Eu estava a mais de trinta minutos trancado e algemado naquela sala. O navio estava se locomovendo a todo vapor, o que me fez pensar o quão longe seria o trajeto que eu estava prestes a fazer. Eu ouço a porta ser destrancada e aberta, expondo o líder de equipe que havia me abordado.
Ele entrou na sala e ficou de frente para mim por alguns segundos, até se sentar a minha frente e me encarar severamente.
-Você já deve estar ciente de quem eu sou, e que você possui apenas duas saídas. A morte ou a angústia do viver. -Ele disse firmemente.
Eu encostei os meus antebraços sobre a mesa e olhei fixamente em seus olhos, e comecei a retirar calmamente o meu capuz e a minha máscara, dando a mostra o sorriso divertido que surgia em meus lábios. E antes que eu falasse qualquer coisa, eu limpei com a parte de cima da luva da minha mão direita o meu nariz que ainda continha um pouco de sangue.
-Sabe comandante, o peso das palavras depende da boca de quem às pronúncia, e sinceramente a sua pronúncia significa um mero nada para mim. O que é bem triste, considerando essa pose de Alfa que você mantém. -Eu disse a ele sorrindo.
-Você é bem corajoso ao dizer isso! Eu poderia lhe matar agora, em apenas alguns segundos. -Ele articula sorrindo sarcasticamente.
-Mas não vai, não é? -Eu lhe pergunto.
-Não, eu não vou. E acho que você já deve saber o por que.
-Na verdade não. Eu gostaria que você me falasse. -Eu o provoco
-Sabe, em todas as vezes em que eu matei, torturei e encarceirei os Hunters, eu nunca tinha visto antes, algum deles usar a cor azul marinho em seu traje. -Ele disse se referindo ao meu capuz, a minha máscara e principalmente a minha calça jeans.
-Deixe-me adivinhar, com essa sua observação sobre a minha roupa deve ter deduzido que eu não era apenas um simples Hunter, afinal o Lorde impiedoso que é o Scroll, como costumam dizer, não permitiria isso nem sobre o seu próprio cadáver. -Eu disse.
-Exatamente. -Ele disse convicto de si.
-Você não está errado Comandante! Eu sou mesmo importante, tanto que eu irei sair daqui vivo e sem sequer ter alguma angústia ou dor.
-Você só pode estar delirando. Você jamais escapará. -Ele disse sorrindo.
-Tem certeza comandante? Afinal você não me conhece direito.
-Absoluta, tanto que lhe concedi o prazer de escolher o seu destino. Você terá que optar em me responder por bem ou por mal. -Ele disse como se desse as cartas do jogo que estava prestes a entrar.
-Ok, eu já escolhi. Mas antes me diga o seu nome? -Eu lhe perguntei com um tom sereno.
-É Charlie. -Ele me respondeu seco.
-É um imenso prazer Charlie. -Eu disse sorrindo divertido.
-Você não vai me dizer o seu nome? -Ele me perguntou ainda sério.
-O meu nome não possui relevância alguma. -Eu o repondi pairando o ar com mistério.
-Eu não estou entendendo!
-É simples meu caro Charlie, eu escolhi não falar, nem por bem e nem por mal. Afinal se você tentar forçar por mal, só tenho uma coisa a te dizer antes.
-E o que seria? -Ele me pergunta curioso.
-Não existe mal que não tenha um lado bom! -Eu disse encostando as minhas costas na cadeira e colocando de volta a minha máscara e o meu capuz.
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Paradoxo
Narrativa generaleO tempo é uma coisa perigosa, uma coisa pela qual não sabemos lidar, mas ele terá que aceitar que é o único que pode mudar isso. Aquele que caça pela necessidade, mata pelo desespero e luta para voltar, é o único que sobrevive ao Paradoxo Temporal e...