou pela oca e ela abriu um sorriso pra ele o tomando nos braços.

  Essa maldição não vai nos atingir, não pode nós atingir. Corri para o pajé que estava na roda das canções ouvindo as mulheres cantarem seus lamentos. Olhei procurando por minha amada, mas ela não se encontrava no meio das outras moças.

- Pajé, por favor me ajude. - supliquei chamando sua atenção, sentindo o um peso terrível se apossar do meu espírito.

- Itaky, palavras de uma mulher ferida não voltam atrás! A maldição vai se cumprir! - sua voz era suave e seus olhos estavam focados no céu, e fiquei confuso. Como ele sabia, se eu não falei nada sobre o ocorrido? - Mas daqui a nove luas nascerá a de olhos verdes como esmeralda, contará vinte estrelas e se unirá ao índio fugitivo. A mistura dos sangues e o seu derramamento quebrará está maldição! Para isso o fugitivo precisará cortar o cipó da vida!

- Como assim pajé? Quem será está mulher? Me explica como romper isso logo de uma vez! - meu desespero era tão forte quanto as batidas do meu coração.

- O tempo se encarregará de lhe esclarecer todas essas perguntas. Mas saiba que tudo isso foi cavado, plantado e cultivado por você! Agora seja homem e colha o seu fruto amargo! - suas palavras me cortaram como a ponta de uma flecha bem afiada. Mas não importava, eu teria Kaolin pra mim, custasse o que custasse. Ela seria minha.

                          -+-+-+-+-   

Contei cada maldita lua, contei o tempo que corria na velocidade mais lenta de toda minha vida. A cada lua que se completava um problema aparecia. Na quarta lua descobri que o meu amor, aquela por quem eu daria a minha vida, me trocou por um branco imundo. Um professor que a engravidou, que a tirou de mim, que manchou a minha honra.

   Nove luas se passaram, Kaolin estava grávida, o filho não era meu. Eu ia matar aquele branco traidor e o fruto desta traição. Toda a aldeia sabia que Kaolin estava de honra empenhada comigo, ninguém seria louco de tocar na prometida do futuro cacique, a não ser um branco nojento que não tem respeito algum por nossas tradições e costumes. Eu mataria ele e a criança cabocla!

Mirei no desgraçado que destruiu a minha vida, ele corria como uma presa corre de seu predador. Estava a espera do ângulo perfeito, posicione o arco e a flecha que desde a quarta lua eu havia preparado especialmente para ele.

- Itaky, a lua escolheu o elo perfeito do seu filho Cauê! - o pajé cortou meus pensamentos de vingança, mas não tirou a minha concentração na presa. - Aquela menina, a filha de Kaolin com o branco, ela é o elo de Cauê!

  Ao ouvir a maldita notícia a flecha saiu em direção ao seu alvo, torta, no momento errado e sem a força necessária. Acertei apenas o ombro do branco, seus olhos encontraram os meus. Eu teria o prazer de tirar a filha bastarda dele.

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Oi Cats🐱
Revirei o prólogo, e assim farei com os outros capítulos! Mas continuarei a postar novos capítulos! Beijos!

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Elo Perfeito #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora