Enquanto os alarmes tocavam, e eu prendia a respiração, o Francisco e os outros ficaram imóveis sem saber o que fazer. Assim que se passaram alguns segundos aconteceu um blecaute total. E foi ai que eu soube que era a minha deixa, pois eu sabia que o oxigênio havia sido cortado, e como estavamos no subsolo, eu só teria dois minutos para me soltar e cinco para sair dali. Me recordo até hoje o dia em que eu quebrei dois dedos da minha mão direita e um da esquerda ao socar um menino no quinto ano compulsivamente, pelo simples fato de ele xingar minha mãe de bêbada. Não seria tão difícil quebrar-los novamente.
Assim que eu quebro os meus dedos, eu sinto a dor estremecer. Jogo as algemas no chão e vejo que os Hunters e o Francisco estavam inconscientes, eu acho que eles não esperavam por essa. Me levanto da cadeira e empurro meus dedos de volta para o lugar em apenas um estalo. Vou até o Francisco e busco em seu paletó algum cartão de identificação que possua uma senha escrita.
Abro a porta e vou para o segundo andar, aonde eu tenho quase certeza de que meu celular está lá, pois quando eu usei o elevador, observei os botões, e do segundo andar informava catálogos de evidências. Começo a subir as escadas e vejo que eu tenho apenas mais três minutos. O que obviamente me fez pensar que seria praticamente impossível de eu conseguir escapar. Chego ao segundo andar, entro em todas as salas até eu encontrar os meus pertences. Pego meu pen drive, meu relógio de pulso, meu celular e os grampos de Luísa. Penso um pouco sobre o que fazer, pois eu tenho apenas um minuto para me decidir ou iria acabar ficando inconsciente. Volto para as escadas correndo e me direciono ao terceiro andar e me escondo em uma das salas. E a que eu escolhi era um quarto com várias beliches. Pego o meu celular e digito o código liberando o sistema.
O oxigênio volta de imediato, o que me deixou aliviado. O lado bom é que ninguém morreu, afinal eles apagarão após dois minutos sem oxigênio, o que significava que se tivessem ficado mais do que cinco minutos, estariam com sérios problemas.
Começo a observar com mais atenção ao meu redor, e vejo que a sala em que eu estava era na verdade um quarto, mais especificamente o alojamento dos Hunters. Vejo que havia ao lado de todas as beliches criados-mudo. Caminho em direção a um e o abro. Nele eu encontro as roupas dos Hunters e logo ao lado, as botas. Visto as roupas e calço as botas. Pego um capuz e uma máscara, dando a mostra apenas os meus olhos.
Permaneço no quarto por mais alguns minutos até que eu decido pegar o meu celular e ver os dados do sistema em eu havia invadido. O sistema deles realmente não possui um farewell bom. Começo a vasculhar o sistema deles até que eu encontro um arquivo confidencial, nele possui operações secretas realizadas, para obter posse de territórios e objetos. Opa.. aqui diz que a mandante que eles estão caçando, por ordenar espiões para sabotar e ameaçar pela obtenção do poder é.. Não pode ser... Marta! O mesmo nome da minha mãe. Mas não poderia ser ela, não mesmo. Ela morreu, e até parece que ela iria querer ver tantas pessoas mortas e pelo quê? Poder?. Isso não faz o menor sentido. O resto do arquivo estava totalmente em branco. E a única outra pista sobre o resto das informações, estava direto na fonte. O servidor na sala do Lorde, que pelo o que ali mostrava era no sexto andar.
Parece que antes de eu sair daqui eu vou ter que dar uma passadinha lá. O que não deixa de ser irônico, porque quanto mais eu vou atrás da verdade mais me enterro, já estou no subsolo mesmo.
Saio da sala e vou em direção ao elevador, aonde eu digito o código que encontrei no paletó de Francisco para abrir as portas. Entro no elevador, e como um reflexo digito o sexto andar. Porém o elevador fez uma parada ao quinto andar, abrindo as portas para vários outros Hunters que apertaram andares acima do sexto. Eu não sabia o que fazer quando o elevador parou no sexto andar, então eu simplesmente ignorei eles e comecei a andar, afinal até parece que só aquele tal de Francisco possuía o acesso.
-Ei amigo! O que você pensa que está fazendo? Só o Senhor Francisco tem o acesso a esse andar. -Um dos Hunters segurou o elevador após dizer isso.
-Pois é, mas eu fui escolhido pelo próprio para revistar esse andar. Temos um fugitivo que possui informações importantes! -Admito que na maioria das vezes eu estou errado, pois somente o Francisco possuía acesso a aquele andar.
-Hum... ok então. -Ele diz soltando o batente do elevador que logo começou a se fechar.
Assim que o elevador se fecha por completo, suspiro e volto a andar. Procuro entre o corredor extenso a minha espera, a sala do grande Lorde. Afinal eu imaginava que a sala dele fosse possuir um L enorme na porta. Como se ele não tivesse ego o suficiente, com todos sempre o chamando de líder, soberano e dono da razão. Isso chega a se tornar um cliché.
Quando dou por mim, eu já havia passado por treze salas, e nenhuma delas era a que eu procurava. Assim que me deparei com a sala dezoito e a abri, fiquei totalmente imóvel com o que eu estava vendo. Não era à sala do Lorde, e sim uma sala de planejamento. Havia um quadro negro à minha frente, nele havia linhas das cores vermelha, azul e amarela, que se ligavam a fatos decorrentes, pelo que eu pude perceber. Fotos estavam espalhadas em cima de uma escrivaninha ao lado do quadro.
Entro na sala, fecho a porta e começo a analisar o quadro pedaço por pedaço. Vou em direção às fotos e assim que eu passo pela quarta foto, sinto uma pontada em meu coração. Sim era ela! Minha mãe, minha doce mãe! Mas ela estava morta, eu não consigo entender. E antes que eu pudesse pensar, escuto a porta da sala ser aberta, me viro de imediato e vejo o Francisco me encarar por um segundo e no outro atirar em mim com o que parecia ser um tranquilizante. Assim que eu caio, o ouço dizer.
-Tenha bons sonhos Alex! Porque eu tive.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Paradoxo
General FictionO tempo é uma coisa perigosa, uma coisa pela qual não sabemos lidar, mas ele terá que aceitar que é o único que pode mudar isso. Aquele que caça pela necessidade, mata pelo desespero e luta para voltar, é o único que sobrevive ao Paradoxo Temporal e...