Quatro 💚

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Acordei com calor e uma dor de cabeça enjoada, meu corpo inteiro doía. A luz do sol começava a irradiar no céu e os pássaros já começavam sua cantoria. Senti um peso nas pernas e na cintura. Estava toda enrolada com...

Cauê?! Como assim? Eu fugi, eu corri muito dele.

Meu desespero aumentou quando nos vi completamente nus. Comecei a chorar copiosamente e meu peito se apertava imaginando o que havia acontecido nas horas em que eu estava desacordada.

Tentei tirar seu corpo de cima do meu, mas ele era pesado, muito pesado. Depois de um tempo tentando tirar seus membros que estavam espalhados sobre mim, ele se mecheu e rolou para o lado, me encolhi acabada, destruída.

Ouvi seu suspiro pesado e achei suas roupas no chão junto ao meu vestido dá noite anterior, algo no meio do amontoado de panos chamou minha atenção. No meio dele havia um punhal, tinha o cabo todo trabalhado, com certeza não fora feito ali. Me levantei colocando o vestido fino na frente do meu corpo para cobrir minha nudez, me aproximei do punhal peguei e virei pra ele que me fitava sério, apoiando a cabeça no braço tatuado, acompanhando cada movimento meu. Meus olhos passava do punhal para ele, tentando decidir o que fazer. Era muito horrível a constatação de ter sido estuprada, mesmo que eu não lembrasse de nada. Só o fato de saber já era o suficiente para desejar a morte.

- Como pôde fazer isso comigo? - sussurrei chorando. - Eu implorei pra não me machucar!

- Eu não fiz nada. - ele mantinha a postura calma e entediada.

Com certeza ele é um monstro. Me casaram com um filho da puta dá pior espécie!

- Eu não posso viver sabendo que você me violentou. - gemi me encolhendo ao pronunciar a última palavra. - Você roubou tudo de mim, tirou tudo.

Caminhei em sua direção com o punhal apontado para ele que continuava imóvel. Meu coração batia rápido, minhas mãos suavam frio e eu tremia sem parar. Olhei com toda raiva que eu estava sentindo para o objeto em minhas mãos, eu queria ter coragem o suficiente para matá-lo.

- Te matar não vai acabar com a minha dor. - falei suspirando tomando uma decisão que jamais pensaria em meu estado normal. - Meu sofrimento acabará apenas com a minha morte.

Virei o punhal na direção do meu coração e chorei, chorei muito me lembrando dos meus pais, dos momentos que passei com minhas amigas, dos meus alunos e de toda a minha vida perfeitamente agradável. Fechei os olhos e me preparei para empurrá-lo, mas Cauê deu um pulo da cama e em ação rápida arrancou o objeto das minhas mãos.

- Não fiz nada garota! Eu sou um homem, não um animal. - sussurrou olhando para os lados. - Eu tirei sua roupa porque assim que o sol nasce o cacique e o pajé vem conferi se o casamento foi consumado.

- Mas tem sangue na cama. - sussurrei ainda não acreditando no seu argumento, vendo a mancha vermelha.

- Se eu tivesse entrado em você, com certeza você sentiria, mesmo agora. -  mostrou o dedo do meio, um corte pequeno parecia ser recente. - Isso é mais que antigo. Nunca viu filmes ou novelas? Os caras se cortam e sujam os lençóis pra fingir que suas mulheres eram virgens. Não faz muito sentido, quando eles acham que você já não é, mas não quero que as leis daqui se apliquem a... - ele guardou o punhal em uma fenda na madeira próxima a cama e me puxou. - Deixa pra lá. Tira a roupa e deita. Eles já devem estar chegando. Anda.

- Não vou tirar nada! - cruzei os braços me sentindo muito, muito aliviada por não ter acontecido nada. Tive vontade de sair pulando de tanta alegria. Realmente não senti nada de diferente no meu baixo ventre, nenhuma dor, nada.

Elo Perfeito #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora