Hoje é o dia em que a faculdade está passando por uma reorganização e por isto, terei que ir para casa e passar basicamente um mês lá para que eu possa voltar na faculdade e obter as melhores recomendações possíveis para um emprego futuro.
Recolho minhas coisas no dormitório, vou até o meu carro, coloco tudo no porta malas e logo em seguida dou a partida indo ao destino que eu não estava nem um pouco com pressa de seguir.
Chego em casa cansado, pois o tráfego demorou duas horas, tirando o fato que eu não estava nem um pouco afim de acelerar. Coloco minhas malas e outros pertences dentro de uma caixa no chão e vou até a cozinha. Lá eu avisto Luísa cozinhando algo que pelo visto cheirava muito bem.
-Pelo visto você ainda cozinha muito bem. -Digo abrindo um sorriso ao ver a surpresa de Luísa em seu rosto.
-Olha só quem voltou! -Ela diz me abraçando.
-A propósito onde está o meu pai? -Pergunto sério.
-No laboratório fazendo coisas importantes, eu acho.
-Acho que eu vou lá dar um "oi". -E antes que eu desse o primeiro passo, Luísa entra em minha frente.
-Nada disso, você deve ir se aprontar para o jantar, descanse. Depois você fala um "oi" ao seu pai. - Ela diz me encarando, fazendo com que eu quase tenha a certeza de que ela me esconde algo, e que provavelmente não irá me contar.
Decido então fazer o que ela havia me pedido. Vou até a sala aonde havia colocado minhas malas e meus pertences em uma caixa, pego-os e subo até meu quarto. Largo as coisas em um canto e me jogo em minha cama que eu tanto sentirá falta. Olhar para o teto é tão depressivo que chega a ser ridículo eu ficar encarando o teto por muito tempo.
Sem mais delongas, desço para o jantar. Sento-me a mesa pela qual meu pai já estava, e o pior, ele nem se quer parava um segundo, ele estava lendo teorias tempo existenciais e comendo, isso chega a me incomodar, já que ele nem reparou em mim aqui.
-Legal. Muito Bom. Parabéns! -Digo isso e ele começa a me olhar e coloca o livro de lado.
-O que disse? -Ele pergunta, como se ele nunca tivesse sentido a minha falta nesses dois anos em que estava na faculdade.
-Que a comida está deliciosa. -Falo soltando um sorriso forçado.
-Como estão as coisas? -Ah maravilha quer bancar uma de pai agora! EU MEREÇO!
-Normais. E os seus projetos que pelo visto são mais empolgantes e importantes que o seu filho! Como eles estão? -Pergunto e vejo a amargura tomar posse de seu rosto. Aí aí, achei a ferida e acredite eu vou cutucá-la.
Logo após a minha pergunta, o jantar se seguiu em repleto silêncio e algo súbito me pega de surpresa, um devaneio veio em minha mente, um que tentar esquecer não é o suficiente. Minha mãe ter digirido bêbada e o por que? Afinal tudo que sei é um mero nada, mas isso mudará hoje. Hoje eu irei invadir aquele laboratório e seja o que for que tenha lá eu irei descobrir.
Após o término do jantar eu subo até o meu quarto e permaneço lá, afinal todo bom invasor tem seu plano. Decido pensar e repensar por horas, até que pego o amanhecer do céu limpo e azul e de imediato uma idéia invade minha mente.
Após tomar o café da manhã peço a Luísa para que avise a meu pai que teremos visitas no jantar e que a presença dele é crucial. Ele nem imagina o que o espera.
Já em meu quarto, ligo o computador e começo a mandar convites no Facebook para os amigos tão falados de meu pai. Duvido que ele abandonará seus amigos para ficar naquele laboratório maldito, e logo mais irei invadir aquilo lá.
No fim de tarde decido me preparar, coloco em meu bolso dois grampos que a Luísa costuma usar em seus cabelos, um pen drive com um decodificador para acessar tudo e por fim o meu celular que além de cronometrar tudo irá desarmar os alarmes e senhas que eu aposto que deve ter aos montes.
Aguardo a chegada dos convidados e ajudo a Luísa arrumar à mesa na sala de estar. Logo após, sento-me na poltrona da sala de estar e aguardo os minutos passarem, até que outro devaneio invade a minha mente.
[...] -Acorde Alex, meu querido. -A voz doce era tão intensa que meus olhos se abriram fitando aquele belo sorriso em meio a lágrimas.
-Mamãe? -Minha voz estava tão arrastada que, por um segundo imaginei não ter dito nada.
-Meu amor, não se preocupe, sua febre já vai passar. A mamãe já volta com os remédios. - Seu beijo em minha testa era tão suave que ao sair a falta dele se tornou nítida. [...]
TIM DOM.... TIM DOM.... TIM DOM...
Saio do devaneio com o som da campainha tocando sem parar, e logo me recordo dos convidados a minha espera, eu me dirijo a porta e a abro.
-Sejam todos Bem Vindos, sou o Alex Dolevan, por favor entrem.
Após a minha breve e farsa simpatia quatro homens entram e tiram seus casacos sobrando apenas o rosto enrugado e a face rígida como uma pedra sem sequer alguma felicidade ou sentimento por estar ali.
Fecho a porta e os levo até a mesa na sala de estar, onde sentam à mesa e aguardam. Vou até a cozinha e faço a minha típica cara para Luísa, e pelo que eu vi ela entendeu muito bem o que eu queria dizer. Volto para a sala de estar e me sento, onde o silêncio é perpétuo até que ouço.
-Boa Noite! -Meu pai fala e todos os olhares andam em sua direção.
-Boa. -Respondemos em une-solo.
-Jorge, Jackson, Charles e Francis! Quanto tempo, não é mesmo? - Ele diz se sentando conosco.
-Pois é, recebemos um convite de seu filho, parece que ele queria que nós nos reuníssemos como nos velhos tempos. -Diz Charles.
-É, ele é bem teimoso, igual a mim no passado. -Meu pai fala rindo.
-Pois é, eu lembro e muito bem. -Francis diz acompanhando meu pai para a sala de jantar junto dos outros.
E assim se seguiu o jantar em plena nostalgia. Já estavam quase acabando e quando acabassem viria a sobremesa. Era agora ou nunca.
-Com licença. -Digo me levantando e colocando a mão sobre a minha barriga. -Eu estou com um pouco de azia, vou ao toalete me recompor e logo mais voltarei.
Todos acenam com a cabeça e me retiro da mesa com um sorriso enorme no rosto. Como a Luísa jantava na cozinha e eu tinha que passar por lá para chegar ao laboratório tive que pensar rápido assim que a avistei sentada.
-Luísa? Desculpa interromper e tudo mais, é que eu estou com azia, você teria algum remédio para mim? -Pergunto franzindo a testa.
-Claro só um minuto. -Ela vai até um armário retira o remédio e me dá.
-A propósito, meu pai pediu para você levar a sobremesa. E assim que levar diga a ele que você me deu o remédio da azia e que já voltarei a mesa. -Ela assente e se retira.
Eu continuo seguindo rumo ao laboratório até que me deparo com a primeira porta, toda de metal com senha e leitura digital. A verdade é mesmo engraçada, afinal para descobrir ela vou ter que passar por uma porta. Isso parece até um ditado, o destino está brincando comigo, só pode.
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Paradoxo
Ficción GeneralO tempo é uma coisa perigosa, uma coisa pela qual não sabemos lidar, mas ele terá que aceitar que é o único que pode mudar isso. Aquele que caça pela necessidade, mata pelo desespero e luta para voltar, é o único que sobrevive ao Paradoxo Temporal e...