Eu caminhava em direção a Amaru quando eu parei para pensar se eu estaria sendo justo. Por acaso eu estaria? Em meu ver, acredito que sim. Afinal eu arrisquei tudo por eles. Arrisquei tudo por meros piões, que em vez de serem sacrificados pelo bem maior, simplesmente residem a respirar pelo próprio bem. Eu realmente fui um tolo em acreditar que todos merecem a minha confiança, pois mesmo depois do que a Amaru fez comigo, mesmo depois do que os Hunters pensaram de mim, eu ainda arrisquei a minha pele por eles. Arrisquei a minha vida por eles. Arrisquei tudo por um grupo que nem sequer ligou se eu ainda estava vivo ou não. Apenas um deles, somente um, se certificou de que eu vivesse, e por incrível que pareça ele é um assassino.
Isso certamente chega a ser hilariante. Um assassino salvando a vida de alguém. Mas apesar disto, ele havia feito um contrato comigo. Então devo eu crer, que ele não obteve outra escolha se não esta. E é por exatamente tal acontecimento que eu devo mudar esse meu conceito de 'salvação'.
Mesmo com pensamentos duvidosos percorrendo a minha mente, eu decidi terminar o que eu havia começado. Afinal, se eu não pude conquistar a lealdade deles a ponto de de eu ter arriscado a minha vida, então eu vou conquistar o terror dentro deles por mim. Pois assim eles terão o mínimo de respeito e consideração em me salvar quando eu precisar, porque se não me salvarem eles que precisaram ser salvos.
Ainda perante o corredor, eu comecei a caminhar em direção a sala em que a Amaru estava. Quando eu entrei na sala eu notei que ela havia chutado e socado o vidro do compartimento que a trancava, pois suas mãos e pernas possuíam além de uma vermelhidão iminente, o sangue dos machucados feitos pelas pancadas escorrendo perante o seu corpo.
-Sabe, não adianta desperdiçar os seus esforços nisto. Esse vidro é composto pelo mesmo componente de uma blindagem. Além do fato de que a grossura que ele possuí é impenetrável, a menos que eu digite a minha senha e te solte daí. -Eu disse caminhando até ficar bem próximo do vidro. -Mas nós dois sabemos que isso não vai acontecer tão cedo.
-O que é que você vai fazer comigo seu idiota? -Ela me perguntou furiosa.
-Fico feliz por você estar empolgada. -Eu disse me direcionando ao cilindro que estava interligado a câmara em que ela estava.
Assim que eu apertei o botão azul no cilindro, um gás começou a entrar dentro da câmara aonde a Amaru estava. Quando ela percebeu o gás emanando vagarosamente na câmara ela prendeu a respiração e disse.
-O que é isso?
-Isto? -Eu disse apontando para a fumaça que emanava dentro daquela câmara. -É uma fumaça tóxica, composta por um terço de oregano e algumas folhas da árvore afrodisíaca. Como você já deve saber a planta oregano tem o veneno mais tóxico e letal existente nesta região, porém como eu não queria lhe matar, usei apenas um terço, combinada com algumas folhas da árvore afrodisíaca, que como eu presumo que você não saiba, ela causa efeitos mórbidos nas pessoas.
-Mas, o quê?
-Ela simplesmente vai te impossibilitar de ter futuros filhos, enquanto a planta oregano vai acabar com os seus componentes celulares mais requisitados, como exemplo acabar com a cor do seu cabelo, que agora é preto, porém ficará totalmente branco permanentemente. -Eu disse me virando, porém eu parei por um momento e de costas e continuei. -Quase eu me esqueço, não meça os seus esforços com isto. Afinal você não vai conseguir prender a respiração para sempre.
Depois que eu disse isso, eu voltei a caminhar, me retirando totalmente da sala. Logo após o meu retiro, enquanto eu caminhava pelo corredor, acabou sendo possível ouvir os gritos da Amaru de dor, afinal eu não havia dito que inalar aquilo faria todo o sistema nervoso dela entrar em puro colapso e desordem, causando dores nas articulações, como os joelhos e os braços. Sendo essa dor, a de como se você estivesse arrancando um membro do corpo para fora, sem anestésico algum.
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Paradoxo
Ficción GeneralO tempo é uma coisa perigosa, uma coisa pela qual não sabemos lidar, mas ele terá que aceitar que é o único que pode mudar isso. Aquele que caça pela necessidade, mata pelo desespero e luta para voltar, é o único que sobrevive ao Paradoxo Temporal e...