Dezenove

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Acordamos cedo e colocamos o pé na estrada. Minha mãe insistiu em dirigir, não queria que eu me cansasse. Confesso, estava exausta, com a mente cansada. Passei a noite me revirando na cama, procurando o calor que era meu companheiro nos últimos meses, mas só encontrei a solidão.

Me surpreendi com a paisagem linda da marina. As ondas se quebrando fazendo alguns iates e lanchas se movimentarem, pessoas passeando pelo calçadão, um vento tranquilo e quente estava rondando ali. Contraste perfeito com o meu coração, que estava um caos.

Entramos em um edifício todo em azul chamado Estrela Marinha, a recepção era de cinco estrelas. Logo um senhor vestido de terno preto com uma gravata azul marinho, mostrou um sorriso bem forçado e nos cumprimentou.

- Boa tarde. O que desejam aqui? - diz nos levando para o balcão.

- Olá, estou aqui para visitar meu irmão. - minha mãe responde sem deixar se abalar pela falsidade dele.

- E quem seria?- pergunta com desdém. Será que estamos tão mal apresentáveis assim? Mesmo que fosse, não devemos tratar as pessoas dessa forma.

- Willian Landut. - respondi me estressando com ele. - Por favor, diga que estamos aqui.

- Quais os nomes das senhoritas? - fechou a cara pra mim.

- Sarah e Maya Landut.- respondi.

- Com licença. - saiu indo até uma moça com um terninho azul marinho que estava a mexer em um computador. Falou algumas palavras e ela assentiu. Depois ela lhe passou o telefone e ele fez cara de tédio enquanto esperava.

- Boa tarde senhor Landut, duas moças estão aqui na recepção solicitando acesso ao seu quarto. - ele faz silêncio- Os nomes são Sarah e Maya Landut, declaram serem suas parentes. - silêncio.- Sim senhor.- ele desligou o telefone e veio na nossa direção. - Estão liberadas, número 612.

- Obrigado. - minha mãe agradece e eu a puxo para o elevador.

- Nossa, estou tão nervosa. - digo assim que as portas se fecham, sinto o suor brotando das minhas têmporas.

- Olha o bebê de vovó. - ela brinca passando a mão na minha barriga. Eu dou um sorriso nervoso.

As portas se abrem e caminhamos procurando o número indicado, assim que encontramos o 612, a porta se abre e eu fico surpresa ao ver uma moça alta de cabelos curtos negros saindo do quarto. Seu rosto transmitia insatisfação, seu vestido azul tomara que caia era com certeza de grife. Ela me encarou de cima a baixo e saiu batendo com o salto preto no granito branco. Fitei seus olhos cor de avelã e logo após a porta do elevador se fechou.

Quem é essa garota? Parece ser um pouco mais velha do que eu, talvez uns vinte quatro. Tenho que confessar, ela é linda.

- O que significa isso Willian? - minha mãe tira-me dos meus devaneios e encaro o homem a minha frente.

Seu rosto aparenta estar cansado, ele fecha os olhos e passa a mão pelos cabelos abrindo passagem pra nós. O quarto é de luxo, obviamente. A cama grande estava roda bagunçada e algumas roupas estavam jogadas nas poltronas no canto do quarto.

- O que estão fazendo aqui?- ele pergunta com a voz baixa e fria.

O quê? Ele tá ficando louco só pode, me dá paciência Deus! Ele é meu pai! Ele é meu pai! Ele é meu pai!

- Oi pai, também estava com saudades de você! - sinto que Deus não me deu a paciência, e começo a subir o tom da voz a cada palavra. - O que estamos fazendo aqui? Bom, pra começar faz mais de um ano que eu não te vejo, você não foi ao meu aniversário, nem ligou, nem atendeu minhas inúmeras chamada. Além de saber que eu seria raptada e obrigada a casar com um índio que eu nunca vi, transformou minha vida num inferno. Aliás estou grávida dele, e agora eles querem matar meu filho, e só pra constar minha mãe Kaolin está viva e você é um péssimo pai. - no fim estou gritando como louca.

Elo Perfeito #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora