Vinte e três

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Sinto meu coração bater tão forte, ouço minha mente gritando:

TE AVISEI PRA NÃO ACREDITAR NAQUELE IDIOTA.

Ei, vai com calma ok? Passei minha vida toda te ouvindo, pelo menos uma vez eu tive que agir baby, o amor é melhor. Meu coração fala.

Mas machuca e as vezes a ferida nunca sara. A minha consciência rebate.

Mas sempre vai valer a pena. Sinto uma guerra mundial começando dentro de mim.

(Consultório)

- Deve iniciar um pré-natal o mais rápido possível. Seu bebê está bem, mas você precisa de vitamina e outras coisas. -  o Dr. Montes recomenda assinando uma receita de remédios - Não deve se esforçar muito, precisa manter a calma e a mente limpa, nada de estresse.

- E sexo doutor? - Cauê o interrompe fazendo meu rosto pegar fogo de vergonha. Juro que se tivesse uma arma, lhe daria um tiro em cada dedo.

- Já passou dos três meses, e a atividade sexual pode retornar. Mas sabendo que ela não deve se esforçar muito. - ele responde ainda escrevendo. E o agradeço mentalmente por não olhar pra mim, ou eu morreria de vergonha.

Meu rosto deve estar roxo. Deus protege mesmo, pois soube sobre a gravidez a quatro dias, e antes de Vivá chegar digamos que sexo entre eu e Cauê era quase como antibiótico, de manhã, de tarde e de noite. Sem exagero, esse cara é insaciável. E meio que juntou a fome com a vontade de comer. Era bom, era incrível!

Como vou fazer isso? Como posso simplesmente bloquear tudo que está acontecendo?

Você foi porque quis, aguenta. Sério, minha consciência é um porre!

Já não basta toda essa história de ser índia, depois vem essa casamento maluco, após descubro minha gravidez não planejada, uma maldição ridícula, tenho uma meia irmã que nunca vi na vida, e então ouço uma conversa do meu marido com o seu cafetão? Sério, me interna no manicômio. Preciso das minhas amigas. Preciso de pelo menos uma lembrança, um momento em que eu volte a ser normal.

- Alô, Nicoly? - digo tentando desfazer a voz de choro.

- Maya? - a voz dela soa surpresa.

Lógico, você é tão boa amiga que está a quase cinco meses sem lembrar das suas amigas. O que queria?

- Amiga eu preciso de vocês! - digo e sinto a saudade apertar.

- Você é uma filha da puta. - ela grita e preciso afastar o celular pra não ficar surda. - Fazem meses que eu não te vejo e nem ouço a sua voz e você tem a cara de pau de dizer que precisa de mim?

- Nicoly, minha vida tá de cabeça pra baixo. - tento explicar minha negligência.

- Você está falando com aquela vaca? - ouço a voz de Emily no fundo.

- Ela mesma. - Nicoly responde com ironia.

- Me da isso aqui. Preciso dizer umas boas verdades pra ela. - ouço a voz de Emily mais perto e então ela berra no meu ouvido. - Eu vou quebrar sua cara, como teve coragem de fazer isso com a gente? É muito descarada mesmo!

- Não diz isso Emily, minha vida tá um caos. - sussurro sentindo as lágrimas descerem.

- Ah, realmente deve está um caos agora que é famosa e casada com o cara mais do que gostoso que por acaso nunca vimos na vida. - ela fala sem respirar e vai aumentando o volume a cada palavra.

- Vocês estão bem? - pergunto secando as lágrimas, não quero falar sobre isso.

- Eu engordei seis quilos o que significa que não, não estou bem, sua vaca! - ela realmente está furiosa. - Ah, uma tal de Olívia Sanchez apareceu por aqui querendo saber de você.

Elo Perfeito #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora