Capítulo 3 - Um Drinque no Inferno

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  -Acho que já está na hora do meu amorzinho acordar! -Aquela voz doce nunca me cansa.

  -Eu gostaria mãe, mas estou cansado. Entende? -Pergunto tentando me mecher, pois meu corpo estava tão pesado como se fosse uma pedra.

  -Estou mandando Alex! ACORDEE AGORA!!

  Começo a abrir os olhos até que me vejo em repleta escuridão com uma dor de cabeça imensurável. Começo a me levantar aos poucos e percebo que aquele momento não havia passado de um mero sonho. Mas onde será que eu estou? Pego meu celular e tento captar sinal, mas tudo que obtive foram meras redes desconectadas ou inativas. Ligo minha lanterna pelo celular e começo a caminhar. Olho aos arredores e tudo o que avisto são matos e árvores. Com certeza eu estava em uma floresta. Como será que eu vim parar aqui? De repente começo a me lembrar dos acontecimentos anteriores, será que eu realmente estou em uma realidade alternativa ou isso não passa de um jogo do meu pai, para nunca mais me fazer entrar em seu laboratório? Estranhamente curioso, porque se for armação, com certeza é das boas.

  Decido seguir em linha reta, pois seja o que for que eu vá encontrar, com certeza será mais rápido se eu chegar lá mais cedo. Após uma caminhada de pelo menos quatro horas o dia estava começando clarear e infelizmente nada foi avistado, a não ser o mato. Pego meu celular e decido desliga-lo, afinal eu não estava com nenhum carregador. Continuo uma trilha até que eu avisto a poucos metros uma cidadezinha com uma única entrada e com muros aos arredores. Assim que começo a me aproximar mais, eu vejo que a entrada desta cidade possuía dois guardas mais parecidos como ladrões ou assassinos. Eles estavam vestindo praticamente tudo ao tom preto, sendo as calças jeans, a blusa, a bota, a toca e principalmente uma máscara tampando o nariz e a boca, deixando a vista apenas os olhos penetrantes que me encaravam como se pensassem em dez mil maneiras de como irão me matar.

  Logo me deparo com um deles colocando a mão sobre as costas e em seguida apontando uma arma em minha direção, parei de imediato de caminhar. Possuindo apenas uma distância de quinze passos entre nós, fez eu me tocar de que se eu corresse eu iria levar um tiro. Então eu simplesmente levantei as mãos e me ajoelhei na terra avermelhada que possua aquele lugar. O parceiro do homem que apontava a arma para mim veio em minha direção e simplesmente me deu um soco, eu cai maduro com o resto do meu corpo na terra, e mesmo com o meu nariz sangrando, tudo que eu conseguia pensar naquele momento era que aquela roupa eu teria que mandar para a lavanderia duas vezes e dizer a Tifany que foi um acidente e ver se ela realmente acreditaria. Afinal mesmo para uma atendente de lavanderia, ela foi minha amiga na infância e sempre soube que eu era limpinho. Volto-me a minha posição anterior e sou recebido com mais um soco, e por fim o último, pois tudo que eu vi depois dele foi uma repleta escuridão. Eu havia apagado totalmente, e acho que isso aconteceu devido ao fato de que eu não havia comido ou bebido nada e estava muito fraco.

  Acordo totalmente indignado com tudo, eu estava com um capuz todo preto em minha cabeça, e como se isso não bastasse minhas mãos e pés estavam totalmentes amarrados, e devo admitir bem amarrados mesmo, pois meu pulso chegava a latejar. Eu estava em algum tipo de veículo ou algo parecido, o tremor daquilo era insuportável, e aposto que era por causa da estrada coberta por terra. Por fim, se passou cerca de meia hora, e eu sabia disso por que eu havia contado cada segundo. O veículo parou. Ouvi portas sendo abertas e deduzi de cara que era um carro, para ser mais preciso, era parecido ao um jeep, pois seu step batia em minha nuca toda vez que o carro passava por algum buraco. Senti a porta ao meu lado ser aberta e alguém me puxou, me levando ao chão, e sem entender nada, comecei a ser arrastado pelo chão, e acredite aquilo era como se algo raspasse minha pele, como se quisesse arrancar - lá. Além do fato de que minha roupa estava imunda e com certeza lavar não seria mais uma opção, jogar fora bastaria.

  Logo sinto uma porta ser fechada, e ouço passos seguirem em minha direção, e por fim o capuz em minha cabeça é arrancado com rapidez, fazendo com que a luz daquele cômodo incomodasse gradativamente meus olhos, e por um instante pude jurar que a pessoa em minha frente era uma mulher, possuindo cabelos negros e sedosos, sendo possível ver o destaque de seu olhar. E assim que firmei meus olhos, acostumando-os com a luz, pude ter certeza que ela possuía um olho azul e outro castanho, mas precisamente um castanho escuro. Sendo que em seu rosto havia uma cicatriz perto do olho esquerdo, aparentemente o castanho. A cicatriz me parecia ter sido causada por uma faca, e foi ai então que eu soube. Eu não estava mais em casa, isso não era uma insenação, eu estava longe o suficiente para saber que aquela mulher queria algo de mim, e seja lá o que for, ela está disposta a ir além, com torturas e o que puder usar contra mim. Pois caso isso fosse ao contrário, eles já teriam me matado.

  Ela me encarava ferozmente, como se fosse me matar apenas com o olhar. Ela deu meia volta e seguiu até uma mesa encostada na parede direita do cômodo, aonde pegou uma faca aterrorizante de afiada e pontuda. E então ela disse:

  -Você tem apenas sete minutos para me dizer o que eu quero saber, e depois, talvez, apenas talvez eu decida virar uma boa samaritana te mostrando piedade ao te matar rápido. Sem dor.

  E assim que ela disse isso ela encostou a ponta da faca em meu joelho, e a subiu lentamente passando pelo meu corpo, e fazendo uma pausa em minha parte íntima até seguir o percurso e parar em meu tórax.

  Eu não precisava ser um gênio para saber que morreria de qualquer forma, mas se era para morrer eu iria morrer direito. Não ali, e muito menos naquele momento. Afinal já que estou no inferno mesmo. Um Drinque é tudo que eu posso pedir, apenas para começar. Porque sinceramente eu não iria morrer, não hoje.

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