Elo Perfeito #Wattys2017

Capítulo 40

Lucas tinhas as bochechas gordinhas e rosadas, seus olhos eram de um verde bem claro, quase azul, achei ele bem grande para um bebê recém nascido. Algumas roupinhas que André havia arrumado pra ele, ficavam apertadas, assim como as fraldas RN. Os cabelos pretos como o de Cauê, o queixo e o nariz também, e uma manchinha no formato de uma lua, assim como a cicatriz que adquiri no dia do meu casamento com Cauê, estava estampada em sua pele branca acima do peito, no lado esquerdo. Não sabia se aquilo tinha algum significado, a única coisa que eu sabia é que ele era a maior prova de um existente amor entre eu e Cauê.

O meu coração derretia como sorvete em uma chapa de hambúrguer enquanto observava Cauê ninando Lucas cantando uma música na língua nativa de nosso povo. Ele estava ali, estava comigo, estava vivo. E por mais que eu tivesse me esforçado pra acreditar nisto nos momentos em que afirmavam sua morte, naquele momento parecia quase irreal. Vê-lo com o Lucas em seus braços, derramando todo o seu amor por ele, era algo quase surreal, era mágico.

Por mais que as coisas estivessem bem difíceis, complicadas e eu me sentisse no meio de um apocalipse, Lucas me trazia a paz e a esperança de que talvez tudo aquilo fosse finalmente se resolver. A minha relação com Cauê tinha sido conturbada demais, desde o primeiro minuto, e eu cansei de me sentir insegura o tempo todo. Mas naquele instante eu percebi que éramos uma família, conturbada e cheia de histórias loucas, mas ainda assim uma família.

Foi tudo novo demais, intenso demais, rápido demais, assustador e enlouquecedor demais. Tudo com a gente era ao extremo. Era pesado e leve, triste e alegre, confuso e cheio de certezas, era um misto louco de sentimentos que eventualmente surgiam nos deixando assim.

Não tínhamos um relacionamento saudável e isso me fazia temer por Lucas, as vezes. A inconstância que vivíamos podia afetar de alguma forma a vida do nosso filho, e nunca permitiria que nossos erros refletissem naquele anjinho dos olhos verdes. Mas ao mesmo tempo, o amor que eu havia terminantemente tentado reprimir por Cauê, floresceu com força, como uma rosa. Linda, cheirosa, mas cheia de espinhos. E algo me fazia acreditar que o nascimento do nosso filho mudaria tudo, e que toda aquela perseguição louca, aquela montanha de problemas seriam completamente resolvidos. Seríamos felizes, muito felizes.

Os olhos negros de Cauê encontraram os meus, seu rosto machucado cortou meu coração, mas o sorriso lindo que ele abriu iluminou minha alma. Seja lá o que fossemos enfrentar dali em diante, a única certeza que eu tinha é que os homens dá minha vida estariam comigo. E eles eram tudo que eu precisava pra vencer tudo.

Já faziam dois dias desde o nascimento do meu filho e nada de Tito ou Olívia aparecerem, e isso me deixava aliviada e temerosa ao mesmo tempo, não havia como prever o que aqueles dois haviam planejado pra nós. E um aperto no peito estava me corroendo por dentro, eu sentia que algo muito horrível ia acontecer, e isso me deixava inquieta.

Eu me sentia bem, sentia que estava me recuperando do parto normalmente, mesmo diante das circunstâncias trágicas. André meu carcereiro tentava nos ajudar de todas as formas possíveis, com alimentos, água, remédios e coisas para o bebê. Ele disse que a ordem era nos deixar com fome, e que a chave não ficava mais com ele. Então quando precisávamos ir ao banheiro um mau encarado com a barba falha nos escoltava, e nos trazia de volta com toda a ignorância.

Eu e Cauê não havíamos falado sobre toda a confusão que estava nos cercando, todas as vezes que eu tentava entrar no assunto ele desconversa, ou dizia que eu não deveria ficar pensando nisso e sim em me recuperar. Ele ficava como Lucas no colo o tempo todo, e posso apostar que ele não dormiu durante esses dias que se passaram. Mas estava decidida a tirar proveito de toda essa infernal loucura, queria saber tudo o que tinha acontecido com ele, e tentar descobrir o porquê Olívia estava tão interessada em me prejudicar.